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Visitantes podem ter contato com 65 trabalhos de Aleijadinho, Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier de Brito
Até o dia 30 de julho, quem for ao Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS-SP) pode conferir a exposição “Fé, Engenho e Arte – Os Três Franciscos: mestres escultores na capitania das Minas do ouro”, sob curadoria de Fábio Magalhães e museografia de Haron Cohen.
A mostra permite aos visitantes uma imersão histórica e de fé por meio de 65 peças de Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho), Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier de Brito, referências do século XVIII na arte sacra barroca no País.
As esculturas e talhas são do acervo do MAS-SP e de colecionadores particulares. A inauguração ocorreu no sábado, 27.
ESPAÇO DE ARTE
O conceito curatorial de Haron Cohen resgata elementos históricos e geográficos de Minas Gerais. O primeiro espaço da exposição é uma sala onde há uma simulação do adro de Congonhas do Campo que reproduz com fidelidade, nas devidas proporções, a localização original dos 12 Profetas criados por Aleijadinho.
“Busquei reproduzir com representações de desníveis, ladeiras e praças, características próprias do local, sendo fiel à história originária dos artistas barrocos”, explica o arquiteto.
A sala principal, em formato longitudinal, apresenta as obras de Aleijadinho e o “Painel das 1000 cruzes”. Na sequência, estão as peças dos mestres portugueses Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier De Brito.
ARTE, CULTURA E FÉ
Fábio Magalhães é crítico de arte, museólogo, professor e curador da exposição. Ao O SÃO PAULO, ele destacou que a mostra apresenta ao público um acervo de artes catalogadas que remontam à vivência da arte e espiritualidade.
“A exposição nasceu do desejo de apresentar ao público as obras destes três expoentes da arte sacra barroca no período do engenho e do ouro exportado para Portugal. Nesse período, multiplicaram-se, também, a presença de confrarias leigas, irmandades e ordens terceiras que tomaram a frente dos temas religiosos em Minas e com fé, engenho e arte, investiram em construções de igrejas com obras de arte e representações do imaginário do sagrado. Portugal enviou seus mestres e, também, ensinou aos nativos os ofícios do entalhe e da cantaria, entre outras atividades vinculadas à arte sacra”, explicou Magalhães.
O curador recordou que na região das minas de ouro, três escultores de nome Francisco se destacaram sobre os demais, e que essa exposição é uma forma de homenageá-los e de destacar as obras desses mestres das expressões barroca e rococó do Brasil do século XVIII.
Entre as obras da exposição destacam-se as de Aleijadinho: Santo Antônio em madeira policromada; São Francisco de Assis em madeira; Santa Luzia em madeira policromada, dourada e metal; Santana Mestra em madeira entalhada; Senhor dos Passos em madeira com resquícios de douração; o Oratório Ermida com Cristo Crucificado, São Miguel Arcanjo, São Rafael, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Dores, São José de Boas e São Sebastião, entre outras.
De Francisco Vieira Servas, destacam-se o Par de Anjos, Santo com Palma na mão, e São Benedito; e de Francisco Xavier de Brito, chamam a atenção o São Francisco Charitas e as portas do Oratório.
EXPRESSÃO DE ARTE
Célia Duarte, 72, é cozinheira e a convite de amigos foi conhecer a exposição. “Estou encantada! Uma imersão na fé e na história da arte brasileira”, mencionou.
Heitor Elias Pereira Faria, 23, estudante de História, foi ao MAS-SP com uma turma de 20 colegas de faculdade. “Estudar a nossa história e poder ver de perto as obras de arte barroca é interessante, pois nos permite observar os símbolos e seus significados inseridos no tempo, espaço e que atravessam décadas, ressaltando a beleza, a riqueza de detalhes e o papel desses artistas”, ressaltou.
Nathalia Emanuela da Silva Machado, 25, enfatizou que evidenciar as obras dos três ‘Franciscos’’ é significativo para a sociedade: “Até então, eu só tinha estudado as obras na faculdade por meio de figuras representadas em livros. Contemplá-las assim, de perto, ressignifica meu conhecimento”.
Essa mostra estava prevista para acontecer no Vaticano em 2020, mas foi adiada em razão da pandemia. A previsão é de que ocorra por lá em 2024.
OS 3 FRANCISCOS
Antonio Francisco Lisboa – Aleijadinho (1738 – 1814): Nascido em Vila Rica (atual Ouro Preto), é considerado um dos maiores expoentes da arte barroca no Brasil. Pouco se sabe, com precisão, sobre sua biografia. Sua trajetória é reconstituída a partir das obras que deixou, feitas entre talhas, projetos arquitetônicos, relevos e estatuária, em Minas Gerais. Aleijadinho é conhecido principalmente por suas esculturas, com destaque para os profetas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, e os 12 Apóstolos de Ouro Preto.
Francisco Vieira Servas (1720 – 1811): Escultor e entalhador português, nascido em Eidra Vedra, foi um dos principais representantes da talha e do barroco mineiro, deixando uma importante marca na arte sacra. Suas esculturas revelam uma devoção religiosa profunda, retratando santos, anjos e cenas bíblicas em madeira e pedra.
Francisco Xavier de Brito (data de nascimento desconhecido – 1751): Entalhador e escultor português, foi responsável por importantes talhas de igrejas do barroco mineiro. Ele contribuiu de maneira significativa para a arte sacra barroca brasileira.
(Com informações de MAS-SP)
VISITE A EXPOSIÇÃO
Até 30 de julho
Museu de Arte Sacra de São Paulo
(Avenida Tiradentes, 676, bairro da Luz – ao lado da estação Tiradentes do Metrô).
Ingresso: R$ 6,00 (Inteira) | R$ 3,00 (meia entrada nacional para estudantes, professores da rede privada e I.D. Jovem – mediante comprovação) | Grátis aos sábados.
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