Exposição "A Arte à Serviço da Fé - Tesouros do Museu Histórico Nacional"
A ARTE À SERVIÇO DA FÉ - TESOUROS DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL
No âmbito da Jornada Mundial da Juventude, o Museu
Histórico Nacional estará apresentando ao público de 09 de abril a 28 de
julho a exposição "A Arte à Serviço da Fé - Tesouros do Museu Histórico
Nacional", reunindo 390 peças de sua expressiva coleção de arte sacra,
entre as quais pinturas, esculturas em madeira e marfim, oratórios, e
objetos da Capela Imperial.
Abrem a exposição três esculturas em marfim - duas imagens
de São Francisco de Assis e uma de São Francisco Xavier, numa homenagem
ao Papa Francisco.
Fundador da Ordem dos Franciscanos, São Francisco de Assis
nasceu (1182) e morreu (1226) na cidade italiana de Assis. O
santificado religioso promoveu na Idade Média a renovação sorridente do
cristianismo, falando de amor e fraternidade entre todos os seres do
universo. Os três votos a que submeteu a Ordem que fundou - obediência,
castidade e pobreza - figuram simbolicamente nos três nós do cíngulo que
trazem atado à cintura do hábito monástico. As esculturas expostas são
em marfim, de origem luso-oriental e indo-portuguesa, do século XVIII.
O cognome Apóstolo das Índias outorgado a São Francisco
Xavier (1506-1552), missionário da Companhia de Jesus, informa o alcance
da obra desse jesuíta espanhol. A sua atuação estendeu-se ao Japão e à
China, onde morreu (Macau). Canonizado em 1622, são relativamente
poucas as suas figurações quando comparadas com a envergadura da obra
que realizou. Escultura também em marfim e de origem indo-portuguesa,
século XVII.
Essas três esculturas fazem parte de uma coleção única no
gênero no mundo, não apenas pela quantidade de peças (572 exemplares)
como pela qualidade das mesmas, da qual o público terá a oportunidade de
conhecer inúmeros exemplares na exposição.
Significativas também são as pinturas sobre madeira,
realizadas na Bahia do século XVIII, que fazem parte de um conjunto de
seis painéis utilizados nas procissões dos Passos da Paixão de Cristo,
na época da Quaresma. Essas procissões eram muito populares e
concorridas durante o período colonial e essas pinturas são
possivelmente cópias de gravuras flamengas executadas por artesão local
ou mesmo português. Ao lado das pinturas baianas, um importante
conjunto de esculturas policromadas e outro de oratórios do período
colonial.
Da Capela Imperial do Paço de São Cristóvão, os visitantes
poderão apreciar o frontão do altar em madeira policromada, um conjunto
de toucheiros, cálice, custódia e sacras em prata.
Durante o período da Jornada Mundial da Juventude (23 a 28 de julho) a
entrada para as exposições em cartaz no Museu Histórico Nacional será
gratuita.
A coleção de marfins religiosos
A coleção de marfins religiosos hoje pertencente ao
acervo do Museu Histórico Nacional foi formada entre os anos de 1919 e
1930 por José Luiz de Souza Lima, que a penhorou à Caixa Econômica em
1933 sem nunca tê-la resgatado! Em 1940, em decisão histórica, o
Presidente Getúlio Vargas abriu crédito especial e autorizou o pagamento
à Caixa Econômica Federal, resgatou a coleção e a doou ao Museu
Histórico Nacional. Essas esculturas foram esculpidas no Indostão
continental e na Ilha do Ceilão, atual Sri Lanka, "por artesãos
indígenas, inicialmente sob a égide das missões portuguesas, copiando
protótipos ocidentais, inspirando-se neles ou recriando-os em variantes
próprias, mas utilizando materiais e técnicas locais e atuando sob o
influxo da etnia e dos cânones das artes e religiões ancestrais dos
países respectivos".
A existência dessas imagens no Brasil está ligada ao avanço
português na Ásia a partir do século XV, ao trabalho de catequese
cristã e à condição colonial brasileira mantida com Portugal até o
século XIX. Além da forma regular como aqui chegavam essas esculturas -
acompanhando as ordens religiosas, os emigrantes, ou trazidas por
comerciantes - registram-se as que vieram diretamente da Índia e do
Ceilão. Isto porque, devido a temporais, acidentes com embarcações, bem
como ao regime de ventos que as obrigavam a fazer o percurso conhecido
como volta larga, elas aportavam inicialmente no Brasil e, não obstante
freqüentes interdições, aqui deixavam a carga.
O volume da produção dessas esculturas foi de tal ordem que
deu origem à promulgação de lei pelo Senado de Goa, proibindo os
não-cristãos de as esculpirem. Retiradas dos oratórios e liberadas do
culto, essas esculturas passaram a atender propósitos diversos daqueles
para os quais haviam sido criadas. Hoje essas peças são encontradas nos
mais importantes museus da Europa e da América e em coleções
particulares.
Fonte: Museu Histórico Nacional
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