Moradores e igreja alegam que projeto coloca em risco estrutura do templo. Prefeitura aguarda laudo da USP para iniciar obras em praça no Centro.
Cerca de mil pessoas realizaram um abraço simbólico na Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto (SP) nesta terça-feira (20), data em que se comemora o dia do padroeiro da cidade, São Sebastião. O ato teve como objetivo protestar contra a construção de um terminal de ônibus na Praça das Bandeiras, em frente à igreja. A polêmica teve início em 2013, quando um estudo encomendado pela cúria apontou que o prédio apresenta trincas e rachaduras causadas por infiltrações e pelo tráfego de veículos pesados, como ônibus urbanos, nas ruas ao redor.
Em junho do ano passado, o templo foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). A Prefeitura, no entanto, informou que tem parecer favorável do órgão para construir a estação, e que aguarda somente um laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (USP) sobre as trepidações nas ruas do entorno, para dar início à obra.
O Fórum das Entidades de Ribeirão Preto (Ferp), que defende a preservação do complexo da Catedral, vai apresentar ao Ministério Público uma proposta para que a construção do terminal seja feita em outro local. “A região da Catedral está saturada. São 38 linhas de ônibus, 109 ônibus por hora. A solução que encontramos é fazer a estação na Praça Carlos Gomes. Já existiu um terminal no local. Lá, inclusive, dá para fazer calçadas mais amplas. É o local ideal”, diz Cantídio Maganini, representante da entidade.
Para a professora de história Nainora de Freitas, o protesto mostra a preocupação da população com o patrimônio histórico. “Esse abraço significa a mobilização em torno de um patrimônio, que está diante de uma perda iminente. É preciso pensar a cidade como um todo, num patrimônio cultural que se estenda como algo que a cidade quer lembrar na sua memória histórica”, diz.
O caso
Fieis se reuniram na Catedral para protestar contra a construção do terminal de ônibus na Praça das Bandeiras. (Foto: Paulo Souza/EPTV)
Os terminais de ônibus no entorno da Praça das Bandeiras fazem parte do contrato de concessão do transporte público, assinado entre a Prefeitura de Ribeirão e o consórcio Pró-Urbano, que reúne as permissionárias. Em 2013, a Igreja católica encomendou um estudo com engenheiros particulares, que apontou que a estrutura da Catedral apresenta rachaduras. O problema, segundo o laudo, pode se agravar com a realização da obra e o consequente aumento do fluxo de veículos pesados no local.
O projeto apresentado pela Prefeitura prevê a construção de cinco plataformas no entorno da Praça das Bandeiras – duas na Rua Florêncio de Abreu, duas na Rua Américo Brasiliense e uma na Rua Visconde de Inhaúma.
Por se tratar de uma área que integra um conjunto arquitetônico tombado, o projeto da estação de ônibus precisou de aval do Condephaat. Em outubro, o Conselho deu parecer favorável à obra, com a ressalva de que a Prefeitura apresente um laudo que comprove que o trânsito de veículos pesados não prejudicará a estrutura da igreja. A administração aguarda a conclusão do laudo pela USP para dar início à obra.
Cerca de mil pessoas abraçaram a Catedral de Ribeirão Preto em protesto contra construção de terminais de ônibus. (Foto: Paulo Souza/EPTV)
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