terça-feira, 11 de julho de 2017

Igreja com quase 300 anos na BA é reaberta após 11 anos de obras de restauração

Por Defender |

Templo religioso guarda restos mortais da heroína da Independência da Bahia, Maria Quitéria. Igreja terá 1° missa no sábado (8).


Igreja de Sant’Ana, que foi restaurada em Salvador. Foto: Alberto Lyra/Divulgação

A igreja de Sant’Ana, em Salvador, com quase 300 anos de história, foi reaberta nesta quarta-feira (5) para que a concretização do projeto de restauração fosse apresentado à imprensa, após 11 anos de obras. Apesar da reabertura, e do local estar disponível para visitas, a primeira missa na igreja será realizada no sábado (8), às 18h.

Em 2016, mesmo sem a finalização das obras, a parte central da igreja já havia sido reaberta, apenas para os festejos que celebram a padroeira Sant’Ana no mês de julho.

As obras de restauração no templo religioso, localizado no bairro de Nazaré, e construído em 1747, foram iniciadas em 2006, depois de serem encontrados problemas de infraestrutura no local, como vazamentos no telhado, água escorrendo, fiação exposta, escadas de acesso interditadas, partes do forro despencados e com risco de ruir.

Tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), a igreja guarda tesouros no seu entorno, como os restos mortais da heroína da Independência da Bahia, Maria Quitéria. Sant’Ana faz parte também da vida de personagens que ajudaram a construir a história da Bahia. O pároco da igreja, Abel Pinheiro, conta que Irmã Dulce, a religiosa baiana, morava nos arredores da igreja e era assídua frequentadora do templo católico. Além disso, no templo há uma placa que informa que Irmã Dulce decidiu ingressar na vida religiosa na igreja de Sant’Ana.

 padre Abel destacou ainda a importância das obras da igreja para a comunidade. “As telas da igreja estavam escuras por causa da fuligem, e há mais de 100 anos que não fazia-se uma limpeza como agora, então tudo isso volta ao esplendor e oferece à comunidade um espaço digno, aconchegante para celebrações e para o encontro do povo de Deus”, disse.

Restauração


O processo de reforma e restauração da igreja, uma das principais referências do acervo sacro arquitetônico e histórico do estado da Bahia, trouxe novamente para o público sofisticados entalhes e de relíquias de pinturas assinadas por grandes nomes da época, como os pintores Franco Velasco, José Rodrigues Nunes e José da Costa Andrade. Velasco também pintou obras nas igrejas Ordem 3º de São Francisco e Bonfim, ambas na capital baiana.

Algumas partes da igreja foram totalmente recuperadas, como o altar de São Benedito, que em 2007 foi depredado por um adepto de uma igreja protestante. Só esta obra levou quase dois anos para ser recuperada, envolvendo três restauradores responsáveis e 27 auxiliares do Instituto do Patrimônio Artístico Cultural (Ipac), um dos responsáveis pelas obras.


Imagem de Sant’Ana da igreja que também foi restaurada na Bahia. Foto: Divulgação

Conforme o restaurador responsável pelo projeto artístico da paróquia, José Dirson Argolo, a pintura original de onze painéis e do medalhão que ornamentava o forro principal da igreja estava coberta sob camadas de outras pinturas, o que impedia a identificação das obras em função da alteração de cores. As modificações foram sofridas na segunda metade do séc. XIX, como por exemplo do forro da nave, restaurado em 1855 por José Rodrigues Nunes, que usou tinta à base de óleo, produto utilizado naquela época, que provocava forte oxidação, e que depois foi substituído por materiais quase isentos de alteração.

A Igreja de Sant’Ana também sofreu transformações após reformas que ocorreram entre 1814 e 1828, quando o templo perdeu a decoração barroca (altares, pinturas e talhas), substituída por outras no estilo neoclássico, que passou a imperar no Brasil, após a chegada de D. João VI, com a família real portuguesa, em 1808, que trouxe um novo conceito de arte mais “despojado”. Este conceito foi reforçado em 1816 com a vinda para o Brasil da Missão Artística Francesa, cujo um dos expoentes foi o pintor Debret.


Placa comemorativa que aponta que Irmã Dulce se tornou religiosa na igreja de Sant’Ana. Foto: Divulgação

A primeira etapa da reforma custou R$ 2,7 milhões e teve apoio do BNDES. No ano de 2014, um novo contrato foi assinado com o BNDES, no valor de 5,4 milhões, em três parcelas, para a conclusão da obra.


Pintura do teto da igreja de Sant’Ana que foi restaurada na Bahia. Foto: Divulgação

Fonte original da notícia: G1 BA

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