A partir de 1880, logo depois do governo de João Teodoro (1872-1874), que, como se diz, promoveu a “segunda fundação de São Paulo”, tal as modificações que fez na cidade, começou-se a viver um “frenesi” de modernidade e, a renegar toda a vida anterior de “cidade pobre”. Passou-se então a ter vergonha de seu passado colonial, e de sua provincialidade, principalmente com a chegada dos estilos franceses e alemães, trazidas pelos novos ricos, os chamados “barões do café”, que nessa época começaram a construir suas mansões na capital, nos recentes “bairros planejados”.
Uma das consequências desse modo de pensar, começou a ser sentida principalmente nas antigas igrejas do centro, como podemos observar no trecho de uma carta da Curia para vigário da igreja da Consolação, a respeito da remodelação daquele templo. O texto expõe bem esse espírito da época: “… havemos por bem de conceder-lhe faculdade para mandar demolir a actual igreja matriz da parochia afim de que no mesmo lugar se possa erigir uma nova matriz que possa corresponder aos belos edifícios que ora existem nesta capital” (D. Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo metropolitano, ao vigário da Igreja da Consolação, 15 de agosto de 1909).”
Nesta onda “modernizadora”, a primeira a cair, foi a Igreja da Misericórdia em 1884, seguida de outras onze igrejas, mostradas nas fotos acima. A última que foi “tombada”, foi a igreja de Nossa Senhora dos Remédios, em 1940, já que impedia o livre fluxo dos automóveis na nova praça João Mendes, de acordo com o “Plano de Avenidas” do então Prefeito Francisco Prestes Maia. As únicas (no centro) que escaparam dessa derrubada em massa, foram a Igreja da Boa Morte, de 1810, a da Ordem Terceira dos Carmelitas (Igreja do Carmo), de 1648, as duas Igrejas de São Francisco, de 1647, a Igreja de São Gonçalo na Praça João Mendes de 1840 e a Igreja dos Aflitos, de 1779 na Liberdade.
As motivações foram várias: umas porque estavam deterioradas demais, outras para serem substituídas por templos “mais modernos”, outras por necessidade de ampliação das vias de tráfego, e por aí afora. O fato é que São Paulo perdeu um patrimônio histórico inestimável, apenas para ser incluída no âmbito das cidade “modernas” (??).
Matéria e Imagem: Gilberto Calixto Rios.
Nota: a data ao lado dos nomes das igrejas, é o ano de sua abertura/inauguração.
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