terça-feira, 4 de julho de 2023

O “dedo sem tocar”

 



Quando os Cardeais mandaram Michelangelo refazer o “dedo sem tocar” , não estavam querendo revelar o livre arbítrio do Homem, mas evitar a heresia da Divindade do Homem, onde poderia se crer que este era uma emanação do Próprio DEUS. Alguém já pregou ao Papa ( Raniero Cantalamessa) que o ponto vazio do Toque é o ESPÍRITO SANTO, Digitum DEI, o sopro sobre o Homem. O texto da internet porém querendo exaltar o Homem cai numa outra heresia o Pelagianismo. 

A verdade que o Cristianismo professa não é da salvação pela busca do Homem ( na criação não caída DEUS já vinha ao Homem) A iniciativa de vir ao Homem é de DEUS, ELE vai em busca do Homem, ELE dá sua Graça e sem ELE o Homem não pode nada : “ Sem MIM, nada podeis fazer”.EU vim para que todos tenham Vida. A Ovelha perdida, DEUS nos amou primeiro. Ainda que o texto na internet apresente que o lado de DEUS esteja esticado o máximo, dá o mesmo texto a responsabilidade ao Homem “ dá procura de DEUS “ . 

É o contrário, DEUS é Quem procura o Homem, assim a resposta do Homem não é para achar DEUS mas aceitar o DEUS que se revela, pois NELE nos movemos e existimos, como disse SÀO PAULO. O Homem não dá sua resposta para ter a Existência de DEUS ( salvação pelo livre Arbítrio, mas dá sua resposta ao DEUS existente, evidente , revelado no próprio homem que tem a lei gravada dentro de si. Por isso não existem Ateus mas Atoas) Assim cuidado com o fim do tal texto onde o Homem parece o protagonista da sua Salvação e de Seu encontro com DEUS. Santo Agostinho mesmo disse: Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova… Tarde Te amei! Trinta anos estive longe de Deus. Mas, durante esse tempo, algo se movia dentro do meu coração… Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava… Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu auxílio.

2. Tu estavas dentro de mim e eu fora… “Os homens saem para fazer passeios, a fim de admirar o alto dos montes, o ruído incessante dos mares, o belo e ininterrupto curso dos rios, os majestosos movimentos dos astros. E, no entanto, passam ao largo de si mesmos. Não se arriscam na aventura de um passeio interior”. Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar cada vez mais d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava… Eis que estavas dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo…

3. Mas Tu me chamaste, clamaste por mim e Teu grito rompeu a minha surdez… “Fizeste-me entrar em mim mesmo… Para não olhar para dentro de mim, eu tinha me escondido. Mas Tu me arrancaste do meu esconderijo e me puseste diante de mim mesmo, a fim de que eu enxergasse o indigno que era, o quão deformado, manchado e sujo eu estava”. Em meio à luta, recorri a meu grande amigo Alípio e lhe disse: “Os ignorantes nos arrebatam o céu e nós, com toda a nossa ciência, nos debatemos em nossa carne”. Assim me encontrava, chorando desconsolado, enquanto perguntava a mim mesmo quando deixaria de dizer “Amanhã, amanhã”… Foi então que escutei uma voz que vinha da casa vizinha… Uma voz que dizia: “Pega e lê. Pega e lê!”.

4. Brilhaste, resplandeceste sobre mim e afugentaste a minha cegueira. Então corri à Bíblia, abri-a e li o primeiro capítulo sobre o qual caiu o meu olhar. Pertencia à carta de São Paulo aos Romanos e dizia assim: “Não em orgias e bebedeiras, nem na devassidão e libertinagem, nem nas rixas e ciúmes. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,13s). Aquelas Palavras ressoaram dentro de mim. Pareciam escritas por uma pessoa que me conhecia, que sabia da minha vida.

5. Exalaste Teu Perfume e respirei. Agora suspiro por Ti, anseio por Ti! Deus… de Quem separar-se é morrer, de Quem aproximar-se é ressuscitar, com Quem habitar é viver. Deus… de Quem fugir é cair, a Quem voltar é levantar-se, em Quem apoiar-se é estar seguro. Deus… a Quem esquecer é perecer, a Quem buscar é renascer, a Quem conhecer é possuir. Foi assim que descobri a Deus e me dei conta de que, no fundo, era a Ele, mesmo sem saber, a Quem buscava ardentemente o meu coração.

6. Provei-Te, e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me, e agora ardo por Tua Paz. “Deus começa a habitar em ti quando tu começas a amá-Lo”. Vi dentro de mim a Luz Imutável, Forte e Brilhante! Quem conhece a Verdade conhece esta Luz. Ó Eterna Verdade! Verdadeira Caridade! Tu és o meu Deus! Por Ti suspiro dia e noite desde que Te conheci. E mostraste-me então Quem eras. E irradiaste sobre mim a Tua Força dando-me o Teu Amor!

7. E agora, Senhor, só amo a Ti! Só sigo a Ti! Só busco a Ti! Só ardo por Ti!…

8. Tarde te amei! Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te amei! Eis que estavas dentro, e eu, fora – e fora Te buscava, e me lançava, disforme e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste. Estavas comigo, e eu não estava Contigo… Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste, e a Tua Luz afugentou minha cegueira. Exalaste o Teu Perfume e, respirando-o, suspirei por Ti, Te desejei. Eu Te provei, Te saboreei e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me e agora ardo em desejos por Tua Paz!

Santo Agostinho, Confissões 10, 27-29

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O texto em questão:
Quando, em 1.512, Michelangelo finalmente concluiu o afresco do teto da capela Sistina, que é considerado uma das mais famosas obras da história da arte, os cardeais responsáveis pela curadoria das obras ficaram por horas olhando e admirando o magnífica afresco. Após a análise, reuniram-se com o mestre das artes, Michelangelo e, sem pudor algum dispararam: RE-FA-ÇA!

O descontentamento, óbvio, não era com a obra toda, mas sim com um detalhe, aparentemente desimportante. Michelangelo havia concebido o painel da criação do homem com os dedos de Deus e de Adão, se tocando. Os curadores exigiram que não houvesse o toque, mas que os dedos de ambos ficassem distantes e mais: que o dedo de Deus estivesse sempre esticado ao máximo, mas que o dedo de Adão, estivesse com as últimas falanges contraídas. Um simples detalhe mas com um sentido surpreendente: Deus está lá, mas a decisão de buscá-lo é do homem. Se ele quiser, esticar o dedo, tocar-lhe-á, mas não querendo, poderá passar uma vida inteira sem buscá-lo. A última falange do dedo de Adão contraída representa, então, o livre arbítrio.


Fonte: pe. Reinaldo Bento

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