Prefeitura de Nova Era autoriza recuperação do quadro Nosso Senhor Morto com Nossa Senhora da Piedade. Obra, do século 18, é uma das joias do museu municipal.
Foto: Ramon Nunes/Prefeitura de Nova Era/Divulgação
Moradores e visitantes que chegam ao Museu Municipal de Arte e História de Nova Era, na Região Central, não se cansam de admirar o quadro (óleo sobre tela) Nosso Senhor Morto com Nossa Senhora da Piedade, tesouro do século 18 que pertenceu à antiga ermida da sede da sesmaria do Ribeirão das Cobras, atual Fazenda da Barra do Prata. O tempo, no entanto, causou danos à pintura e, para evitar maiores estragos, a prefeitura local vai mandar restaurar a obra, de autoria desconhecida, inventariada pelo município. “Já houve um restauro há muitos anos, mas é necessário fazer a conservação, pois se trata de uma das obras mais importantes do nosso acervo”, informa Albany Júnior Dias, funcionário do Departamento de Cultura da prefeitura.
A escolha da empresa que fará o serviço foi feita por meio de licitação, na semana passada, e o trabalho deverá começar ainda este mês. “Tão logo seja concluído o restauro, por especialistas de São João del-Rei (Campo das Vertentes), vamos mudar a localização do quadro no museu. Na sala de entrada, onde ele ficava, bate muito sol e isso prejudica a pintura”, diz Albany. “Como o museu fica ao lado da Igreja de São José, muitos turistas aproveitam para vir aqui conhecer um pouco mais da história de Nova Era, que surgiu no tempo dos bandeirantes e se chamava primitivamente São José da Lagoa”, acrescenta.
Com dois metros de comprimento, 1,24m de largura e 5cm de profundidade, o quadro Nosso Senhor Morto com Nossa Senhora da Piedade retrata uma cena da Paixão de Cristo muito representada na iconografia cristã. De acordo com o inventário de proteção ao acervo cultural de Nova Era, a tela se encontra presa numa moldura, com fundo em painel de madeira, numa espécie de caixilho. O documento explica que “em primeiro plano, é representado o corpo de Jesus Cristo, deitado sobre uma espécie de plataforma retangular, com a cabeça voltada para a extremidade esquerda da tela e os pés voltados para a extremidade direita”. E mais: “Cristo é representado na figura de um homem de meia- idade, deitado, com o tronco e a cabeça levemente voltados para a frente. Cristo tem os ossos do rosto e do tronco proeminentes”.
Conservação. Ainda conforme o inventário, a peça foi restaurada na década de 1970 pelo especialista Jair Afonso Ávila (1932-1982), na Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop). “Na ocasião, de acordo com o depoimento de Elvécio Eustáquio da Silva, artista e artesão local que acompanhou o processo, a obra foi reentelada com a técnica de cera de Plenderlith (composto de cera de abelha, parafina, resina de damar e terebentina de Veneza criado por um conservador britânico que emprestou seu nome ao produto).
Na análise do estado de conservação, os técnicos encarregados do inventário informaram que o quadro demanda restauração urgente “para que o processo de degradação não culmine com a perda da obra”. A explicação é de que “a tela que serve de suporte se encontra acidificada, quebradiça e apodrecida”.
Arte e história
O Museu de Arte e História de Nova Era, localizado a 130 quilômetros de Belo Horizonte, foi criado no fim da década de 1960 a partir do movimento de pessoas da comunidade interessadas em destacar a importância do bens culturais que contam a história do município. O quadro Nosso Senhor Morto com Nossa Senhora da Piedade, que será agora restaurado, foi doado na época por Maria Perpétua Guerra Lage. Nos anos 1970, o óleo sobre tela ficou armazenado num local abandonado da Fazenda da Barra do Prata, no município, e constatado que a obra estava acidificada, ressecada, com buracos e sujidades diversas acumuladas durante muitos anos. Foi então que a Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop) fez o primeiro restauro, sendo o quadro encaminhado ao museu, onde está até hoje.
Por Gustavo Werneck
Fonte original da notícia: Estado de Minas
Fonte: Defender
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