sexta-feira, 26 de abril de 2013

Exposição "A Arte à Serviço da Fé - Tesouros do Museu Histórico Nacional"


A ARTE À SERVIÇO DA FÉ - TESOUROS DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL
No âmbito da Jornada Mundial da Juventude, o Museu Histórico Nacional estará apresentando ao público de 09 de abril a 28 de julho a exposição "A Arte à Serviço da Fé - Tesouros do Museu Histórico Nacional", reunindo 390 peças de sua expressiva coleção de arte sacra, entre as quais pinturas, esculturas em madeira e marfim, oratórios, e objetos da Capela Imperial.
Abrem a exposição três esculturas em marfim - duas imagens de São Francisco de Assis e uma de São Francisco Xavier, numa homenagem ao Papa Francisco.
Fundador da Ordem dos Franciscanos, São Francisco de Assis nasceu (1182) e morreu (1226) na cidade italiana de Assis. O santificado religioso promoveu na Idade Média a renovação sorridente do cristianismo, falando de amor e fraternidade entre todos os seres do universo. Os três votos a que submeteu a Ordem que fundou - obediência, castidade e pobreza - figuram simbolicamente nos três nós do cíngulo que trazem atado à cintura do hábito monástico. As esculturas expostas são em marfim, de origem luso-oriental e indo-portuguesa, do século XVIII.
O cognome Apóstolo das Índias outorgado a São Francisco Xavier (1506-1552), missionário da Companhia de Jesus, informa o alcance da obra desse jesuíta espanhol. A sua atuação estendeu-se ao Japão e à China, onde morreu (Macau). Canonizado em 1622, são relativamente poucas as suas figurações quando comparadas com a envergadura da obra que realizou. Escultura também em marfim e de origem indo-portuguesa, século XVII.
Essas três esculturas fazem parte de uma coleção única no gênero no mundo, não apenas pela quantidade de peças (572 exemplares) como pela qualidade das mesmas, da qual o público terá a oportunidade de conhecer inúmeros exemplares na exposição.
Significativas também são as pinturas sobre madeira, realizadas na Bahia do século XVIII, que fazem parte de um conjunto de seis painéis utilizados nas procissões dos Passos da Paixão de Cristo, na época da Quaresma. Essas procissões eram muito populares e concorridas durante o período colonial e essas pinturas são possivelmente cópias de gravuras flamengas executadas por artesão local ou mesmo português. Ao lado das pinturas baianas, um importante conjunto de esculturas policromadas e outro de oratórios do período colonial.
Da Capela Imperial do Paço de São Cristóvão, os visitantes poderão apreciar o frontão do altar em madeira policromada, um conjunto de toucheiros, cálice, custódia e sacras em prata. Durante o período da Jornada Mundial da Juventude (23 a 28 de julho) a entrada para as exposições em cartaz no Museu Histórico Nacional será gratuita.

A coleção de marfins religiosos
A coleção de marfins religiosos hoje pertencente ao acervo do Museu Histórico Nacional foi formada entre os anos de 1919 e 1930 por José Luiz de Souza Lima, que a penhorou à Caixa Econômica em 1933 sem nunca tê-la resgatado! Em 1940, em decisão histórica, o Presidente Getúlio Vargas abriu crédito especial e autorizou o pagamento à Caixa Econômica Federal, resgatou a coleção e a doou ao Museu Histórico Nacional. Essas esculturas foram esculpidas no Indostão continental e na Ilha do Ceilão, atual Sri Lanka, "por artesãos indígenas, inicialmente sob a égide das missões portuguesas, copiando protótipos ocidentais, inspirando-se neles ou recriando-os em variantes próprias, mas utilizando materiais e técnicas locais e atuando sob o influxo da etnia e dos cânones das artes e religiões ancestrais dos países respectivos".
A existência dessas imagens no Brasil está ligada ao avanço português na Ásia a partir do século XV, ao trabalho de catequese cristã e à condição colonial brasileira mantida com Portugal até o século XIX. Além da forma regular como aqui chegavam essas esculturas - acompanhando as ordens religiosas, os emigrantes, ou trazidas por comerciantes - registram-se as que vieram diretamente da Índia e do Ceilão. Isto porque, devido a temporais, acidentes com embarcações, bem como ao regime de ventos que as obrigavam a fazer o percurso conhecido como volta larga, elas aportavam inicialmente no Brasil e, não obstante freqüentes interdições, aqui deixavam a carga.
O volume da produção dessas esculturas foi de tal ordem que deu origem à promulgação de lei pelo Senado de Goa, proibindo os não-cristãos de as esculpirem. Retiradas dos oratórios e liberadas do culto, essas esculturas passaram a atender propósitos diversos daqueles para os quais haviam sido criadas. Hoje essas peças são encontradas nos mais importantes museus da Europa e da América e em coleções particulares.


 


Fonte: Museu Histórico Nacional

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