sábado, 11 de fevereiro de 2017

A história do Brasil contada pela Igreja Católica

O arquivo da Arquidiocese de Olinda e Recife guarda documentos preciosos para a história do País, produzidos pela Igreja Católica



Arquidiocese de Olinda e Recife está em busca de parceiros para continuar a organização do arquivo
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Texto de Cleide Alves

O arquivo da Arquidiocese de Olinda e Recife tem, por enquanto, mais de 350 metros lineares de documentos. Desde o século 17 – quando a Coroa portuguesa autorizou a Igreja Católica a criar núcleos religiosos no Brasil colonial – até os dias atuais. Nas estantes do arquivo eclesiástico repousam histórias de povoados e de seus habitantes, que precisavam da permissão dos padres para tudo na vida.

“São documentos importantes para o conhecimento da nossa história porque traçam o perfil da nação brasileira. Alguns deles, do século 18, ainda estavam em prédios de igrejas e nunca foram consultados por nenhum historiador, é um material inédito em leitura”, destaca a restauradora Débora Mendes, contratada pela arquidiocese para fazer a organização do acervo eclesiástico.


Arquivo da Arquidiocese de Olinda e Recife está sendo organizado e higienizado pela Igreja Católica


A Igreja Católica administrava a vida dos cidadãos desde o nascimento até a morte, com emissão de certidões de batismo, casamento, divórcios perpétuos e justificativa de solteiro, autorização para casamento de pessoas viúvas e para o ingresso no seminário. Também avaliava os pedidos de viagens de brasileiros para além-mar e dos estrangeiros para entrar na colônia, diz Debora.

“Ela dividia esse poder com a Coroa portuguesa, funcionava como o nosso cartório civil na época”, afirma Débora Mendes. O arquivo preserva relatos de violência contra mulheres, de doenças que matavam a população e da higiene nas localidades. “A importância da Igreja era tanta que as vilas se desenvolviam em volta de um monumento religioso, construído em cima de uma colina e fortificado por muros altos.”

A localização dos templos era estratégica, para garantir a vista do horizonte e para os religiosos vigiarem possíveis invasões de inimigos, observa Débora. “Moradias e comércio surgiam nessa região protegida pela Igreja Católica e pela Coroa portuguesa. Documentos que determinam essa movimentação encontram-se nesse arquivo, são preciosidades para conhecimento do Brasil colônia.”

Em meio às 559 mil páginas já organizadas, higienizadas e acondicionadas da forma correta em estantes, há material produzido em papel artesanal, encadernação especial (livro de tombo da Irmandade das Almas, 1887-1888, com encadernação francesa encomendada pela Igreja do Manguinho), a Bula Papal em pergaminho (papel feito de couro de animal) de 1918 com a nomeação da Arquidiocese de Olinda e Recife assinada pelo papa Pio XI e o sinete que atesta a originalidade da carta pontifícia.

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