quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

A Madona de Bruges (c.1501/04)

Foto (Foto: Arquivo)
Foto (Imagem: Arquivo)Foto (Foto: Arquivo)
A representação que Michelangelo faz da Madona com a Criança difere significativamente de descrições mais antigas sobre o mesmo assunto. A tendência era sempre mostrar a Virgem muito piedosa, sorrindo para o bebê em seus braços. Ao contrário, a estátua do grande artista toscano mostra Jesus em pé, encostado na Mãe que o apoia com a mão esquerda. Ele parece estar dando um passo para longe de Maria, em direção ao mundo. A Mãe não o segura contra si, nem mesmo olha o Menino, como se já soubesse qual o destino do Filho.
Consta que essa imagem estava destinada a um altar e por isso a posição da cabeça da Maria e de Jesus, como se estivessem olhando para a direita e para baixo. Há certas semelhanças entre essa peça e a Pietà, completada um pouco antes. O chiaroscuro que domina as duas estátuas, o movimento do panejamento e a face oval de Maria, são em tudo semelhantes aos da Virgem com o Filho morto nos braços que vemos na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Foto (Foto: Arquivo)Foto (Imagem: Arquivo)Foto (Foto: Arquivo)
Outro dado notável sobre essa estátua é o fato de ter sido a única que deixou a Itália durante a vida do artista. Foi comprada por Giovanni e Alessandro Moscheroni, de uma família de ricos comerciantes de tecido da cidade de Bruges, na Bélgica, então um dos mais prósperos centros comerciais da Europa. A escultura foi vendida por 4 mil florins.
Por duas vezes a Virgem foi retirada de Bruges depois que chegou à Bélgica. Em 1794, revolucionários franceses que conquistaram a Bélgica ordenaram aos cidadãos de Bruges que a enviassem, assim como outras peças de valor, para Paris. Após a derrota de Napoleão, a estátua foi devolvida a Bruges. A segunda remoção foi feita durante a retirada dos soldados alemães, em 1944: usando colchões e um caminhão da Cruz Vermelha, eles a levaram para a Alemanha, onde só foi encontrada dois anos depois. De volta à Bélgica, foi devolvida a quem de direito, à Igreja de Nossa Senhora, Bruges.
No centro de um nicho em mármore negro ladeado por duas colunas em mármore vermelho, a Madona de Michelangelo tem de um lado uma estátua representando a Fé e do outro lado a Esperança, ambas do escultor belga Pieter Pepers, que foram acrescentadas ao conjunto no século XVIII. Depois do ataque à Pietà, no Vaticano, a municipalidade de Bruges tomou suas precauções: um vidro à prova de balas protege a Madona, que só pode ser vista de uma distância de 4 metros.
Onze Lieve Vrouwekerk, Bruges, Bélgica
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