Fortaleza. Há um século, a modesta igreja erguida pelos frades italianos da Ordem dos Capuchinhos iniciava o processo de atração e identificação do sertanejo com Canindé, a 120 quilômetros de Fortaleza. Os mistérios da fé não identificam muito claramente como ocorreu essa identificação da pessoa sofrida com o anseio pelo milagre divino, pela intermediação de São Francisco das Chagas. O fato é que o aniversário dos 100 anos do Santuário, que acontece hoje, confirma a vocação mística da cidade e do carisma do chamado "Santo dos Pobres".
A festa começa neste sábado, com uma caminhada que sairá da Igreja das Dores, a partir das 18 horas, em direção ao Santuário, onde ocorrerá uma celebração eucarística, a ser presidida pelo provincial dos Capuchinhos, frei Henrique Araújo. Os festejos prosseguem amanhã, com um abraço da paz em torno do templo, seguido de celebração e abertura da exposição de fotografias, que contam a história das romarias em Canindé.
O pároco da igreja, frei Marcone Lins, observa que as comemorações são, especialmente, para evidenciar a história de Canindé e dos devotos franciscanos. Ele lembra que, há 100 anos, quando a cidade tinha uma população em torno de 2.500 habitantes, despontava uma identificação do sertanejo com o lugar, sentimento que somente fortaleceria ao passar dos anos.
Estigma
Frei Marcone lembra que essa atração teve início com o flagelo da seca, fenômeno que, ao mesmo tempo, marcou a pobreza do nordestino, e abriu horizontes para a transcendência, em busca da fé, da esperança e da caridade. "Canindé sempre foi um lugar de encontro com Deus, onde os fiéis fortaleciam a fé e encontravam a solidariedade", disse o pároco.
A história começou em 1910, quando os frades capuchinhos que administravam a paróquia resolveram enfrentar uma obra grandiosa de reforma para ampliar a matriz para que pudesse acolher mais devotos. O resultado foi um belíssimo trabalho arquitetônico, que depois contribuiu para que viesse se tornar Basílica Menor, em 1925.A obra foi concluída em 1915, com sua bênção no dia 2 de maio.
Com o aumento do número de romeiros que queriam visitar o Santuário de São Francisco, em Canindé, a antiga igreja começou a ficar pequena para receber os filhos e filhas de Deus. Por esse motivo, em 1910, foi dado início às obras do Novo Santuário. Naquela época, os frades capuchinhos administravam o Santuário, entre eles frei Mathias de Ponterânica, pároco e reitor. O religioso pretendia construir um templo que pudesse comportar todos os devotos e, com muito esforço, a reforma ganhou a atual arquitetura.
Templo reuniu artistas alemães e italianos
A Basílica é o coração do Santuário e ponto de convergência do romeiro. Construída pelos frades capuchinhos e benta em 1915 é a Matriz do povo de Canindé e o centro da Romaria de milhares de devotos do milagroso São Francisco. Os frades franciscanos completaram a construção contratando o famoso artista alemão professor Georg Kau, da Sociedade de Arte Sacra de Munique (Alemanha), que pintou os afrescos: no altar-mor, o Cristo Redentor, e os santos Santa Clara de Assis, Santo Antônio de Lisboa, Santa Isabel de Portugal e São Pedro de Alcântara, além de duas pequenas pinturas de São Boaventura e de São Bernardino; na cúpula os quatro evangelistas, anjos, sinos e estrelas; no teto da Basílica cenas da vida de São Francisco: São Francisco rompe com o pai Bernardone, São Francisco e os animais, São Francisco recebe os estigmas, a morte de São Francisco. O altar do Santíssimo Sacramento (Coração de Jesus) foi feito polo artista italiano Agostinho Balmes Odísio e bento pelo provincial frei Pedro Westermann, em 3 de Outubro de 1943. Os vitrais foram feitos pelo artista alemão Antonio Moser, em Recife.
Mais informações:
Festejos do Centenário da bênção do Santuário de São Francisco
Canindé - CE
Início: 2 de maio - 18 horas
Telefone (85) 3343-0017
Festejos do Centenário da bênção do Santuário de São Francisco
Canindé - CE
Início: 2 de maio - 18 horas
Telefone (85) 3343-0017
Texto de Marcus Peixoto
Fonte: Diário do Nordeste
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