sexta-feira, 22 de março de 2019

Monsenhor Marco Frisina conduz congresso sobre música sacra em São Paulo

Por Nayá Fernandes
 

Na noite do sábado, 16, congressistas e convidados participam de um concerto de música sacra, sob regência do Monsenhor Marco Frisina


Luciney Martins/O SÃO PAULO


Monsenhor Marco Frisina, italiano, compositor e maestro de música sacra, conhecido internacionalmente, está no Brasil entre os dias 8 e 23 e passará pela Capital Paulista e as cidades de Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Aparecida (SP), para uma programação que inclui conferências, concertos e celebrações.

Organizado pelo Pateo do Collegio, pela Schola Cantorum e pelo Coro da Arquidiocese de Campinas (SP), o Congresso de Música Sacra aconteceu entre os dias 15 e 17, no Colégio São Luís, na Avenida Paulista, e reuniu cerca de 600 participantes de diferentes lugares do Brasil e também de outras nacionalidades.

Na noite de sábado, 16, os participantes puderam acompanhar um concerto de música sacra e, no domingo, participaram da missa conclusiva presidida pelo Padre Alberto Contieri, Reitor do Colégio São Luís e do Pateo do Collegio.



IGREJA, CORPO DE CRISTO

Em suas conferências, Monsenhor Frisina falou sobre temas como a oração dos salmos, cantados pelos hebreus e incorporados à tradição cristã; a diferença entre música sacra e música litúrgica e a tradição dos cantos gregorianos.

“Qual a diferença entre a liturgia do templo e a liturgia cristã? Lembram-se de quando Jesus encontra a samaritana no templo? Este será o vosso culto espiritual. Por isso, Jesus diz que devemos rezar em espírito e em verdade. É Deus que nos salva, não nossas iniciativas”, recordou o Monsenhor em uma de suas conferências.

Sobre a dimensão da Igreja, corpo de Cristo, na celebração eucarística, o Monsenhor explicou que, pelo Batismo, o cristão passa a ser parte desse corpo. “Nós rezamos como se fôssemos Jesus, por isso dizemos as palavras que Ele disse e rezamos com a oração de Jesus. Nós temos em nós a potência de Cristo, ou seja, o amor de Cristo vivo em nós e o poder de Deus, porque o amor é onipotente.”

“Na missa, realizamos aquilo que somos, ou seja, assumimos a identidade de filhos de Deus e, então, tornamo-nos sempre mais corpo de Cristo. Este corpo, a Igreja, é o lugar em que Deus entra em relação com o mundo, porque o corpo é um lugar físico em que entramos em diálogo com o mundo”, explicou o Monsenhor.



CRISTO CANTA E PREGA EM NÓS

“O corpo é um instrumento de relação. Não se pode amar sem corpo. Por isso, Jesus teve um corpo, para amar até o fim. Nós somos Deus que entra em relação com o mundo, porque somos corpo de Deus ressuscitado. Esse é o mistério de Deus na Eucaristia. Esta é a relação entre Deus e o mundo”, disse o Monsenhor Marco Frisina.

Ele salientou que para a música litúrgica alcançar seu objetivo, a assembleia e os membros do coro devem ter consciência deste mistério. “Quando cantamos na liturgia, não estamos fazendo um espetáculo, mas exprimindo aquilo que somos. Cristo canta e prega em nós e estamos junto Dele como aqueles que cantam. Por isso, não se pode cantar qualquer coisa.”

“Na liturgia, escolhemos os salmos aptos para cada tempo litúrgico e pregamos com os salmos. Exprimimos em canto nossa experiência de Deus, que se torna experiência concreta de Deus em nós. Quando Paulo diz: ‘Não sou mais eu que vivo, mas Cristo que vive em mim’, é porque o cristão faz da sua vida um canto de honra a Deus”, continuou o Sacerdote.

“Cantar não significa nunca se exibir ou embelezar a liturgia com o nosso canto; significa, em vez disso, testemunhar com tudo de si a nossa fé e o nosso amor. A música eleva os corações e nos une aos nossos irmãos, fazendo-os experimentar o milagre da comunhão”, disse o Monsenhor.



FORMAÇÃO E ESPIRITUALIDADE

Danillo e Rita Del Chiaro, maestros do Coro da Paróquia Nossa Senhora do Brasil e do Coral Del Chiaro, participaram do Congresso junto com os coralistas da Paróquia. “A experiência com Monsenhor Frisina foi algo muito tocante e profundo. Além de um compositor extremamente competente e talentoso, conhecemos o Frisina sacerdote, exercendo seu ministério”, disse Rita, em entrevista à reportagem.

Danillo e Rita já conheciam a linha de trabalho do Monsenhor Frisina e utilizavam suas composições e, por isso, afirmaram que os coralistas sentiram bastante familiaridade com as músicas apresentadas durante o Congresso.

“A formação que este grande e experiente maestro nos forneceu foi sobretudo espiritual. Quanto mais estudamos, percebemos o quanto a liturgia católica e a música litúrgica têm uma riqueza inesgotável”, afirmou Rita.



BIOGRAFIA

Nascido em Roma, em 1954, Marco Frisina diplomou-se em Composição no Conservatorio di Santa Cecilia. Depois de ter completado os estudos teológicos,especializou-se em Sagrada Escritura no Pontifício Instituto Bíblico. Ordenado sacerdote em 1982, desde então exerce o seu ministério na Diocese de Roma. É presidente da Comissão Diocesana para a Arte Sacra e os Bens Culturais, consultor do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização e Reitor da Basílica de Santa Cecília no Trastevere. Ministrou cursos na Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma e no Pontifício Instituto de Música Sacra do Vaticano.

Em 1984, fundou – e ainda dirige – o Coro da Diocese de Roma, com o qual anima as mais importantes liturgias diocesanas, algumas das quais presididas pelo Santo Padre.

Na sua produção musical, estão também algumas obras para o teatro, entre elas “La Divina Commedia. L’opera”, primeira transposição musical da obra-prima dantesca da qual é autor e idealizador, e que estreou em 2007.

Possivelmente, sua composição mais popular, considerado o vedadeiro hit e hino informal é “Jesus Christ, you are my life” que é cantado sempre durante o encontro do Papa com os jovens.

Fonte: Pateo do Collegio e Jornal O São Paulo

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