O ballet de corte, a música nos tempos de Luis XIV
"Formada em 2007 por Paulo Henes, a Orquestra Arte Barroca tem como
proposta interpretar o repertório camerístico e orquestral dos séculos XVII e
XVIII. Com entusiasmo, estudo e idealismo, procura aperfeiçoar sua
interpretação orientando-se pelo estudo de tratados de época do período
Barroco, por meio de elementos estilísticos, históricos e biográficos. Busca
também uma sonoridade diferenciada utilizando-se de cópias de instrumentos
barrocos usados nas orquestras daquele período. Além de violinos e violas,
trabalha com outros instrumentos, como a flauta doce, e os instrumentos que
compunham o baixo contínuo, tais como violoncelo, contrabaixo e cravo e,
eventualmente, guitarra barroca e teorba. Sua pesquisa de repertório em
bibliotecas da Europa e em sites especializados procura trazer ao público obras
de compositores menos conhecidos e de execução ainda inédita".
Paulo Henes – Spalla
e Diretor Artístico
Pedro
Ribeiro – flauta doce
Renan
Vitoriano, Beatriz Ribeiro, Marcelo Eduardo Borges, Otávio Colella e Veridiana
Oliveira – violinos
William
Coelho e Mauro Viana – viola
Pedro
Beviláqua – violoncelo
Gilberto
Chacur – contrabaixo
Fernando
Cardoso – cravo
Participação especial
Fábio
Manzione – Percussão
Paulo Henes
Iniciou seus estudos com Alberto
Jaffé e posteriormente com Klaus Wustof, Paulo Bosisio e Edson Queiroz.
Formou-se pela UNESP em Bacharelado em Violino na classe de Airton Pinto.
Iniciou suas atividades com o violino barroco em 1998, sob a orientação do
professor Luís Otávio Santos. Desde então já participou do Festival
Internacional de Música Antiga de Juiz de Fora, do Curso de Música Barroca de
Curitiba e do Curso de Música Barroca de Mateus em Portugal. Participou de
máster- classes no Brasil e no exterior com Sigiswald Kuijken, Manfredo
Kraemer, Adrian Chamorro, Marino Lagomarsino, Giuliano Carmingnolla e Vera
Beths.
Sinopse
Por meio da
audição deste concerto, podemos notar as características heroicas sempre
acompanhadas pelo pendor tipicamente francês para a clareza, a graça, a
moderação e a elegância e tendência ao pitoresco, visto especialmente na
pintura de seu contemporâneo Watteau, e que na música foram assimiladas pela
sua integração com o ballet e refletidas no caráter leve das danças aqui selecionadas,
chamadas “galanteries”. Como disse Rameau no prefacio de suas “Indes Galantes”,
são músicas que propõem “... tomar a natureza – tão simples e tão bela – por
modelo”. De JEAN-BAPTISTE LULLY ouviremos a Marche pour la cérémonie des turcs, da comédie-ballet
Le
Bourgeois Gentilhomme; de JEAN-MARIE LECLAIR L'AÎNÉ, excertos da tragédie
en musique SCYLLA ET GLAUCUS; e de
JEAN-PHILIPPE RAMEAU, excertos da ópera-ballet Les Iindes Galantes. Formada em 2007, a
Orquestra Arte Barroca interpreta repertório camerístico e orquestral dos
séculos XVII e XVIII, orientando-se pelo estudo de tratados de época por meio
de elementos estilísticos, históricos e biográficos, e busca uma sonoridade
diferenciada utilizando cópias de instrumentos barrocos. A partir de pesquisas
em bibliotecas da Europa e em sites especializados, a orquestra traz ao público
obras de compositores menos conhecidos e de interpretação ainda inédita.
O ballet de corte, a música nos tempos de Luis XIV
Quando em 1581 a rainha consorte
Catarina de Médicis chamou à corte francesa uma trupe de artistas italianos
para representar o “ballet comique de la reine”, levou também ao público
francês o gosto pelo gênero que menos de um século antes havia nascido na
Itália por ocasião do casamento do duque de Milão, em 1489. Surgido a partir da
sequência dos espetáculos oferecidos pelos nobres aos visitantes, era uma
confluência de poesia, música, mímica e dança. O entusiamo pelo ballet foi tão
grande que anos mais tarde o próprio rei Luís XIV dançava e representava os
papéis de heróis e de deuses, o que lhe valeu a alcunha de Rei Sol, e o levou a
criar, em 1661, a Académie Royale de Danse. Estava assim se desenvolvendo um
gênero próprio de drama musical dançado, chamado ballet de cour, mais próprio
aos modos franceses do que a onipresente ópera italiana. Esta manifestação
artística atendia perfeitamente às diferentes necessidades do cotidiano
palaciano, e a partir deste suntuoso e colorido ballet e da tragédia clássica
francesa representada por Corneille e Racine, desenvolveu-se a
tragédie-lyrique, a comédie-ballet e a ópera-ballet, com grande proporção de
elementos decorativos – espetáculo cênico e ballet, com música descritiva,
danças, coros e canções, e que Richard Wagner ressuscitaria aproximadamente com
o conceito de Gesamtkunstwerk (obra de arte total), no século XIX. Por conta do
Tratado de Westfália em 1648 e da restauração de Carlos II na Espanha, a Europa
a partir da segunda metade do Seicento vivia uma estabilidade política e um
progresso científico e intelectual sem paralelo até então que levaria aos
ideais Iluministas do século posterior, e será neste cenário que nosso concerto
se desenvolverá.
Aos treze anos, Jean-Baptiste Lully
(ou Giovanni Battista Lulli, nascido italiano) foi levado a Paris pelo chevalier
Roger de Lorraine, filho do Duque de Guise, para atender ao desejo de sua
sobrinha, mademoiselle de Montpensier, que procurava “un joli petit italien”
para que pudesse treinar o idioma. O jovem, contudo, estava longe de ser
bonito, e diz a lenda que acabou relegado à copa. Era, entretanto, um
verdadeiro “entertainer”, possuindo bons dotes como dançarino, compositor e
violinista. Além de seu espírito cortesão, era um prodígio oportunista, e soube
tão bem encantar e adular o rei que se tornou absoluto na música da corte até
sua desastrosa morte. Dele ouviremos a satírica “Marche pour la cérémonie des
turcs”, da comédie-ballet “Le Bourgeois Gentilhomme” (“O Burguês Fidalgo”, ou,
com mais propriedade, “O Cavalheiro Burguês”, denunciando sua picardia, pois um
“gentilhomme” (cavalheiro) é, por definição, nascido nobre, e como tal não é
possível que um cavalheiro seja simultaneamente burguês). Com texto de Molière,
a peça ridiculariza tanto a emergente e vulgar classe média quanto a esnobe
aristocracia. O cômico se faz presente pela gravidade da marcha que simboliza a
cerimônia do casamento entre um jovem da classe média se passando por um
“príncipe turco” e a filha cujo ganancioso pai fora ludibriado com a promessa
de um título de nobreza.
Jean-Marie Leclair, conhecido como
grande compositor para violino e concertista, escreveu sua única ópera completa
em 1746, da qual ouviremos sua suíte orquestral. Scylla et Glaucus, uma
tragédie en musique, traz libreto de D'Albaret e baseia-se nos livros 10, 13 e
14 das Metamorfoses, de Ovídio. A tragédia relata o triângulo amoroso entre a
feiticeira Circé, que ama o deus do mar Glaucus, e que por sua vez ama Scylla,
uma ninfa.
Por fim, ouviremos de Jean-Philippe
Rameau a suíte para seu “ballet heróico” (nas palavras do compositor) “Les
Indes Galantes”, uma ópera-ballet em 4 entrés (atos) de intriga independente
ocorridas em partes diferentes do Globo. A ligação é estabelecida pelo prólogo
alegórico, cujo tema central é o Amor e a Vitória que triunfa sobre a Violência
e a Guerra, passado no palácio de Hebe. Os quatro atos representam
respectivamente “O turco generoso”, passado numa ilha do oceano índico, onde
canta o amor atormentado e finalmente triunfante de Emilie, a jovem escrava
provençal de Osman Pachá, e de Valere, seu noivo, oficial da marinha,
desaparecido e reencontrado. Logo após, “Os incas do Peru” narra a história do
amor recompensado de Carlos, oficial espanhol, e Phani, jovem peruana, apesar
das intrigas do inca Huascar. Segue então “As Flores, festa na Pérsia”, onde o
príncipe Tacmas acabará por desposar a bela Zaira, escrava de Ali, que casará
por sua vez com Fátima apesar de muitas suspeitas e mal entendidos. Finalmente,
“Os Selvagens” se passa em uma floresta da América do Norte, com diversos
personagens indígenas, onde Zima, filha do chefe desta nação “selvagem”, se
manterá fiel ao seu jovem noivo Adario, repelindo as ousadias de Damon, oficial
francês, e Alvar, oficial espanhol, ambos em ação nas suas colônias americanas.
Esta ópera, que apresenta uma enorme variedade de adereços, danças, cenários e
povos exóticos, extasiou as audições francesas da época pelos seus efeitos
descritivos e pela sua natureza pictórica, e sinalizou a divergência entre a
dança social de salão e o ballet propriamente dito.
Por meio da audição deste concerto,
podemos notar as características heroicas sempre acompanhadas pelo pendor
tipicamente francês para a clareza, a graça, a moderação e a elegância e
tendência ao pitoresco, visto especialmente na pintura de seu contemporâneo
Watteau, e que na música foram assimiladas pela sua integração com o ballet e
refletidas no caráter leve das danças aqui selecionadas, chamadas
“galanteries”. Como disse Rameau no prefacio de suas “Indes Galantes”, são
músicas que propõem “... tomar a natureza – tão simples e tão bela – por
modelo”.
Textos de: Ricardo Tanganelli
O
ballet de corte, a música nos tempos de Luis XIV
JEAN-BAPTISTE LULLY (1632-1687)
LE BOURGEOIS GENTILHOMME - comédie-ballet (1670)
Marche pour la
cérémonie des turcs
JEAN-MARIE LECLAIR L'AÎNÉ (1697-1764)
SCYLLA ET GLAUCUS - tragédie en musique, Op.11
(1746) - Suite Orquestral
I - Acte 1, Scène 3: Air des silvains
II - Acte 3, Scène 3: Airs en Rondeau (Gavotte)
III - Acte 5 Scène 2: Symphonie
IV - Acte 4, Scène 5: 1ère Air de démons
V - Acte 4, Scène 5: 2ème Air de démons
VI - Acte 5,
Scène 2: Air, une sicilienne
JEAN-PHILIPPE RAMEAU (1683 - 1764)
LES INDES GALANTES - ópera-ballet (1735)
Suite orquestral - excertos
LES INDES GALANTES - ópera-ballet (1735)
Suite orquestral - excertos
I. Air Polonois
II. Air pour les Guerriers portans les drapeaux
III. Air pour les Esclaves Africaines
IV. Rigaudon en Rondeau
V. Tambourins
VI. Ritournelle des Fleurs
VII. Orage - Air pour Borée et la Rose
VIII. Air grave pour les Incas du Pérou
IX. Air des Sauvages
II. Air pour les Guerriers portans les drapeaux
III. Air pour les Esclaves Africaines
IV. Rigaudon en Rondeau
V. Tambourins
VI. Ritournelle des Fleurs
VII. Orage - Air pour Borée et la Rose
VIII. Air grave pour les Incas du Pérou
IX. Air des Sauvages
- Data: 15/06/2013 - Sábado
- Horário: 20h
- Nome do evento: FAU em Concerto
- Intérpretes: Orquestra Arte Barroca
- Programa: O Ballet de Corte, A Música nos Tempos de Luis XIV.
- Local: FAU Maranhão
- Endereço: Rua Maranhão, 88, Higienópolis, São Paulo - SP
- Valor dos ingressos: Entrada franca
- Lotação: 110 lugares
- Duração aproximada: 60 minutos
- Categoria - Livre
- Data: 16/06/2013 - Domingo
- Horário: 12h
- Intérpretes: Orquestra Arte Barroca
- Programa: O Ballet de Corte, A Música nos Tempos de Luis XIV.
- Local: Pateo do Collegio
- Endereço: Praça Pateo do Collegio, 2, centro, São Paulo - SP
- Telefone de contato: 3105 6899
- Valor dos ingressos: Entrada franca
- Lotação: aproximadamente 200 lugares
- Duração aproximada: 60 minutos
- Categoria - Livre
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