quinta-feira, 7 de março de 2013

Arte sacra ganha um museu de verdade

O prédio da antiga paróquia da Sagrada Família, na Vila Jardini, abrigará Museu Arquidiocesano  
Fernanda Ikedo
Rede Bom Dia
fernanda.ikedo@bomdiasorocaba.com.br

 
Todo o acervo do Madas-Lam (Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Sorocaba Comendador Luiz Almeida Marins) está prestes a se mudar de casa. Das tribunas e antigo Coro da Catedral Metropolitana de Sorocaba para um espaço amplo e adequado para, finalmente, estar disponível à visitação.

Cerca de 200 imagens de santos e de 400 objetos, que incluem roupas da época de Dom José Carlos de Aguirre, bispo diocesano, fazem parte desse acervo de arte sacra. Além disso, há uma biblioteca com quase 200 livros e aproximadamente 400 partituras.

O novo local é a antiga paróquia da Sagrada Família, na rua Visconde do Rio Branco, na Vila Jardini, na zona oeste, que foi desocupada em agosto do ano passado devido à inauguração da nova igreja, no mesmo bairro, mas localizada na rua Curupaiti.

História da cidade/ “A arte sempre esteve ligada à experiência religiosa. Na arte o ser humano projeta a experiência do inefável, do mistério e da grandeza de Deus”, ressalta Dom Eduardo Benes Sales Rodrigues, presidente do Madas-Lam.

Ele destaca que as imagens e paramentos religiosos do acervo sorocabano trazem a história da cidade e de alguns grandes personagens. “Para valorizar essa história é preciso o conhecimento dela. Por isso, é muito importante um local adequado para a livre visitação das pessoas”, diz.

Desde a inauguração, em 1975, o museu está restrito às tribunas e coro da Catedral Metropolitana, na praça Coronel Fernando Prestes, no Centro. Devido aos corredores estreitos e pela dificuldade no acesso, que é feito por meio de uma escada de metal em forma de caracol, não é aberto ao público.

Por esse motivo, o diretor administrativo e financeiro, Pedro Benedito Paiva Junior, 36 anos, se mobilizou, há alguns anos, a encontrar uma nova sede. Tarefa que não foi nada fácil.“Entramos em contato com o padre Wilson Roberto para a liberação do prédio desocupado e ele fez o ofício à Arquidiocese, aos cuidados de Dom Eduardo, cedendo o local para o museu”, explica Pedro.

Projetos/ Antes da mudança do acervo, a antiga paróquia passará por uma reforma. “Vamos manter a característica de capela, só vamos trocar as portas e janelas de madeira. Temos parceria com a Universidade de Sorocaba que doará à Arquidiocese o projeto arquitetônico para a área interna do museu, para que os ambientes possam ser distribuídos da melhor maneira para abrigar o acervo e também novos projetos”, conta o diretor.

Será um museu de grandes novidades. Segundo Pedro, a intenção é que seja feito um mezanino para criar dois andares. “Queremos ampliar a biblioteca - que é extensão do acervo de obras da Universidade de Sorocaba - e colocar mesas para leituras. Além disso, teremos um espaço para palestras e workshops”.

Um dos cursos que deve ser o carro-chefe do museu é o de restauração de imagens. “Contaremos com profissionais da cidade e de fora para um intercâmbio de aprendizado”.

A arte entre os períodos barroco e colonial
No final de 2011, as imagens do Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Sorocaba começaram a ser limpas e polidas. Entre elas, uma Virgem Conceição, de 1626 (portanto, feita antes da fundação de Sorocaba) e, provavelmente, a mais antiga do acervo. Além dela, um São Miguel em madeira, do século 17 e uma imagem de altar da Nossa Senhora Assunção, do século 18, também em madeira. A técnica utilizada para a realização dessa limpeza é a utilização da saliva, (conforme reportagem publicada no BOM DIA, em 4.9.2011).

Fora as imagens, pertencem ao museu um órgão do começo do século 19, que pertenceu ao Convento Santa Clara e mobiliário do palácio episcopal, onde hoje é a agência do Banco do Brasil, na rua 15 de Novembro, no Centro e foi residência de Dom Aguirre.

Aliás, conforme o diretor Pedro Benedito, Dom Aguirre é o bispo que passou o maior tempo à frente de uma arquidiocese. “De 1924 até 1973, o ano de sua morte”, confirma.

A nova morada dos santos do museu e outros objetos, na antiga paróquia, tem pé direito alto, 25 metros de comprimento e nove metros de largura.
A entidade e seus voluntários
O Madas-Lam é uma entidade sem fins lucrativos e foi declarada como de Utilidade Pública (Lei 2.219 de 16.9.1983). A diretoria  é composta por voluntários. São eles: Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues (presidente), padre Tadeu Rocha Moraes (vice), Pedro Benedito Paiva Junior (diretor administrativo e financeiro), Antonio Fernandes Fioravanti Silveira (diretor e curador) e  Zoraida Nardi (secretária)

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