quarta-feira, 26 de abril de 2017

IX Mestres e Conselheiros


Apresentação


Hoje a municipalização das políticas do patrimônio ganha força no Brasil. É crescente o número de municípios que têm seus próprios conselhos do patrimônio e que vêm desenvolvendo ações para defender e preservar suas edificações, espaços públicos, coleções, acervos, festas e tradições orais, entre outros. Para se discutir essas experiências de municipalização em curso, surgiu em 2008 este Fórum, inicialmente voltado para Minas Gerais e que desde 2009 se estendeu para todo o país. A ideia é congregar num mesmo evento os agentes que formulam e efetivam as políticas a nível municipal e os pesquisadores acadêmicos dos diversos programas de pós-graduação em nosso país, para realizar uma avaliação do processo de municipalização no Brasil, suas premissas, instrumentos utilizados, arranjos institucionais, resultados e possibilidades de financiamento.

A nona edição deste evento, a acontecer em junho de 2017, vai ter como temática central a relação entre o patrimônio e a participação, tema essencial para uma reflexão em profundidade sobre as políticas do patrimônio em nossos dias. Como se sabe, nas últimas décadas, o patrimônio deixou de ser considerado um campo restrito aos especialistas e técnicos, e se percebeu o caráter político das escolhas patrimoniais. Essa politização do campo trouxe, em muitos casos, uma efetiva democratização, na medida em que esse novo público não vai ser apenas consumidor passivo de produtos culturais, mas atua também como cidadão em relação ao seu patrimônio. Junto à “explosão” do campo de patrimônio, que passa da noção de monumento único à ampla ideia de “bem cultural”, assistimos à emergência de novos atores como os movimentos sociais, os conselhos do patrimônio, as organizações não governamentais, entre outros.

Nos últimos tempos, no entanto, esse avanço parece estar ameaçado, com o surgimento de ameaças à participação democrática no campo do patrimônio, com o avanço da especulação imobiliária sobre as cidades, retrocessos institucionais e fortes pressões sobre os conselhos do patrimônio. Diante desse quadro, parece-nos urgente se refletir sobre a trajetória das políticas de patrimônio em nosso país e sua relação com a democracia.

Para discutir essa ampla e importante temática, este Seminário vai reunir, durante três dias em Belo Horizonte, os pesquisadores e estudantes das áreas multidisciplinares ligadas à preservação do patrimônio cultural, bem como os diversos agentes do patrimônio – membros dos conselhos municipais do patrimônio, educadores e demais profissionais envolvidos com as políticas públicas de promoção dos bens culturais. Desta forma, visa-se propiciar um espaço de discussão envolvendo questões teóricas e práticas no campo da preservação, posto a dialogar de forma multidisciplinar com as diversas áreas do conhecimento. Para isso, está sendo feita uma chamada de trabalhos, propiciando oportunidade de apresentação e troca de experiências entre os diversos municípios e grupos participantes, o que possibilita um espaço de reflexão e troca de experiências.

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