terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Afrescos da Capela do Palácio Papal, em Avignon, recuperam seu esplendor

Avignon (RV) – Os afrescos da Capela de São Marçal, do Palácio dos Papas, em Avignon, França, vão mostrar novamente o seu esplendor em julho próximo, após 10 anos de restauração. As visitas, no entanto, só voltarão a acontecer na primavera de 2015.

As pinturas do Oratório, realizadas pelo artista italiano Matteo Giovanetti entre 1344 e 1346 a pedido do Papa Clemente VI, destacam-se pelo realismo, pelo requinte dos detalhes e pelos jogos de perspectivas entre a arquitetura da capela e das construções pintadas”.

“Os afrescos foram muito bem executados no século XIV e a maior parte da obra conservou-se bem, porém, havia zonas onde as pinturas estavam se soltando da parede ou estavam formando bolhas”, explicou a responsável pela restauração do Palácio Papal, Dominique Vingtain.

Uma equipe de restauradores italianos, experts em pintura medieval, trabalham desde fevereiro de 2013 para devolver o esplendor a uma obra distante dos olhos do público há uma década. Anteriormente, os afrescos já haviam sido restaurados em 1906 e em 1960, com retoques posteriores de menor envergadura.

Os afrescos da Capela de São Marçal refletem a maturidade criativa de Giovanetti, que recebeu o convite para pintá-los quando tinha 40 anos. Ele plasmou na obra seu gosto pelas cores vivas e a profusão decorativa, buscando uma dar uma expressividade nos rostos dos personagens.
Além do valor artístico, o Oratório tem uma importância histórica, pois foi a pedido de Clemente IV que foi realizada a representação da vida de São Marçal, enviado por São Pedro para evangelizar o sudoestes da França. “A bem da verdade – explicou Vingtain – o Papa Clemente desejava fazer uma paralelismo e demonstrar que seu papado era legítimo, já que havia sido destinado a Avignon com esta missão, como o foi São Marçal”.

Avignon foi sede papal e portanto, capital do cristianismo entre 1309 e 1403, quando, diante da insegurança em Roma, a cidade no sudoeste da França acolheu nove pontífices, sendo os dois últimos após o cisma, quando a sede oficial da Igreja havia retornado a Roma.

Clemente VI, eleito em 1342, quis ampliar e redecorar a Residência de Avignon, um exemplo único de arquitetura palaciana medieval, e considerada pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade.
O fato de que São Marçal tenha sido o escolhido para ser o protagonista dos afrescos, representou um desafio para Giovanetti, pois não existia uma tradição iconográfica de referência e não existiam na França obras plásticas que explicassem a vida do santo.

O pintor italiano então, realizou sua obra inspirado nos livros de Adhémar de Chabannes e Bernard Gui, seguindo uma ordem cronológica através de uma espiral descendente que percorre as paredes da capela. Giovanetti também decorou outras salas, como a Capela de São João.

Sete séculos depois, o Oratório está na última fase de restauração e a equipe trabalha agora para encontrar uma fórmula que proteja as pinturas quando os visitantes chegarem. O aumento da temperatura ambiente e da umidade, devido à transpiração dos corpos dos visitantes e o contato dos turistas com as paredes, podem provocar danos nos afrescos. (JE)

Fonte: Rádio Vaticana

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