Entrevista com Prof. Hermes Rodrigues Nery, autor do livro "A Igreja é viva e jovem"

"A Igreja é viva e jovem", é o nome do livro de autoria do Prof. Hermes Rodrigues Nery, Coordenador da Comissão Diocesana em Defesa da Vida e do Movimento Legislação e Vida da Diocese de Taubaté.

Prof. Hermes R. Nery
O novo livro, que será lançado na JMJRio 2013, é prefaciado por Dom Antonio Augusto Dias Duarte, bispo-auxiliar do Rio de Janeiro, com a apresentação de Dom Carmo João Rhoden, bispo da Diocese de Taubaté.
A obra, publicada pela editora Linotipo Digital, traz como subtítulo: "uma carta aos jovens do século 21 sobre a Igreja e a presença de Deus na história".
A um mundo repleto de “Forças hostis, cada vez mais sofisticadas e com amplo poder tecnológico”, que buscam “uma revolução cultural global que visa desconstruir a própria identidade do ser humano como pessoa” este livro procura mostrar “a necessidade de voltarmos a compreender o significado de ser cristão, para que a Igreja seja não apenas compreendida, mas amada”, disse em entrevista a ZENIT o Prof. Hermes.
Publicamos a seguir a íntegra da primeira parte da entrevista. A segunda parte será publicada amanhã, terça-feira, 18 de Junho.
ZENIT  - Qual a mensagem de seu livro para o jovem que participará da Jornada mundial da juventude? Qual o foco da sua obra? 
Prof. Hermes Rodrigues Nery - Dirijo-me de modo especial a cada jovem participante da Jornada Mundial da Juventude, vindo de tantos países, para participar de um evento celebrativo, e ouvir a palavra do Papa: “o mundo precisa de pessoas que descubram o bem, que se alegrem por causa dele e que, desse modo, encontrem a energia e a coragem para o bem”, ressaltou Bento XVI que convocou-os para esta Jornada e está em oração por eles.
Esperamos então que o papa Francisco venha reforçar o que Bento XVI anunciara, com emoção: “A Igreja é viva. E a Igreja é jovem (...) porque Cristo é vivo!"
Está viva, mas sofre ataques em um nível agudo, sem precedentes na história.  Hoje, de modo mais intenso, emergem como movimentos organizados, forças hostis à fé cristã, dentre elas um ateísmo militante e muitas vezes agressivo. O fato é que já não há mais um ambiente geral cristão.
Forças hostis, cada vez mais sofisticadas e com amplo poder tecnológico, influem por uma revolução cultural global que visa desconstruir a própria identidade do ser humano como pessoa, e joga seus dardos contra a Igreja, porque é a instituição que historicamente mais se comprometeu com a defesa e o bem integral da pessoa humana.  
Como Dentre muitos desafios é como ser Igreja nesta sociedade cada vez mais descristianizada, daí a necessidade de voltarmos a compreender o significado de ser cristão, para que a Igreja seja não apenas compreendida, mas amada. 
ZENIT - O que esperar do jovem nesse contexto desafiante, no "Ano da Fé"?
Prof. Hermes Rodrigues Nery - Os jovens hoje atraídos por Jesus Cristo devem saber que não há glória sem cruz, e de que o seguimento a Jesus implica em sacrifícios, dores e dissabores, humilhações e perseguições, etc.
Mas sobretudo as alegrias da fidelidade Àquele que é o Senhor da vida verdadeira. Os que esperam somente sucesso material, status, ou qualquer outro tipo de proveito temporal, poderão se desiludir facilmente, mas se o amor a Jesus for autêntico e se forem capazes da perseverança, descobrirão a alegria daquilo que o apoiam, verdadeiramente, que é uma força que vem do Alto.
Digo isto por experiência própria, pois a fé é provada, é atravessada pelo fogo, e é pela fé que somos curados de todas as enfermidades (especialmente as psíquicas) e salvos. 
A fé tem exigências. Muitos ateus dizem que é mais fácil ter fé do que não ter fé, pois a fé dá segurança, certezas para quem crê. E é mais difícil viver na angústia da dúvida, do que não saber ao que se ater, da aceitação do acaso e da falta de sentido de vida etc. Em conversa com muitos ateus, vários deles inteligências brilhantes, eles me disseram: “eu queria ter a fé que você tem, mas sou realista. Não posso mentir para você e dizer que tive um encontro pessoal com Jesus Cristo, pois eu não tive. Falo sério. Jesus foi um mito construído e eu não posso crer numa falácia. Ainda mais numa instituição que em nome dele cometeu tanta violência!”
Era o que eu mais ouvia dos ateus, o mesmo discurso, e muitas vezes, por mais que eu dissesse que aquilo se tratava de uma generalização, batia-se na tecla a mesma história: “sofro mais por não ter fé, mas é uma questão de realismo, ninguém provou nada até hoje. Fico com Stephen Hawking. É tudo obra do acaso. O quanta aparece do nada e pronto.”
“Mas o universo teve um início, o próprio Hawking reconhece isso. E os ateus refutam, endossando Hawking: “mas o quanta aparece do nada e pronto”. 
Respondo aos ateus, em conversas pessoais ou debates públicos, de que não é mais fácil ter fé, pelo contrário, é muito mais difícil. Por dois motivos: 1º) a fé tem exigências; e 2º): a fé é provada. Nesse sentido, é muito mais cômodo viver a vida, “carpem diem”, pois “quem é que sabe?”, e cada um faça o melhor que puder.
 É a lógica do darwinismo social. Sejamos realistas!  Os ateus afirmam que “a fé não é necessária em absoluto para dar sentido à própria existência”. E desconsideram a realidade última, sequer levam em conta a aposta de Pascal. Argumentam também que o que temem é o “risco de intolerância, quando a fé pretende justamente ser não apenas fé, mas também culminância da razão”.
Mais do que a soberba da razão, que arrastou muitos a estados agudos de perdição, sabemos que é preciso uma “purificação da razão”. Só assim as razões da fé prevalecerão sobre modos inapropriados de expressões da própria fé.