Conhecida como Sé de Mariana, a Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção passou por reformas durante quase sete anos; templo foi construído no século XVIII
A única das sete catedrais brasileiras construídas no período colonial, e que preserva as características da época, está prestes de ser reinaugurada em Mariana, na região Central de Minas, após um longo período de restauração. Uma série de programação está prevista para acontecer na Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção a partir desta quinta-feira (15). A reabertura do templo é apontada como um “presente” para a cidade histórica.
A catedral permanece com as características originais do século XVIII e passou pelo processo de restauração após ter sido contemplada, em 2016, com recursos do Plano de Ação das Cidades Históricas e com contratos firmados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Nos quase sete anos de obras, ocorreram restaurações dos elementos artísticos, além de reparos nas estruturas elétricas e hidráulicas.
“Conhecida como Sé de Mariana, a catedral é um dos mais importantes monumentos religiosos e artísticos do século XVIII e pertence a mais antiga Diocese do interior brasilero. Dentre as sete catedrais erguidas no Brasil Colônia é a única que mantêm traços originais”, afirma Débora do Nascimento França, arquiteta e urbanista superintendente do Iphan Minas.
As demais catedrais de exemplar eclesitástico a de Mariana já se perderam ou foram modificadas com o passar do tempo. As de Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) foram demolidas, enquanto as de Olinda (PE), São Luís (MA) e Belém (PA) passaram por grandes transformações arquitetônicas que alteraram as estruturas originais.
O custo da obra ficou em torno de R$ 10.600.000,00 e contemplou desde a elaboração do projeto até a execução de todos os serviços. “Foram demandados 80 profissionais ao longo de todo o processo. Profissionais altamente qualificados e de diversas áreas: arquitetura, história, conservação e restauração, sem falar de engenheiros e arqueólogos”, pontua Débora.
O Iphan foi, conforme destaca a superintendente, “fundamental” para a restauração já que a autarquia federal, vinculada à Secretaria de Cultura e ao Ministério do Turismo, ficou responsável pelos contratos, fiscalização dos projetos e execução das obras.
“Após quase sete anos, esse inestimável bem retorna aos braços da população. Todo o trabalho visou o bem para a população. Estamos muito felizes de poder entregar para o povo de Mariana a catedral tão linda e tão única totalmente restaurada”.
A restauração da Sé de Mariana é classificada como um “presente” por Ana de Grammont, coordenadora do PAC das Cidades Históricas na Prefeitura de Mariana. “A população está há sete anos sem poder entrar na igreja e o momento de reabertura é muito importante para também movimentar o turismo local, além das celebrações serem retomadas”, diz.
Na visão de Ana, a relação existente entre os moradores da cidade com a catedral fez com que o templo religioso não tivesse o mesmo fim que as demais estruturas construídas no Brasil Colônia. “Os principais fatores que ajudam a explicar o motivo do templo permanecer são afetividade e religiosidade. A forma como o povo de Mariana acolhe e cuida da catedral é diferente”.
FIÉIS ANSIOSOS
A reabertura da Catedral de Basílica de Nossa Senhora da Assunção é aguardada ansiosamente pelos fiéis, como destaca o padre Geraldo Dias Buziani, pároco da paróquia. “Durante todo o período de obras as atividades celebrativas aconteceram no Santuário de Nossa Senhora do Carmo. A comunidade acompanhou a evolução das obras e, agora, é um momento de alegria pela reabertura do templo”.
A catedral tem importância muito grande para a comunidade católica da cidade, já que é a igreja matriz. “Esse templo religioso tem uma centralidade não só geográfica na cidade, mas também na vida espiritual dos fiéis por ser a igreja matriz, a igreja mãe da Arquidiocese de Mariana. Poder voltar a celebrar na catedral é um momento de grande contentamento”, alega.
Para o religioso não havia tempo mais propício para a entrega das obras, visto que a Igreja Católica se prepara para celebrar o tempo do Natal, momento de recordar o nascimento de Jesus Cristo. “A conclusão dos trabalhos coincidiu com o período natalino, o Advento, e estaremos entrando na casa do Senhor, novamente. É uma dupla alegria: pela solenidade do Natal e pela comunidade poder celebrar sua fé na catedral”.
A emoção vai tomar conta da professora aposentada Suely Magalhães, de 69 anos, ao retornar à catedral. Ela conta que o templo é local de várias memórias afetivas familiares, já que desde os 12 anos de idade ela frequenta o espaço. “É lá que minha história de fé se concretizou, se consagrou e se fortaleceu”, afirma.
Atuante na paróquia participando do Ministério de Música, da Catequese e da Pastoral Familiar, Suely segue os ensinamentos da mãe que por anos serviu como Ministra da Eucaristia. “Durante o período das obras, minha mãe descobriu um câncer e durante todo o tratamento ela perguntava quando poderia entrar novamente na catedral”. A mãe de Suely faleceu há cinco anos e a filha afirma que lembrará dela ao retornar ao templo.
“Além da minha alegria, quando entrar na catedral será como se estivesse fazendo uma homenagem para minha mãe. A catedral é a história viva da minha família".
PROGRAMAÇÃO
A entrega da obra de restauração da Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção será marcada pela realização de atos civis e religiosos. “Nesta quinta-feira, às 17h, o Iphan realizará a entrega da obra para a Arquidiocese de Mariana. Neste período a igreja permanecerá fechada até o dia 23 de dezembro”, conta o padre Geraldo.
Os atos celebrativos religiosos serão retomados às vésperas do Natal do Senhor. Uma missa será presidida pelo arcebispo Dom Airton José dos Santos, arcebispo metropolitano de Mariana, no Santuário de Nossa Senhora do Carmo, seguida da procissão com a imagem de Nossa Senhora da Assunção até a Catedral Basílica Metropolitana de Mariana.
A entrada dos fiéis na catedral restaurada será a partir das 20h30 com bênção, homenagens e canto solene de Ação de Graças. Já às 22h está marcado para acontecer a apresentação do Quinteto Minas na praça da Sé. A Missa Solene do Natal do Senhor, no dia 24 de dezembro, às 22h, será a primeira celebração na Catedral Basílica Metropolitana de Mariana, com a presença de todas as pastorais, movimentos e irmandades da paróquia.
Fonte: O TEMPO
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