Obras da exposição Santos do Sagrado no memorial Dom Lucas
Escultores do Sagrado - Os Escultores Sacros da Atualidade São-joanense é
a mais nova exposição temporária do memorial Dom Lucas Moreira Neves,
que está sendo acompanhada pela exibição permanente de artigos
litúrgicos ligados à vida do cardeal Dom Lucas, falecido em 2002. “Ver
uma exposição e depois ver a outra mostra uma diferença enorme na
técnica. E as duas levam ao encantamento único que cada artista quer
passar através das suas obras. Momento único do barro e da madeira, em
peças fantásticas”, é o que afirma o músico Márcio dos Reis, que
apreciou ambas as exposições.
“A exposição Escultores do Sagrado é uma homenagem ao Monsenhor Paiva”,
de acordo com o vigário paroquial da Catedral Basílica de Nossa Senhora
do Pilar, Pe. Ramiro Gregório. A exposição apresenta imagens sacras dos
escultores Miguel Ávila, Fernando Pedersini, Carlos Calsavara e Ronaldo
Nascimento.
Moradores de Uberaba, o casal Edivaldo Barbosa e Marislaine Silva se
encantou com a exposição. Barbosa afirma que “a exposição é muito
importante, pois ela conta a história barroca, a história de Minas”. Ele
finaliza: “estamos em São João del-Rei para conhecer isso, já que, em
nossa cidade, isso é coisa que não se vê muito”.
Outra exposição também movimenta a cidade. No Centro Cultural da UFSJ,
estão sendo expostas as obras Santos Devocionais. O barro com Fé, de
Stela Kehde. A artista exibe pela primeira vez o seu trabalho na cidade,
mas já passou com suas obras pelo Horto Florestal e pela UNESP, em São
Paulo.
Centro Cultural da UFJ onde acontece a exposição "Santos de Barro"
Kehde conta um pouco da história dos santos esculpidos por ela, que
inicialmente eram santinhos de mão. Incentivada por um professor a levar
a ideia adiante, por algum tempo a artista não enxergava a
possibilidade de investir em outros tipos de imagens e expor seu
trabalho, o que só viria a acontecer após certo tempo. “Depois vieram os
santos de mesa, de oratório, de parede, de jardim”, completa a artista.
Segundo a escultora, sua exposição Santos Devocionais busca “o resgate
da fé das pessoas. Tem a série de tijolos - que fala sobre a construção
da fé. Tem aquelas que são em panelas - que são para alimentar o
espírito. Tem alguns santos mais conhecidos, como São Jorge, São José,
São Francisco...”, pontua Stela Kehde.
As exposições irão até o mês de maio. No memorial Dom Lucas, a visitação
das imagens sacras ficará aberta ao público até o dia 04, enquanto, no
Espaço Cultural, as obras continuarão expostas até o dia 15.
Texto: VAN/ João Vitor Militani e Humberto Lanna
Foto: João Vitor Militani e Humberto Lanna
Os
transeuntes que trafegam diariamente pelo Largo da Carioca muitas vezes
desconhecem ali se encontra um verdadeiro tesouro: a Igreja da
Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, considerada a
expressão máxima do barroco brasileiro.
Segundo o historiador Mário Barata, a Igreja da Ordem Terceira é um
“monumento insigne da cidade do Rio de Janeiro e do país”. Para ele,
“poucas igrejas no Brasil têm a beleza e a importância daquela jóia”.
O templo localiza-se ao lado esquerdo da Igreja do Convento de Santo
Antonio, sobre uma pequena elevação, na verdade o último resquício do já
demolido Morro de Santo Antônio.
Largo da Carioca, 1870
“Entre arranha-céus e avenidas, a massa branca e horizontal daquelas
obras do século XVIII situa-se como um apelo à calma e à tranqüilidade,
parcialmente isolada da mistura urbana (...)” , descreveu Mário Barata.
A CONSTRUÇÃO
A Ordem Terceira de São Francisco da Penitência foi instituída em 1619,
sendo a primeira ordem deste tipo a surgir na cidade. A Ordem nasceu na
antiga Capela da Conceição, contígua à Igreja de Santo Antonio, e foi
fundada por Luís de Figueiredo e sua mulher. Muitos devotos aderiram à
ordem e resolveram adquirir o terreno na qual se encontra o templo. Por
meio de doações e quermesses, foram obtidos os recursos para a
construção da igreja.
Morro de Santo Antônio
Os trabalhos de construção da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco
da Penitência tiveram início na segunda metade do século XVIII e foram
concluídos em 1773.
A FACHADA
A fachada da Igreja se manteve desprovida de exageros ornamentais e tem
caráter horizontal, fato pouco comum no Brasil e único na cidade.
Segundo a historiadora de arte Sandra Alvim, o “frontispício é
compartimentado por quatro pilastras em cantaria arrematadas por pesados
pináculos.
As pilastras são interligadas por cimalha interrompida pelo frontão de
linhas curvas, com pequeno óculo. O corpo central é realçado pela
portada principal, encimada por medalhão oval.
As sobrevergas das portas laterais são mais simples que as das janelas
do segundo pavimento”. A portada foi concebida em pedra de lioz. O
frontão, apesar de alterado, manteve seu perfil recortado em curvas e
contracurvas.
As três portas principais possuem portadas em mármore de lioz e as seis janelas apresentam grades antigas.
Segundo Mário Barata, a igreja não possui torre “devido à inicial
interdição dos religiosos vizinhos e posterior acordo com eles”. Ainda
segundo Barata, a igreja “sai do tipo habitual de Igreja no Brasil,
inclusive por ser bem mais larga do que alta”.
A DECORAÇÃO
Em contraste com o despojamento da Igreja do Convento de Santo Antonio, e
até mesmo com a singeleza de seu próprio frontispício, a Igreja da
Ordem Terceira de São Francisco apresenta uma decoração barroca,
inteiramente coberta por talha dourada. Trata-se de uma das mais
importantes obras de decoração religiosa no país. Apesar de suas
pequenas dimensões, o trabalho de decoração provoca um efeito
arrebatador.
A decoração foi realizada entre 1726 e 1743. A talha é de autoria de
Manuel de Brito e Francisco Xavier de Brito, que introduziram no Rio o
Barroco de Lisboa da época de D.João V. Portugal. A douração e a pintura
são de Manuel da Costa Coelho.
A decoração foi feita em talha contínua. Os painéis pictóricos, a
pintura em perspectiva (a primeira do país) e os fingidos de embutidos
de mármore nas laterais da nave fazem contrapeso ao dourado da
composição.
O PATRIMÔNIO ARTÍSTICO
Quando visitar a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, não deixe de ver:
- Pintura do teto da nave (1737 / 40) - representando a apoteose de São
Francisco (aut: Caetano da Costa Coelho. Considerada a primeira pintura
em perspectiva do Brasil
- Talha (estilo barroco) - projeto de Manoel de Brito e execução de Xavier de Brito.
- Arco-Cruzeiro - aut: Xavier de Brito
- Capela do Santíssimo (séc.XVIII) - aut: Antonio de Pádua e Castro (lado esquerdo da nave)
- Retratos de d.Pedro II e d.Teresa Cristina (ante-sala que dá acesso à sacristia)
- Douração e pintura - aut: Manuel da Costa Coelho
- Tocheiros (dois) - de 1776
- Dragões (dois) - inspiração chinesa para sustentação dos lampadários
- Imagens (interior da nave) - Santa Rosa Viterbo, São Gonçalo do
Amarante, São Vicente Ferrer (dir.); São Ivo, São Roque e Santa Isabel
de Portugal (esq)
- Altares-laterais (de Xavier de Brito) - São Luís dos Franceses, Santa
Delfina e São Gualter; São Lúcio, Santa Bona e São Elisário
- Pintura do forro do coro - atribuída a Caetano da Costa Coelho
- Arco de talha (à entrada da antiga capela) - atribuído a Manuel de Brito Portada (1748)
- Embutidos de mármore nos degraus da capela-mor
- Altar-mor - talha: Manuel de Brito. Figura de Deus-Padre ladeado por
serafins e anjos; Imagem de N.S.da Conceição (sobre o altar); Imagem de
São Francisco de Assis (trono); Imagem do Cristo seráfico (trono)
- Sacristia - Pintura do teto (séc.XVIII) - autor desconhecido; Lavabo
em mármore de lioz; Arcaz de jacarandá com puxadores de prata (1780)
- Capela de N.S.da Conceição (1622) - talha de Manuel de Brito e Xavier
de Brito - Mausoléu de mármore branco de d.Pedro Carlos de Bourbon;
Dossel ladeado por figuras da Fé e Esperança (atribuídas a Xavier de
Brito); Vulto dos quatro evangelistas (volutas inferiores); Pintura de
teto - imagem de N.S.da Conceição; Pinturas sobre madeira - episódios
da vida da Virgem.
A RESTAURAÇÃO
Restaurada em 2002, com recursos do BNDES, a Igreja voltou a ser uns dos cartões postais do Rio de Janeiro.
Um investimento da ordem de 3,5 milhões de reais feito pelo BNDES,
através da Lei Rouanet possibilitou o trabalho de recuperação da igreja,
que foi executado em 28 meses por 120 profissionais, de arquitetos a
pintores.
Munidos de bisturis cirúrgicos, espátulas de dentistas, lixas e
solventes, os restauradores retiraram crostas de sujeira, camadas
recentes de tinta, além de executar projetos de instalação de
iluminação, segurança, pesquisa e museografia.
Para que a igreja fosse preservada, o tratamento de descupinização
abrangeu não só a área do morro de Santo Antônio, mas boa parte do Largo
da Carioca. As imagens foram submetidas à análise por tomografia
computadorizada visando sua preservação, a verificação de seu estado
interior e a descoberta de sua pintura original escondida sob inúmeras
camadas de tinta. Na Nossa Senhora da Conceição que fica no altar-mor,
por exemplo, descobriu-se, sob um inexpressivo manto azul, um precioso
brocado esculpido, com detalhes em ouro.
Por Leo Ladeira
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>> SERVIÇO <<
Largo da Carioca, 5 - Centro
Tel. 21 2262-0197.
Horário de visitação: de segunda à sexta-feira, das nove ao meio-dia e de uma às quatro da tarde.
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Fontes de Referência:
- Igreja da Ordem 3ª da Penitência do Rio de Janeiro. Mário Barata. Livraria Agir Editora. 1975.
- Arquitetura religiosa colonial no Rio de Janeiro. Sandra Alvim. UFRJ-IPHAN, 1996.
- Arte no Brasil. Nova Cultural. 1982.
- Guia dos Bens Tombados. Coordenação: Maria Elisa Carrazzoni.
- Expressão & Cultura. 1987.
- Guia Michelin – Rio de Janeiro. 1997.
- Veja-Rio.
- Site do BNDES.
Fotos:
- Blog Foi um Rio que Passou
- Blog Casamento Prático
- Fotos recentes do interior da Igreja: Leo Ladeira e Alexandre Siqueira
Com pincéis, tintas e bisturis, eles são responsáveis
pelos projetos de conservação do rico patrimônio histórico e cultural o
estado
por Glória Tupinambás
DESCOBERTA
VALIOSA: Silvio Oliveira tem em seu currículo a recuperação de igrejas
como a Matriz de Nossa Senhora de Nazaré e a de São Francisco de Assis,
em Ouro Preto, sua cidade natal. Formado pela UFMG e com cursos na
Europa, em Israel e nos Estados Unidos, ele acaba de encontrar indícios
da pintura mais antiga já documentada em Minas, de 1720
Eles
não se consideram artistas, mas seus pincéis, tintas, formões e
bisturis são capazes de salvar a beleza dos mais valiosos exemplares do
patrimônio histórico e cultural de Minas Gerais. Pelas mãos de
restauradores, centenas de igrejas, museus e casarões centenários se
transformam em ateliês; peças sacras e obras de arte recuperam o brilho
original e se livram de danos provocados pela ação do tempo e do homem; e
documentos antigos são cuidadosamente preservados. Ainda escassos em um
mercado cada vez mais aquecido, profissionais como Silvio Luiz Rocha
Vianna de Oliveira, Antonio Fernando Batista dos Santos, Alessandra
Rosado e os irmãos Adriano e Maria Regina Ramos misturam paixão e
técnicas apuradas para cuidar de relíquias, edificações e obras de
mestres dos mais variados estilos, do barroco ao contemporâneo, e
colecionam experiências curiosas como guardiões da história.
“Minas
tem um acervo cultural muito precioso, com bens de épocas e técnicas
diferenciadas”, diz a superintendente do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Minas, Michele Arroyo. Segundo
ela, para trabalhar com essa diversidade, a experiência e a boa
formação são determinantes. “Restaurador não é artista, não cria nada e
jamais deixa sua marca”, afirma Silvio Oliveira, professor da Fundação
de Arte de Ouro Preto (Faop). A frase resume bem o desafio de resgatar e
preservar a originalidade dos bens culturais imposto aos profissionais
da área. Responsável pela recuperação de ícones do estilo rococó, como a
Igreja de São Francisco de Assis e o Palácio dos Governadores, em Ouro
Preto, sua cidade natal, ele se viu envolvido pela atmosfera do
município, reconhecido como patrimônio mundial da humanidade pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco). “Minha alma é barroca e o que me move na profissão é o sonho
de ver cidades históricas bem preservadas”, diz. O maior tesouro da
carreira de Oliveira foi descoberto há menos de um mês. Durante o
restauro da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, no distrito de
Cachoeira do Campo, em Ouro Preto, ele encontrou, no forro, indícios da
pintura mais antiga já documentada em Minas. “Debaixo de quatro camadas
de tinta, existe uma obra de 1720, de autoria do português Antônio
Rodrigues Belo.” Com mais de quarenta anos de trabalho dedicados à
restauração, ele afirma que, para o bem dessa área, é preciso que o
poder público, além de fazer investimentos, atue melhor na
conscientização dos cidadãos, corresponsáveis pela conservação do
patrimônio.
Também naturais de Ouro Preto, os irmãos Adriano e
Maria Regina Ramos acreditam que o fato de terem tido, durante a
infância, um antiquário como casa foi fundamental para despertar o gosto
pela arte e pela história. Filhos de colecionadores de objetos antigos,
ambos começaram a frequentar cursos de restauração aos 14 anos e, na
década de 80, fundaram, em BH, o Grupo Oficina de Restauro, uma das
primeiras empresas de conservação de bens culturais do estado. À frente
de uma equipe de mais de cinquenta profissionais, eles são responsáveis
por trabalhos como a restauração do Palácio da Liberdade, no
Funcionários, da Igreja São José, no Centro, do Museu do Ouro de Sabará e
de templos em todo o Brasil e em Portugal. No mais novo ateliê do
grupo, recém-inaugurado em Nova Lima, a menina dos olhos da equipe são
as câmaras de gases inertes usadas para deixar as obras de arte livres
da ação devastadora de insetos. Por meio da técnica de isolamento das
peças em bolsas plásticas, nas quais o oxigênio é substituído por
nitrogênio, os animais são exterminados. Graças a essa tecnologia,
Adriano Ramos se orgulha de ter salvo dos cupins a coleção de periódicos
da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, e livros raros da
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. “Cheguei a passar seis anos
trabalhando dentro de um só lugar até conseguir que uma obra se livrasse
de seus maiores inimigos, os insetos.”
CAÇA
AOS INSETOS: Adriano Ramos entrou no universo da restauração aos 14
anos e hoje é pioneiro no uso de técnica com gases inertes para combater
a infestação de insetos. Salvou de cupins coleções da Biblioteca Mário
de Andrade, em São Paulo, e da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
O
episódio mais inusitado vivido por Maria Regina - conhecida como
Marrege - em sua carreira de restauradora ocorreu em um convento de
Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Munida de bisturi, ela retirava
uma camada de repintura da imagem de Cristo, mas foi interrompida por um
grupo de freiras aos prantos. “Elas me impediram de continuar o serviço
dizendo que Jesus já havia sofrido muito e eu não tinha o direito de
‘machucá-lo’”, conta. Foi necessária a intervenção da madre superiora.
A
restauração de um bem cultural começa muito antes da montagem de
andaimes e do minucioso trabalho com tintas e pincéis. Nos bastidores da
conservação patrimonial, o nome de Antonio Fernando dos Santos é
unanimidade quando o assunto é a elaboração de projetos e diagnósticos
que vão orientar as intervenções. Em seu currículo estão nada menos que a
recuperação de profetas esculpidos por Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho, no adro do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em
Congonhas, e os painéis de Candido Portinari que adornam a Igreja São
Francisco de Assis, cartão-postal modernista da Pampulha. Mas o feito de
maior orgulho de Santos é o resgate da imagem de Nossa Senhora das
Mercês, de autoria de Aleijadinho, desaparecida de Ouro Preto desde
1962. Graças à descoberta de uma estampa floral no tecido usado para
cobrir o oratório que abrigava a imagem, o restaurador conseguiu
identificar a peça, que estava nas mãos de um colecionador paulista.
“Foram meses de disputa judicial, mas pequenos detalhes do processo de
conservação desvendaram o caso”, diz Santos, que hoje tem a santa como
protetora.
No campo da preservação do patrimônio histórico, BH é
berço de uma história de vanguarda. A cidade sedia, dentro da Escola de
Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, o primeiro curso
superior do Brasil de especialização na área, oferecido, desde a década
de 70, pelo Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis
(Cecor). Cercada de lupas e microscópios no laboratório da instituição,
a pesquisadora Alessandra Rosado busca o equilíbrio entre o
conhecimento científico e a prática diária da conservação. “Não podemos
ficar restritos ao ateliê, sem nos preocuparmos com as condições do
ambiente onde as obras estão alocadas nem com os fatores que ameaçam a
integridade física das peças”, afirma ela, com vinte anos dedicados ao
trabalho em acervos culturais. Enquanto a qualificação da mão de obra
está restrita a poucos cursos, Minas depende da atuação desses
profissionais com mãos divinas para garantir a sobrevivência de seu
patrimônio cultural e de sua história.
SOROCABA - Pode ser de Antonio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho, a escultura descoberta na semana passada, em um
antiquário de Itu (interior de SP). Trata-se de um santo negro de 26,5
centímetros de altura, esculpida em madeira, que pode ter sido feita
entre 1761 e 1780 - fase inicial da carreira do mestre mineiro. De
acordo com o pesquisador Marcelo Galvão Coimbra, a quem foi confiado o
achado, a imagem representa São Benedito das Flores e tem as
características de outras obras de Aleijadinho. Caso a autoria seja
confirmada, será a segunda imagem de um personagem negro produzida pelo
escultor.
Marcelo Coimbra/Divulgação
Imagem de São Benedito das Flores, uma possível obra de Aleijadinho, descoberta em Itu
"Podemos estar diante de um achado raríssimo, pois conhecemos apenas
uma escultura de Aleijadinho que representa sua própria raça, pois ele
era filho de uma negra escrava", disse Coimbra. A única escultura negra
atribuída ao escultor, uma representação do rei mago Gaspar, produzida
entre 1775 e 1790, está exposta no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto
(MG). Segundo Coimbra, a peça achada em Itu foi trazida de uma fazenda
mineira por um antiquário e ficou por muitos anos 'escondida' entre
outros objetos à venda.
Coimbra contou que, como pesquisa o barroco brasileiro há mais de 30
anos e é coautor do mais recente catálogo geral da obra de Aleijadinho,
quando alguém vê uma peça interessante, logo o avisa para que faça a
avaliação. "Quando vi o São Benedito, levei um susto, pois os principais
estilemas (marcas do estilo do autor) de Aleijadinho estão presentes na
imagem." Para ele, a obra é da fase inicial, tendo o rosto semelhante
aos de diversos anjos retratados pelo escultor mineiro, mas com o nariz
largo africano, diferente dos modelos europeus. "É uma imagem tão rara
na iconografia do Aleijadinho que tomei a liberdade de batizá-la de
diamante negro", disse.
O pesquisador encaminhou fotos e descrição da imagem a especialistas
reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) para a atribuição de autoria. Enquanto aguarda o resultado, ele
pretende incluir a escultura na exposição Berço do Barroco Brasileiro e
seu Apogeu com Aleijadinho, da qual é curador e que segue até 11 de
maio na Galeria Principal da Caixa Cultural, em Brasília. A mostra reúne
140 peças, das quais 47 do escultor mineiro.
O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS/SP, equipamento da Secretaria de Estado da Cultura, exibe Barro Paulista,
com curadoria de Dalton Sala e expografia de Maria Alice Milliet. A
mostra conta com cerca de 50 esculturas e tem como intenção reapresentar
a arte colonial paulista do século XVII, a partir do acervo do MAS/SP, estudando e mostrando as imagens em terracota (ou barro cozido) feitas na Capitania de São Vicente, e depois na de São Paulo.
Em
uma sociedade onde o poder emanava de ordens religiosas – especialmente
jesuítas, franciscanos e beneditinos -, a produção de imagens sacras
acompanhava a evolução dos costumes, as oscilações econômicas e as
transformações sociais vividas pelos vicentinos e, posteriormente, pelos
paulistas. A exposição Barro Paulista traz uma série dessas
imagens - com especial enfoque para a produção do período em que as
expedições armadas (conhecidas como bandeiras paulistas) reconheceram,
expandiram e defenderam o território colonial português -, tendo como
destaques cinco esculturas: São Francisco Xavier, São Francisco de
Paula, Nossa Senhora da Purificação, Santo Amaro e São Francisco das
Chagas. O projeto expográfico integrará à mostra alguns altares,
caracterizando o culto doméstico em que estas imagens eram utilizadas,
paralelamente à sua presença em igrejas e conventos.
Para Dalton Sala,
a escolha dos objetos a serem expostos ocorreu em função de uma tripla
perspectiva: pelo valor histórico das peças, enquanto documentos
significativos de um passado importante para a formação do Brasil; Pela
importância do acervo do MAS/SP; E, por último, pelos valores
estético e artístico conferidos em cada obra. Em suas palavras: “(...)
essas imagens são a fina flor da arte paulista e muitas delas foram
feitas entre os séculos XVI e XVII: ou seja, 100 ou 150 anos antes das
imagens em madeira que caracterizam o período do ouro de Minas Gerais,
conhecido vulgarmente como barroco mineiro. Além dessa antiguidade,
deve-se ressaltar a raridade, pois as terracotas são bem menos numerosas
que as imagens entalhadas em madeira”.
Assim,
a proposta é reunir esta imaginária cotidiana da sociedade colonial,
evidenciando não apenas seu valor como objetos estéticos e de culto, mas
enfatizando os itens como documentos que nos permitem compreender tal
época em seus múltiplos aspectos.
Exposição: Barro PaulistaCuradoria: Dalton SalaExpografia: Maria Alice MillietAbertura: 29 de abril de 2014, terça-feira, às 19hPeríodo: 30 de abril a 29 de junho de 2014Local: Museu de Arte Sacra de São PauloEndereço: Avenida Tiradentes, 676Telefone: (11) 3326.3336 visitas monitoradasHorário: De terça a sexta-feira, das 9h às 17h, sábado e domingo das 10h às 18hIngresso: R$ 6,00 (estudantes pagam meia entrada); grátis aos sábadosNúmero de obras: cerca de 50Técnica: Esculturas em terracotaDimensões: Variadas
O setor de obras raras possui aproximadamente 13 mil obras impressas do séc. XVI ao XIX
60 obras raras, dos séculos XVI ao XIX poderão ser acessadas pela internet
a partir dessa terça-feira (22/4). Elas pertencem ao Mosteiro de São
Bento, em Salvador, e foram restauradas por uma equipe multidisciplinar
de especialistas do Mosteiro e da Faculdade São Bento da Bahia, com
técnicas inovadoras de desinfestação, higienização e restauro.
O projeto durou cerca de dois anos e absorveu investimentos de
de R$ 500 mil, oriundos do Fundo de Cultura da Bahia, destinado pela
Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.
Entre as obras restauradas e digitalizadas estão a coleção “Obras Completas de Luiz de Camões”, edição
crítica com as mais notáveis variantes, de 1873;; “Cartas Selectas”, de
Padre Antônio Vieira, de 1856; “Index Librorum Prohibitorum”, do Papa
Bento XIV, de 1764 e “Historia dos Judeos”, de Flavio José, de 1793. Os
mais antigos da lista são: “Cometario as Sentenças de Duns Scoto, do Fr.
Nicolau de Orbellis”, de 1503, e “Suma Theologica Secundæ”, de São
Tomas de Aquino, de 1534.
O Mosteiro de São Bento da Bahia foi o primeiro fundado pela ordem
dos Beneditinos nas Américas. Sua biblioteca, alvo de pesquisadores de
todo o mundo, foi fundada em 1582 e é tombada pelo Patrimônio Histórico
Artístico Nacional (IPHAN) desde a década de 1930.
O acervo completo ultrapassa os 200 mil volumes, e o setor de obras
raras possui aproximadamente 13 mil obras impressas do séc. XVI ao XIX.
Diz a lenda que Salvador (BA) teria 365 igrejas, uma para cada dia do
ano. Alguns estudiosos afirmam que o número desses templos não passa de
200. Outros garantem que a quantidade de igrejas é bem superior aos
cantados por Dorival Caymmi. A verdade é que os templos religiosos dessa
terra de todos os santos guardam muitas histórias, mistérios e arte.
A variedade de estilos, que vai do barroco ao neoclássico, os
painéis de azulejos, os ornamentos cobertos de ouro e as pinturas contam
a história do país com muita beleza. Local onde fé e arte se misturam e
proporcionam ao visitante uma viagem no tempo. O Guia do Litoral listou
10 das mais belas e importantes igrejas de Salvador para que turistas e
baianos conheçam mais um pouco da história religiosa dessa terra.
A Igreja de São Francisco enfeita o Pelourinho. Foto: Marina Silva
A Igreja de São Francisco tem o interior coberto de ouro. Foto: Marina Silva
Igreja de São Francisco
Conhecida como "Igreja de Ouro", com o interior recoberto de
folhas de ouro puro, a Igreja de São Francisco é considerada o mais belo
exemplar do barroco português nas Américas. A lenda versa que seus
construtores utilizaram mil quilos de ouro em pó. A construção da
primeira metade do século XVIII guarda belos exemplares de arte que não
podem deixar de ser apreciados, como o painel de azulejos portugueses,
as pinturas e esculturas nas paredes, colunas, teto e altares.
Localização: Terreiro de Jesus, Pelourinho. Tel.: 71 33216968.
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, no Pelourinho. Foto: Marina Silva
Fachada da igreja ficou coberta com cal durante décadas. Foto: Marina Silva
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco
Bem ao lado da famosa Igreja de São Francisco, a Ordem Terceira
ficou conhecida por sua belíssima fachada que data de 1702. Desenhada
por Gabriel Ribeiro, considerado um dos introdutores do barroco na
Bahia, a igreja é o único exemplar do estilo espanhol no Brasil. A
fachada de pedra lavrada foi descoberta somente durante uma reforma já
no século XX. Durante décadas ficou coberta com argamassa. O motivo de
"esconderijo" permanece incógnito. Segundo alguns contam, os irmãos
terceiros temiam que, depois de invadir Portugal, Napoleão Bonaparte
cruzasse o Atlântico em busca de tesouros da colônia portuguesa e teriam
mandado cobrir a riqueza da igreja. Localização: Terreiro de Jesus,
Pelourinho. Tel.: 71 33216968.
Igreja e Convento do Carmo
De importante valor histórico, o conjunto arquitetônico fundado
em 1585 foi palco de importantes acontecimentos relacionados com a
invasão holandesa e a Independência da Bahia. Neste local foi assinada a
rendição dos holandeses. A principal atração do convento é a escultura
Cristo Atado à coluna, de Francisco das Chagas, o Cabra, que foi
recuperada recentemente. No prédio funciona também um museu. A sacristia
é considerada uma das mais ricas do Brasil. Parte do antigo convento
foi transformado em hotel de luxo. Localização: Rua do Carmo. Tel.: 71
32426463.
Catedral Basílica fica no Terreiro e Jesus. Foto: Marina Silva
Arte sacra e muito ouro nas paredes da Catedral Basílica. Foto: Marina Silva
Catedral Basílica
A construção do século XVII possui 13 altares da fase
renascentista até o rococó. Ficou conhecida por ter sido o local de
morte do padre Antônio Vieira - cujos sermões o levaram à condenação
pela Inquisição em 1697 - e abrigar o túmulo do terceiro
Governador-Geral do Brasil Mem de Sá. Não deixe de visitar o Museu da
Catedral, com acervo de peças dos séculos XVI ao XX. Localização:
Terreiro de Jesus, Pelourinho. Tel.: 71 33214573.
Igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo
Ficou conhecida por ser o cenário da famosa obra "O Pagador de
Promessas" do escritor baiano Dias Gomes. O filme, inspirado no livro,
ganhou a "Palma de Ouro", em Cannes, no início da década de 60.
Construída no início do século XVIII, sofreu, cem anos depois, grandes
mudanças internas, onde se destaca o ossuário. A escadaria, que faz a
ligação da igreja com a ladeira do Carmo, foi aberta ao século XIX para
dar mais imponência ao templo, antes escondido na rua estreita. Todas as
terças, a escadaria é ocupada por uma multidão que dança ao som do
afoxé do cantor Gerônimo. Localização: Ladeira do Carmo.
Catolicismo e candomblé se misturam na Igreja de nossa Senhora dos Rosário dos Pretos. Foto: Bahiatursa
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
A construção iniciada no início do século XVIII levou quase 100
anos para ser concluída. A obra era realizada à noite durante o horário
de descanso dos escravos libertos, após os serviços nas casas de seus
senhores. No interior, destaque para os painéis de azulejos, o teto
pintado por José Joaquim da Rocha, os altares neo-clássicos e três
imagens do século XVIII - de Nossa Senhora do Rosário, São Antônio de
Cartegerona e São Benedito. Nos fundos, localiza-se um antigo cemitério
de escravos.
A igreja é um dos locais onde se pode presenciar o sincretismo
religioso na Bahia. Frequentada por mães e pais de santo, o templo é
palco de cerimônia que mesclam o católico e os ritos afro-brasileiros.
Localização: Pelourinho. Tel.: 71 33162196.
Igreja e Mosteiro de São Bento
A construção que demorou mais de dois séculos para ser concluída é
projeto do frei Macário de São João. O templo guarda duas belas imagens
em tamanho natural de N. S. das Angústias e do Senhor Morto. Não deixe
de visitar o museu, que por mais de 400 anos, acumulou um acervo de
imagens, pinturas, mobiliário, ourivesaria, cristais e porcelanas do
séculos XVII e XVIII. O mosteiro também possui uma das maiores
bibliotecas do Brasil, com cerca de 300 mil volumes. Entre as raridades,
encontram-se incunábulos, livros do início da arte da impressão, e um
Evangelho de 1504. Localização: Largo de São Bento, Tel.: 71 33218850.
É na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia que tem início e festa do Bonfim. Foto: Bahiatursa
Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia
Segundo os historiadores, a igreja da padroeira da Bahia foi
primeiramente erguida em taipa, quando o governador Tomé de Souza chegou
a Salvador. Muito depois, decidiu-se construir uma igreja com pedras de
cantaria portuguesa. Todo o templo foi pré-fabricado em Lisboa, a
partir de 1736, e trazido em incontáveis viagens. A construção levou
oito décadas para ser concluída.
Elevada à categoria de basílica em 1946, a igreja tem o teto
pintado em perspectiva por José Joaquim da Rocha, fundador da escola
baiana de pintura e principal pintor sacro brasileiro. É considerada a
mais bela de todas as igrejas brasileiras. Localização: Comércio, Cidade
Baixa. Tel.: 32420545.
Igreja e Convento de Santa Teresa
Considerado um dos mais importantes monumentos da arquitetura
religiosa do período colonial brasileiro, possui belos jardins, com
visão panorâmica para a Baía de Todos os Santos. O prédio abriga o Museu
de Arte Sacra, mantido pela Universidade Federal da Bahia, com cerca de
1.400 peças datadas do século XVI a XIX. Localização: Rua do Sodré, 276
- Centro. Tel.: 71 32436511.
Igreja do Bonfim recebe fiéis de todo o país. Foto: Bahiatursa
Igreja do Nosso Senhor do Bonfim
A igreja mais famosa da Bahia, localizada na Colina Sagrada,
ficou conhecida por ser local de devoção onde todos os anos é realizada a
famosa lavagem das escadarias, a Lavagem do Bonfim, que reúne a fé de
católicos e praticantes do candomblé. O interior da construção iniciada
em 1756 tem estilo neoclássico e guarda obras como o painel do teto, de
Francisco Velasco, os quadros de José Rufino Capinam na entrada da
igreja. Não deixe de visitar a Sala dos Milagres, que reúne ex-votos,
como cabeças, pernas e braços de cera, madeira, ouro, prata e pedras
preciosas, atualmente expostos no Museu de Ex-votos, no pavimento
superior do templo. Não deixe de amarrar uma fitinha do Bonfim nas
grades da igreja e fazer três pedidos, um a cada nó na fita. Localização
- Pça. Senhor do Bonfim, s/n- Cidade Baixa. Tel.: 71 33162196.
O único quadro de El Greco existente
em Portugal vai estar exposto ao público, a partir da próxima semana,
com a reabertura da capela da Rainha Maria Pia, no Palácio da Ajuda, em
Lisboa, encerrada desde 1910.
O óleo, do primeiro quartel do século XVII, a "Santa face de Cristo", de
El Greco, passa a fazer parte do programa museológico da capela, que reabriu ao público na terça-feira, 103 anos depois de ter sido
encerrada, após a proclamação da República, em outubro de 1910, e a
saída da família real para Gibraltar.
A "Santa Face" foi adquirida pelo rei D. Luís, marido de D. Maria Pia,
fazia parte da sua coleção de pintura e "é o único exemplar daquele
pintor em Portugal", disse à Lusa o diretor do Palácio da Ajuda, José
Alberto Ribeiro.
O projeto da capela, explicou José Alberto Ribeiro, visou "restaurar o
espaço que é muito bonito, e mostrar nele algumas peças de referência da
coleção do palácio, como pinturas importantes de mestres italianos dos
séculos XVII e XVIII, escultura e alfaias religiosas" em prata.
Trata-se de "uma capela construída quase toda em madeira, num programa
decorativo feito pelo arquiteto Manuel Ventura Terra, em finais do
século XIX, com o pintor Veloso Salgado, autor da pintura de Nossa
Senhora com o Menino, que é o orago".
Esta capela "é uma caixa em madeira de carvalho criada dentro de uma
sala já existente no palácio, no piso térreo, à direita da entrada para o
vestíbulo, na ala sul, e inclui alguns objetos criados pelo arquiteto,
como as ferragens das portas e o sacrário, numa linha neomedieval e
`arts & craft` de final do século [XIX], que é das últimas novidades
e tendências estéticas aqui do palácio".
Isto revela, referiu o responsável à Lusa, o gosto da Rainha que era "muito atualizada" no tocante às correntes estéticas.
O espaço religioso mostra alguns santos da devoção da rainha Maria Pia,
nomeadamente Santa Rita de Cássia, S. Francisco Xavier, S. Carlos
Borromeo e a Virgem de Paris, ligada à "imagem milagrosa", e ainda o seu
missal, em madrepérola, disse José Alberto Ribeiro.
"O corpo da capela, propriamente dita, seguiu as indicações documentais
de 1910, a partir dos arrolamentos judiciais [da República] do que
estava em cada divisão do palácio real e é muito fiel ao que seria no
final da monarquia", disse o responsável.
"A antecâmara e a sacristia, com algum mobiliário original, foram
musealizadas de forma a mostrar algumas peças de cariz religioso das
coleções do palácio", acrescentou.
A recuperação da capela orçou entre os 70.000 e os 80.000 euros, tendo
sido "fundamental" o apoio mecenático da Fundação Millenium/bcp, revelou
José Alberto Ribeiro à Lusa.
Para o responsável, a reabertura da capela privada da rainha Maria Pia
corresponde "às muitas questões que levantavam os visitantes do palácio -
a única residência régia visitável, em Lisboa -, que se interrogavam
por não haver um espaço religioso, num palácio de reis católicos".
Reabrir a capela é, para José Alberto Ribeiro, "devolver ao olhar do
público um espaço desconhecido e que, desde 1910, servia de reserva das
mais variadas peças".
O Palácio da Ajuda, imaginado pelo rei D. João VI, no Brasil, foi a
residência oficial dos reis portugueses, tendo ficado fortemente ligado a
D. Luís e à sua mulher, que o redecorou e nele viveu até partir para o
exílio, onde morreu, em 1911, em Turim, na sua corte natal.
Reforma, de responsabilidade do Iphan, está avaliada em R$ 176 mil. Missas são realizadas em tendas; não há prazo para conclusão do trabalho.
Reforma segue sem previsão de conclusão. (Foto: Reprodução/TV Rio Sul)
Fechada para reformas há sete anos, a Igreja do Rosário, na Vila de
Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ) está abandonada. A obra de
restauração, avaliada em R$ 176 mil, é de responsabilidade do Instituto
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e está parada.
“Já rachou o lado de lá da igreja, aquela parte lá já tem uma
rachadura. Infiltração, daqui a pouco começa a vim goteira de novo e a
obra não termina”, contou o comerciante Carlos Augusto Marinho Cargas,
dono de um estabelecimento próximo à igreja. A dona de casa Madalena
Souza Rodrigues observa parte da história dela ruir. “Casei, casei
minhas filhas, batizei os meus filhos e hoje estou vendo ela caindo. Nós
não podemos fazer nada”, disse.
Desde que a igreja foi fechada as missas são realizadas em tendas.
Abaixo-assinado cobra soluções
A Associação de Moradores da Vila Histórica fez um abaixo-assinado para
cobrar a conclusão da reforma. Além disso, eles pedem à Câmara de
Vereadores uma audiência pública para discutir a situação da igreja. “A
pergunta é uma só: quando é que vai fazer? A resposta, eu gostaria de
sair com ela de lá: ‘vai começar amanhã’. Nós não vamos deixar a
história de Angra dos Reis se apagar”, disse o presidente, Agnelo Alves
de Carvalho.
Segundo a representante do Iphan, Paula Paulielo Cardoso, a estrutura
do prédio não apresenta riscos e
não há prazo para acabar a fase de
acabamento da obra. “Infelizmente para esse ano a gente não tem
previsão. Não impede que sejam feitos futuros, mas é importante que a
comunidade também busque outras fontes de recursos para a finalização
dos serviços”, explicou.
Uma mostra, uma conferência e o lançamento da edição do Passionário Polifónico de Guimarães documentam a singularidade do canto da Paixão de Cristo em Portugal no século XVI.
Em sintonia com a quadra pascal, a Biblioteca
Nacional de Portugal (BNP) promove durante o mês de Abril uma série de
iniciativas em torno da tradição portuguesa do canto da Paixão, conforme
era praticada no século XVI.
Até 30 de Abril estará patente na Sala de Referência a mostra Os tons da Paixão: a singularidade portuguesa nas coleções da BNP;
esta quinta-feira às 18h o musicólogo José Maria Pedrosa Cardoso dará
uma conferência sobre o mesmo tema, precedida por uma visita guiada à
exposição; e sexta-feira (também às 18h) será apresentado o livro O Passionário Polifónico de Guimarães. Trata-se de imponente edição fac-similada,
editada pela Sociedade Martins Sarmento, acompanhada por um estudo
aprofundado (em português e inglês) e pela transcrição musical de
Pedrosa Cardoso. A publicação é acompanhada por um DVD com a
interpretação do conteúdo musical pelo grupo Voces Caelestes (dirigido
por Sérgio Fontão), que também estará presente na BNP para um momento
musical ilustrativo.
Os passionários eram livros litúrgicos que
continham a música para os textos da Paixão de Cristo, que se cantavam
na Semana Santa. A BNP possui alguns exemplares valiosos, tanto
impressos como manuscritos, que podem ser vistos na mostra. Além do
conteúdo musical, são obras de grande valor estético também do ponto de
vista visual pelo que a visita se aconselha também aos não
especialistas. Entre as obras expostas encontra-se, por exemplo, o Passionarium secundum ritum capelle regis Lustania
(Lisboa, 1543), um dos primeiros livros de música impressa em Portugal
em que o próprio autor, Diogo Fernandes Formoso, declara ter seguido
ordem do rei no sentido de unificar o canto da Paixão segundo códices
vigentes. Foi também neste acervo que se descobriu o primeiro vestígio
do que viria a ser considerado o tom português do canto da Paixão,
distinto do que era praticado nos restantes países de tradição cristã,
temática que foi objecto de estudo da tese de doutoramento de José Maria
Pedrosa Cardoso, publicada em 2006 pela Imprensa da Universidade de
Coimbra.
De acordo com este musicólogo, “evidências do modelo
português podem ainda ser encontradas em mais dois impressos
quinhentistas, de autores como o padre Manuel Cardoso e frei Estêvão de
Cristo, e vários manuais litúrgicos do séc. XVII comprovam a prática
uniforme do canto da Paixão em Portugal antes da importação dos modelos
do cantochão romano realizada por ordem de D. João V”.
Uma fonte
crucial neste contexto é um passionário proveniente do Mosteiro de Santa
Cruz de Coimbra (c. 1580), do qual existe um exemplar na Biblioteca da
Universidade de Coimbra e outro na Sociedade Martins Sarmento, em
Guimarães. Este último serviu de base à edição fac-similada,
publicada na sequência da Capital Europeia da Cultura 2012 – Guimarães,
que vai ser apresentada na BNP sexta-feira com a presença de Pedrosa
Cardoso, de Eduardo Magalhães (responsável pela musicografia), do
musicólogo Manuel Pedro Ferreira e de Paulo Vieira de Castro. Como já
foi referido, será também possível ouvir alguns exemplos musicais,
interpretados pelo grupo Voces Caelestes.
O manuscrito original do Passionário de Guimarães
é decorado com capitulares a ouro, com motivos fitomórficos e vegetais.
Além do cantochão das Paixões segundo S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e
S. João, do pregão pascal e também das lições de matinas, na versão
tradicional portuguesa apresenta algumas frases em polifonia. “Trata-se
de um documento singular com particularidades assinaláveis”, refere
Pedrosa Cardoso. “A primeira é a existência de alguns versículos a três
vozes, especialmente alguns ditos de Cristo, que são assim enfatizados,
quando o habitual era serem entoados em cantochão. A segunda é a
existência de um canto monódico claramente mensuralizado, isto é,
submetido a regras de ritmo muito diferenciado.”
Pedrosa Cardoso
explica ainda que, a partir do século XVI, o texto do Evangelho era
confiado a três diáconos cantores. “Além de executarem a três vozes os
versos em polifonia, repartiam entre si o drama da Paixão, cantando em
diferentes níveis de recitativo os papéis de narrador, de Cristo e dos
restantes personagens do relato evangélico.” No Passionário proveniente
de Santa Cruz de Coimbra, o uso da polifonia nas palavras de Jesus
assume um carácter simbólico e estético, indo ao encontro das qualidades
musicais dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, responsáveis por um
florescente centro de actividade musical nos séculos XVI e XVII.
La
Fundación María Cristina Masaveu Peterson presenta el miércoles, día 23
de abril, en el Auditorio Caja de Música CentroCentro Cibeles, el libro
“Policromía de retablos en el Norte de España: Asturias, siglos
XVII-XVIII”.
El acto será presentado por José Tono Martínez, director de CentroCentro Cibeles, e intervendrán:
- Fernando Masaveu, presidente de la Fundación María Cristina Masaveu Peterson.
- Mons. Jesús Sanz Montes, arzobispo de Oviedo.
- Ana González Rodríguez, consejera de Cultura del Gobierno del Principado de Asturias.
- Carlos Nodal Monar, investigador, restaurador y autor del libro.
Bajo el título “Policromía de retablos
en el Norte de España: Asturias, siglos XVII-XVIII” la Fundación María
Cristina Masaveu Peterson presenta, en el ámbito de la Investigación y
el Mecenazgo, un proyecto de edición que recoge los trabajos
desarrollados al amparo de la Beca de Investigación en Arte, otorgada al
historiador, especialista en policromía de retablos y restaurador de
bienes culturales, Carlos Nodal Monar.
Los trabajos de catalogación e
inventariado de obras, su posterior documentación científico-técnica,
estudio histórico-artístico y análisis material, así como los pacientes y
minuciosos trabajos de retrato fotográfico que completan de manera
imprescindible el discurso del investigador, interpretan con gran
belleza y detalle el maravilloso patrimonio retablístico que atesora
Asturias.
Su contenido constituye una herramienta
necesaria y fundamental para el fomento de la conservación y
restauración de estas obras de creación arquitectónica, artística y
artesanal. Y un fondo documental científico para la consulta de
restauradores, investigadores, académicos y docentes.
La puesta en valor, mejor conocimiento y
divulgación de las diversas manifestaciones artísticas, que la creación
humana ha hecho posible a través de los siglos, con dedicación,
fantasía, inteligencia, sensibilidad y esfuerzo, es una de las líneas de
actuación más relevantes para la Fundación María Cristina Masaveu.
Curso "A arte e a técnica do afresco" recebe o artista plástico Sérgio Prata
Convidado falará sobre a técnica do afresco, da
criação à produção, em 28 de abril, às 14h, no campus da Fiocruz em
Manguinhos
O afresco, da criação à produção, será o tema da palestra do artista plástico Sérgio Prata no curso de pintura A arte e a técnica do afresco,
em 28 de abril. Promovida pela Casa de Oswaldo Cruz (COC), a
atividade acontece às 14h, na Tenda da Ciência do Museu da Vida, no
campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Manguinhos, no Rio de
Janeiro (Av. Brasil, 4.365).
Sérgio Prata é especialista em técnicas de pintura pela
École Nationale Supérieure des Beaux-arts de Paris, com ênfase em
afresco. Entre suas obras com essa técnica no Brasil, destaca-se o
afresco da Batalha no restaurante Castelo Trevizzo, em Curitiba (PR).
Autor do livro Técnicas de Pintura e professor de composição de obras de arte em seu atelier, Prata é também
desenhista, escultor e vitralista.
O curso A arte e a técnica do afresco, que
trouxe à Fiocruz o artista plástico Lydio Bandeira de Mello, tem por
objetivo garantir a perpetuação dos conhecimentos sobre essa técnica
de pintura. O projeto é patrocinado pela Fundação para o
Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) e pela
Secretaria de Cultura do Município do Rio de Janeiro. O trabalho de
conclusão prevê a execução de afrescos nos arredores dos campi da Fiocruz.
Serviço
Palestra “O afresco de Sérgio Prata: da criação à produção”, com Sérgio Prata
Data: 28/04/2014
Horário: 14h
Local: Tenda da Ciência do Museu da Vida – Fiocruz (Av. Brasil, 4.365 – Manguinhos – Rio de Janeiro)
Aberto ao público | Grátis
Prof. Catedrático da Escola das Artes
da Universidade Católica Portuguesa
1º Dia – 19/05
Azulejaria nos templos religiosos portugueses
e
brasileiros: séculos XVI a XIX
1 – Azulejaria Maneirista
2 – Azulejaria Seiscentista
3 – O Ciclo dos Mestres e a sua
Produção
4 – A Azulejaria Joanina e a Hegemonia
do Azul de Cobalto
5 – Azulejos Rococó e o Reavivar da Policromia
6 – Azulejaria Neoclássica
2º Dia – 20/05
Talha religiosa em Portugal e no Brasil:
o impacto do
ouro ao serviço de Deus
1 –
Conceitos introdutórios
2 –
Classificação dos retábulos
3 –
Manifestações da talha do Estilo Nacional
4 –
A Talha Joanina e o Azulejo
5 –
Talha Rococó
6 –
Talha Neoclássica
7 –
Mobiliário religioso
3º Dia – 21/05
Ourivesaria Religiosa
Da prataria dos alvores da nacionalidade às peças
seiscentistas
0 – Conceitos introdutórios
1 –
Ourivesaria Religiosa Românica
1.1. – Os cálices
2 –
Ourivesaria Religiosa Gótica
2.1. – Cruzes e cruzes processionais
2.2. – Cálices
2.3. – Cofres
2.4. – Outras tipologias
3 –
Ourivesaria Religiosa Renascentista
4 –
Ourivesaria Religiosa Maneirista
4º Dia – 22/05
Ourivesaria Religiosaem Portugal e o Brasil
Da prataria barroca às criações contemporâneas
5 –
Ourivesaria Religiosa Barroca
6 –
Ourivesaria Religiosa Rococó
7 –
Ourivesaria Religiosa Neoclássica
8 –
Ourivesaria Religiosa Revivalista e Ecléctica
9 –
Ourivesaria Religiosa Contemporânea
10 –
Joalharia Devocional
5º Dia – 23/05
Paramentaria e vestes litúrgicas: os tecidos do sagrado 1 – Tipologias de peças, cores e funções 2 – O bordado em Portugal nos sécs. XIV a XV 3 – O Tesouro de Nossa Senhora da Madre de Deus de Guimarães INVESTIMENTO:
R$ 160,00 – até 15/04 (taxa única)
R$ 200,00 – de 16/04 a 19/05 (taxa única)
A inscrição poderá ser realizada no Museu ou através de depósito bancário.
1. Inscrição no Museu:
Setor Cultural, de segunda a sexta, das 14:30 às 18:00 horas.
Av. Sete de Setembro, 2490 - Vitória - Salvador - Bahia.
2. Inscrição por depósito bancário:
Banco Bradesco (Banco nº 237) | Agência:3567-0
Conta Corrente: 18964-2 | CNPJ: 15.243.447/0001-69
Obs: Solicitar pelo e-mail cultural@museucostapinto.com.br a ficha de inscrição do curso, preencher a ficha e enviar para o mesmo e-mail, juntamente com o comprovante de depósito.
Exultet iam angelica turba caelorum:
exultent divina mysteria:
et pro tanti Regis victoria tuba insonet salutaris.
Gaudeat et tellus tantis irradiata fulgoribus:
et, aeterni Regis splendore illustrata,
totius orbis se sentiat amisisse caliginem.
Laetetur et mater Ecclesia,
tanti luminis adornata fulgoribus:
et magnis populorum vocibus haec aula resultet.
Quapropter astantes vos, fratres carissimi,
ad tam miram huius sancti luminis claritatem,
una mecum, quaeso,
Dei omnipotentis misericordiam invocate.
Ut, qui me non meis meritis
intra Levitarum numerum dignatus est aggregare,
luminis sui claritatem infundens,
cerei huius laudem implere perficiat.
V. Dominus vobiscum.
R. Et cum spiritu tuo.
V. Sursum corda.
R. Habemus ad Dominum.
V. Gratias agamus Domino Deo nostro.
R. Dignum et iustum est.
Vere dignum et iustum est,
invisibilem Deum Patrem omnipotentem
Filiumque eius unigenitum,
Dominum nostrum Iesum Christum,
toto cordis ac mentis affectu et vocis ministerio personare.
Qui pro nobis aeterno Patri Adae debitum solvit,
et veteris piaculi cautionem pio cruore detersit.
Haec sunt enim festa paschalia,
in quibus verus ille Agnus occiditur,
cuius sanguine postes fidelium consecrantur.
Haec nox est,
in qua primum patres nostros, filios Israel
eductos de Aegypto,
Mare Rubrum sicco vestigio transire fecisti.
Haec igitur nox est,
quae peccatorum tenebras columnae illuminatione purgavit.
Haec nox est,
quae hodie per universum mundum in Christo credentes,
a vitiis saeculi et caligine peccatorum segregatos,
reddit gratiae, sociat sanctitati.
Haec nox est,
in qua, destructis vinculis mortis,
Christus ab inferis victor ascendit.
Nihil enim nobis nasci profuit,
nisi redimi profuisset.
O mira circa nos tuae pietatis dignatio!
O inaestimabilis dilectio caritatis:
ut servum redimeres, Filium tradidisti!
O certe necessarium Adae peccatum,
quod Christi morte deletum est!
O felix culpa,
quae talem ac tantum meruit habere Redemptorem!
O vere beata nox,
quae sola meruit scire tempus et horam,
in qua Christus ab inferis resurrexit!
Haec nox est, de qua scriptum est:
Et nox sicut dies illuminabitur:
et nox illuminatio mea in deliciis meis.
Huius igitur sanctificatio noctis fugat scelera, culpas lavat:
et reddit innocentiam lapsis
et maestis laetitiam.
Fugat odia, concordiam parat
et curvat imperia.
In huius igitur noctis gratia, suscipe, sancte Pater,
laudis huius sacrificium vespertinum,
quod tibi in hac cerei oblatione sollemni,
per ministrorum manus
de operibus apum, sacrosancta reddit Ecclesia.
Sed iam columnae huius praeconia novimus,
quam in honorem Dei rutilans ignis accendit.
Qui, licet sit divisus in partes,
mutuati tamen luminis detrimenta non novit.
Alitur enim liquantibus ceris,
quas in substantiam pretiosae huius lampadis
apis mater eduxit.
O vere beata nox,
in qua terrenis caelestia, humanis divina iunguntur!
Oramus ergo te, Domine,
ut cereus iste in honorem tui nominis consecratus,
ad noctis huius caliginem destruendam,
indeficiens perseveret.
Et in odorem suavitatis acceptus,
supernis luminaribus misceatur.
Flammas eius lucifer matutinus inveniat
Ille, inquam, lucifer, qui nescit occasum
Christus Filius tuus,
qui, regressus ab inferis,
humano generi serenus illuxit,
et vivit et regnat in saecula saeculorum.
Amen.
Exulte de alegria a multidão dos Anjos,
exultem as assembleias celestes,
ressoem hinos de glória,
para anunciar o triunfo de tão grande Rei.
Rejubile também a terra,
inundada por tão grande claridade,
porque a luz de Cristo, o Rei eterno,
dissipa as trevas de todo o mundo.
Alegre-se a Igreja, nossa mãe,
adornada com os fulgores de tão grande luz,
e ressoem neste templo as aclamações do povo de Deus.
E vós, irmãos caríssimos,
aqui reunidos para celebrar o esplendor admirável desta luz,
invocai comigo a misericórdia de Deus omnipotente,
para que, tendo-Se Ele dignado, sem mérito algum da minha parte,
admitir-me no número dos seus ministros,
infunda em mim a claridade da sua luz,
para que possa celebrar dignamente os louvores deste círio.
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Demos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
É verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
proclamar com todo o fervor da alma e toda a nossa voz
os louvores de Deus invisível, Pai omnipotente,
e do seu Filho Unigénito, Jesus Cristo, nosso Senhor.
Ele pagou por nós ao eterno Pai
a dívida por Adão contraída
e com seu Sangue precioso
apagou a condenação do antigo pecado.
Celebramos hoje as festas da Páscoa,
em que é imolado o verdadeiro Cordeiro,
cujo Sangue consagra as portas dos fiéis.
Esta é a noite,
em que libertastes do cativeiro do Egipto
os filhos de Israel, nossos pais,
e os fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho.
Esta é a noite,
em que a coluna de fogo dissipou as trevas do pecado.
Esta é a noite,
que liberta das trevas do pecado e da corrupção do mundo
aqueles que hoje por toda a terra crêem em Cristo,
noite que os restitui à graça
e os reúne na comunhão dos Santos.
Esta é a noite,
em que Cristo, quebrando as cadeias da morte,
Se levanta glorioso do túmulo.
De nada nos serviria ter nascido,
se não tivéssemos sido resgatados.
Oh admirável condescendência da vossa graça!
Oh incomparável predilecção do vosso amor!
Para resgatar o escravo entregastes o Filho.
Oh necessário pecado de Adão,
que foi destruído pela morte de Cristo!
Oh ditosa culpa,
que nos mereceu tão grande Redentor!
Oh noite bendita,
única a ter conhecimento do tempo e da hora
em que Cristo ressuscitou do sepulcro!
Esta é a noite, da qual está escrito:
A noite brilha como o dia
e a escuridão é clara como a luz.
Esta noite santa afugenta os crimes, lava as culpas;
restitui a inocência aos pecadores, dá alegria aos tristes;
derruba os poderosos, dissipa os ódios,
estabelece a concórdia e a paz.
Nesta noite de graça,
aceitai, Pai santo, este sacrifício vespertino de louvor,
que, na solene oblação deste círio,
pelas mãos dos seus ministros Vós apresenta a santa Igreja.
Agora conhecemos o sinal glorioso desta coluna de cera,
que uma chama de fogo acende em honra de Deus:
esta chama que, ao repartir o seu esplendor,
não diminui a sua luz;
esta chama que se alimenta de cera,
produzida pelo trabalho das abelhas,
para formar este precioso luzeiro.
Oh noite ditosa,
em que o céu se une à terra,
em que o homem se encontra com Deus!
Nós Vos pedimos, Senhor,
que este círio, consagrado ao vosso nome,
arda incessantemente para dissipar as trevas da noite;
e, subindo para Vós como suave perfume,
junte a sua claridade à das estrelas do céu.
Que ele brilhe ainda quando se levantar o astro da manhã,
aquele astro que não tem ocaso,
Jesus Cristo vosso Filho,
que, ressuscitando de entre os mortos,
iluminou o género humano com a sua luz e a sua paz
e vive glorioso pelos séculos dos séculos.
Amen.
Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde
mihi. Quia eduxi te de terra Aegypti: parasti Crucem Salvatori tuo.
Agios o Theos.
Sanctus Deus.
Agios ischyros.
Sanctus fortis.
Agios athanatos eleison imas.
Sanctus immortalis, miserere nobis.
Quia eduxi te per desertum quadraginta annis: et manna cibavi te, et
introduxi te in terram satis bonam: parasti crucem Salvatori tuo.
Quid ultra debui facere tibi, et non feci? Ego quidem plantavi te
vineam meam speciosissimam: et tu facta es mihi nimis amara; aceto
namque sitim meam potasti, et lancea perforasti latus Salvatori tuo.
Ego propter te flagellavi Aegyptum cum primogenitis suis; et tu me
flagellatum tradidisti. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo
constristavi te? responde mihi.
Ego eduxi te de Aegypto, demerso Pharaone in mare rubrum; et tu me
tradidìsti principibus Sacerdotum. Popule meus, quid feci tibi? aut in
quo constristavi te? responde mihi.
Ego ante te aperui mare, et tu aperuisti lancea latus meum. Popule
meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde mihi.
Ego ante te praeivi in columna nubis: et tu me duxisti ad praetorium
Pilati. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te?
responde mihi.
Ego te pavi manna per desertum; et tu me caecidisti alapis, et
flagellis. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te?
responde mihi.
Ego te potavi aqua salutis de petra; et tu me potasti felle, et
aceto. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te? responde
mihi.
Ego propter te Chananaeorum Reges percussi: et tu percussisti
arundine caput meum. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo
constristavi te? responde mihi.
Ego dedi tibi sceptrum regale; et tu dedisti capiti med spineam
coronam. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te?
responde mihi.
Ego te exaltavi magna virtute; et tu me suspendisti in patibulo
Crucis. Popule meus, quid feci tibi? aut in quo constristavi te?
responde mihi.
1. Povo meu, que te fiz eu?
Dize em que te contristei!
Que mais podia ter feito,
em que foi que eu te faltei?
Deus santo,
Deus forte,
Deus imortal,
Tende piedade de nós!
2. Eu te fiz sair do Egito,
Com maná te alimentei.
Preparei-te bela terra:
Tu, a cruz para o teu Rei!
3. Bela vinha eu te plantara,
Tu plantaste a lança em mim;
Aguas doces eu te dava,
Foste amargo até o fim!
4. Flagelei por ti o Egito,
Primogênitos matei;
Tu, porém, me flagelaste,
Entregaste o próprio Rei!
5. Eu te fiz sair do Egito,
afoguei o Faraó;
aos teus sumos sacerdotes
entregaste-me sem dó!
6. Eu te abri o mar Vermelho,
tu me abriste o coração;
a Pilatos me levaste,
eu levei-te pela mão.
7. Pus maná no teu deserto
teu ódio me flagelou;
fiz da pedra correr água,
o teu fel me saturou!
8. Cananeus por ti batera,
bateu-me uma cana à toa;
dei-te cetro e realeza,
tu, de espinhos a coroa!
9. Só na cruz tu me exaltaste,
quando em tudo te exaltei;
por que à morte me entregaste?
Em que foi que eu te faltei?