Uma das obras de Aleijadinho. Foto: Prefeitura de Congonhas (MG)
No ano em que o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, Minas Gerais, comemora 30 anos de inscrição na Lista do Patrimônio Mundial, a cidade ganhará um museu. O novo espaço vai contar a história e detalhar uma das principais obras-primas do barroco brasileiro, destino de peregrinação religiosa no país. O museu oferecerá ao visitante elementos para qualificar a vivência e a compreensão do acervo artístico e do fenômeno religioso que ali ocorre há mais de dois séculos.
O Museu de Congonhas – Centro de Referência do Barroco e Estudos da Pedra – é resultado de uma parceria da UNESCO, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão ligado ao governo federal, e da prefeitura de Congonhas. Em fase de acabamento, é vizinho ao santuário.
A UNESCO responde tanto pelo projeto museológico quanto pelo projeto arquitetônico, bem como auxilia a prefeitura de Congonhas na obra de edificação. A gestão, quando o museu for inaugurado, será feita pela prefeitura e pelo Iphan.
O presidente da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo de Congonhas (Fumcult), Sérgio Rodrigo Reis, entende que o museu preencherá uma lacuna ao disponibilizar informações históricas e artísticas. Ele aposta que o novo espaço atrairá turistas. “Hoje as pessoas passam pela cidade, ficam uma hora e vão embora. Agora pode ser que fiquem mais tempo. O museu chega para colocar uma lupa e potencializar esse rico acervo que Congonhas tem”, diz Sérgio.
O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos é uma obra de arte a céu aberto. Incluído na Lista do Patrimônio Mundial em 1985, abriga a maior coleção de esculturas do artista brasileiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho – principal nome da arte colonial, morto em 1814. São 12 apóstolos do Antigo Testamento e 64 peças dos Passos da Paixão de Cristo. O conjunto arquitetônico do santuário foi feito ao longo de mais de um século. Começou pela igreja, construída a partir de 1757, e inclui: o adro (pátio externo); a escadaria, onde estão os famosos Profetas de Aleijadinho; e seis capelas, a última delas concluída em 1875.
Quem visitar o Museu de Congonhas poderá se informar mais sobre os outros artistas que trabalharam ao lado de Aleijadinho, bem como as técnicas empregadas na época; conhecer a origem da devoção ao Bom Jesus, trazida ao Brasil pelo minerador português Feliciano Mendes, como pagamento de promessa pela cura de uma doença; percorrer a trajetória de preservação do santuário, que foi tombado pelo governo brasileiro já em 1939. E se encantar com um rico acervo de 344 obras de arte, composto por ex-votos e santos de casa, adquiridos especialmente para o novo museu.
Distintos recursos expográficos serão explorados para oferecer as melhores condições de fruição pelo público heterogêneo que se espera alcançar, dentre outros, estudantes, romeiros e especialistas em arte. Vídeos produzidos especialmente para o museu serão exibidos ao lado de maquetes, vitrines de ferramentas, exposições, descrições, interpretações, ações de educação patrimonial e/ou por outros meios que criem condições favoráveis de fruição do público.
Além do trabalho de concepção e coordenação do museu, a UNESCO desenvolveu algumas ações com vistas à preservação das esculturas em pedra-sabão de Aleijadinho. Com uso de tecnologia de ponta, as 12 estátuas dos profetas foram digitalizadas em 3D. As cópias digitais permitirão a visualização dos profetas em meio digital na própria exposição; o uso na preservação e no restauro das obras; e, principalmente, o monitoramento do estado de conservação das peças frente ao tempo. Adicionalmente, cópias em gesso de dois profetas também foram feitas, para fins de segurança. As demais serão produzidas como atividades do museu já em funcionamento.
Fonte original da notícia:
ONU BR
DEFENDER
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