Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém. Foto: Jorge Láscar (CC BY 2.0)
No marco dos preparativos da viagem do Papa Francisco à Terra Santa, de 24 a 26 de maio deste ano, o vaticanista Sandro Magister apresentou uma análise da situação atual dos cristãos na região, que atualmente somam entre 10 e 13 milhões em uma área de 550 milhões habitantes.
Em um post intitulado “O que fica dos cristãos do Oriente”, em seu blog Chiesa, Sandro Magister recordou que “quando, há meio século, Paulo VI viajou a Jerusalém – primeiro Papa na história em fazer esta viagem – os lugares Santos da cidade estavam quase todos dentro dos limites do reino da Jordânia, assim como a grande parte da Judeia e do Vale do Jordão”.
“Os cristãos eram numerosos e em alguns lugares, como Belém, estavam em nítida maioria. Na mente de muitos católicos do Ocidente – como o prefeito de Florência, Giorgio la Pira, hoje em caminho aos altares – brilhava a utopia de uma próxima paz messiânica que irmanaria a cristãos, judeus e árabes”.
Entretanto, lamentou o vaticanista, “hoje não existe mais esse clima”.
“A geopolítica do Oriente Médio mudou completamente: não há paz entre israelitas e palestinos, o Líbano foi esmigalhado por uma guerra civil, Síria está paralisada, Iraque está devastado, Egito explora e milhões de prófugos fogem de uma região a outra”.
Magister citou logo um artigo do jornalista Giorgio Bernardelli, especialista em temas da Terra Santa e Oriente Médio, no qual analisa a situação de coptos, grego-ortodoxos, melquitas, sírios, maronitas, caldeus, armênios e católicos de rito latino na região, onde os cristãos somam cerca de 2 por cento da população.
Bernardelli assinalou que os coptos “são hoje a comunidade cristã mais numerosa no Oriente Médio”, e a esta comunidade pertencem cerca de 90 por cento dos cristãos no Egito.
Nos últimos anos, de acordo com o Washington Institute for Near East Policy, desde a queda do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, cerca de 100 mil cristãos fugiram do Egito.
Por sua parte, os grego-ortodoxos no Oriente Médio, explicou Giorgio Bernardelli, “encontram-se até agora sob a jurisdição de dois Patriarcados distintos entre si: o de Jerusalém – guiado atualmente pelo patriarca Teófilo III -, que conta com cerca de 500.000 fiéis e é a comunidade cristã mais densa em Israel, na Palestina e na Jordânia; e o grego-ortodoxo de Antioquia, que tem a sua sede em Damasco e está sendo guiado há poucos meses pelo patriarca João X Yazigi, irmão de um dos dois bispos sequestrados em Aleppo".
Bernardelli indicou que “estima-se que a este segundo Patriarcado pertencem aproximadamente 2 milhões de fiéis, mas incluindo, além das comunidades da Síria, as comunidades ortodoxas do Líbano, da Turquia e do Iraque e, sobretudo, os emigrados da diáspora, presentes em números muito significativos nos Estados Unidos, na América Latina, na Austrália e na Europa ocidental”.
Os melquitas, em plena comunhão com Roma, de acordo com o Anuário Pontifício, somam quase 1,6 milhões de fiéis, mas destes só 750 mil vivem ainda no Oriente Médio. Um número similar, indicou, vive na América Latina.
Com respeito à Igreja siro-ortodoxa, mais de 5 milhões vivem na Índia, enquanto que um milhão vive no Oriente Médio ou na diáspora.
Por sua parte, os católicos sírios somam 140 mil, e vivem na Síria e Iraque, sob a guia do Patriarca Ignacio José III Younan.
Os maronitas, o grupo cristão maioritário no Líbano, de acordo com o Anuário Pontifício tem pouco menos de 1,6 milhões de fiéis, em um país de 4 milhões de habitantes.
Entretanto, devido à guerra civil vivida na região, indicou Bernardelli, “hoje pelo menos a metade dos 3,5 milhões de maronitas vivem longe do Oriente Médio, com o grupo mais consistente na América Latina: mais de 1,3 milhões”.
Os caldeus, uma Igreja católica de rito oriental, em comunhão com Roma desde 1553, conta com 400 mil fiéis que vivem entre o Iraque e a diáspora.
No caso dos armênios ortodoxos, no Líbano somam 150 mil fiéis, enquanto que na Síria estão presentes outros 100 mil, e no Irã vivem entre 80 e 100 mil.
Existe, além disso, aponta Bernardelli, “uma Igreja de rito armênio em comunhão com Roma, guiada pelo patriarca armênio de Cilicia, Nerses Bedros XIX Tarmouni, com sede em Beirute. Esta comunidade conta no mundo com aproximadamente 540.000 fiéis, porém, menos de 60.000 vivem hoje no Meio Oriente”.
A comunidade católica de rito latino é pequena, indicou o jornalista, e “conta atualmente em toda a região com aproximadamente 235.000 fiéis, quer dizer, apenas 7% entre os cristãos em comunhão com Roma”.
Como um fenômeno diferente, Bernardelli assinalou o “dos imigrantes cristãos que chegaram nestes últimos anos a milhões no Oriente Médio, impulsionados pelas novas rotas do mercado global do trabalho”, desde Filipinas, Índia, Tailândia, Romênia e Nigéria.
Com respeito à situação dos cristãos no Oriente Médio, o Secretário de Estado do Vaticano, Dom Pietro Parolin, assegurou em uma recente entrevista com o jornal italiano Avvenire que “é uma das grandes preocupações da Igreja, sobre a qual ela não cessa de sensibilizar àqueles que têm responsabilidades políticas, porque se trata da convivência pacífica nessa região e no mundo inteiro”.
"Este é também um âmbito de particular relevância a nível ecumênico, dado que os cristãos podem procurar e encontrar caminhos comuns para ajudar os irmãos na fé que sofrem em várias partes do mundo”, assegurou.
Para ver o artigo completo de Sandro Magister, pode ingressar em: http://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/1350714?sp=y
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