Halloween (All Hallow’s Eve, Vigília de Todos os Santos) não é satânico coisa nenhuma. 
É
 um dia que celebra a Vigília de Todos os Santos. E os católicos 
irlandeses é que começaram a se vestir de diabo e bruxas. Sabem por quê?
 Para debochar do paganismo, para mostrar, num jeito bem celta, que os 
“antigos costumes” não valem nada, que o diabo não tem poder sobre 
Cristo. E também para manter o seu folclore (duendes, gnomos etc – mas 
tudo folclore, eles não acreditam nisso). 
O
 Halloween é a cristianização da festa pagã anterior, dos celtas, mas 
não é paganismo na Igreja. Até porque o festival pagão se chamava 
Samhain. Halloween é nome católico. 
Identificar
 o Halloween com paganismo, como se fosse errado e satânico, é coisa 
recente. Fantasiar-se de bruxa é algo muito católico. 
O
 fantasiar-se de monstro e bruxa pode até ter começado com os pagãos 
(mas no Samhain, não no Halloween). De qualquer forma, os católicos 
adotaram esse costume, mas mudando a finalidade: manifestar a supremacia
 de Cristo sobre o paganismo, do qual debochavam pelo uso de máscaras 
(inclusive de bruxas, que eram as sacerdotisas do druidismo celta). 
Pagãos
 não teriam que se vestir de bruxas, pois eles eram adeptos da religião 
das mesmas (seria como se os católicos se vestissem de padre, coisa sem 
função). Eles se vestiam é de monstros. Nós adotamos o tal costume e 
ainda nos vestimos de bruxa, para debochar do paganismo. 
Festas
 semelhantes existem no Peru e na Colômbia, com máscaras indígenas 
pagãs, mas para igualmente debochar do paganismo. E a Igreja lá nunca 
proibiu (como a da Irlanda também nunca proibiu as máscaras de 
Halloween). 
Só considero que seja estranho esse
 costume no Brasil, pois não é parte de nossa cultura. Nos EUA, tudo 
bem, porque os irlandeses foram em massa para lá. Mas aqui? Se querem 
debochar do capeta e, ao mesmo tempo, celebrar o folclore, o mais 
sensato seria nos vestirmos de saci-pererê e mula-sem-cabeça. 
A
 coisa é muito simples. O que significa “All Hallows Eve” (de onde vem a
 contração “Halloween”)? Significa “Vigília de Todos os Santos”. Era uma
 festa cristã, que constava do calendário litúrgico até a reforma de 1962. Logo, é uma festa cristã, não pagã. Uma cristianização do antigo Samhain (esse, sim, pagão). 
Já o vestir-se de bruxa é um deboche do paganismo. 
Agora se alguém faz isso para brincar de bruxo, sinto muito. Não tira a origem cristã nem da festa nem do costume. 
O
 Halloween foi criado para combater o Samhain, esse sim um dia pagão. O 
Halloween é o Samhain batizado, cristianizado, purificado. Se outros o 
paganizaram novamente, isso é outro problema. Mas a festa é nossa! 
O
 Natal, por exemplo, está extremamente comercial, e mesmo em alguns 
países é totalmente laicizado, sem nenhuma referência a Jesus. Se a moda
 pega, e os pagãos assumem o Natal para eles (até porque a origem também
 é pagã, como o Samhain), deixaremos de comemorar? 
Assim
 como o Dia do Sol foi cristianizado e se transformou no Natal, o 
Samhain foi cristianizado também e se transformou no Halloween (All 
Hallows Eve – Vigília de Todos os Santos). Ou seja, o pagão é o Dia do 
Sol, e é o Samhain. Se evitarmos o Halloween por ser originado do 
Samhain, evitemos o Natal por ter sido o Dia do Sol. O raciocínio é 
IDÊNTICO! 
Estamos fazendo com o Halloween, festa católica, o mesmo que fazem os testemunhas de Jeová com o Natal. 
Concordo
 que o Halloween tenha sido deturpado por grupos esotéricos, por sua 
origem ser o Samhain, mas a resposta católica será repudiar uma festa 
que é nossa? Então, se inimigos da Igreja se apropriarem do Natal, 
deturparem-no e retomarem para si por causa de sua origem no Dia do Sol,
 passaremos a não mais comemorar o Nascimento do Salvador? 
Ou
 vamos negar que a Vigília de Todos os Santos (All Hallows Eve, em 
inglês, cuja contração fica Halloween) seja uma festa católica? Festejar
 todos os santos é coisa pagã? Não confundam: o Samhain é pagão, porém o
 Halloween é católico. Agora, se os pagãos “seqüestraram” o Halloween 
para eles nos dias de hoje, isso é outro assunto. 
Abram
 um calendário litúrgico anterior ao código de rubricas de João XXIII, e
 verão no dia 31 de outubro: “Vigília de Todos os Santos”. Se for em 
inglês estará “All Hallows Eve, also know as Halloween”. 
No fundo, a grande questão é se é lícito ou não aderir a essa festa. E é, porque é católica! 
E
 se é lícito ou não fantasiar-se de bruxa, duende, vampiro. E é, pois 
tanto a origem é católica (irlandesa), quanto o fim pode ser neutro 
(crianças brincando de assustar) ou bom (debochar do paganismo). Se o 
fim for ruim (exaltar o paganismo, ou festejar o Samhain disfarçado em 
festa católica), é errado. 
Alguém poderia contrapor: “A
 expressão “Dia das bruxas”, considerada atualmente como sinônimo fosse 
de Halloween, dá a idéia de um dia em que as mesmas são homenageadas ou 
debochadas???” 
Dá a impressão que são 
homenageadas, eu sei. É por isso que insisto em “Halloween”, pois é o 
nome católico, e não em “Dia das bruxas”.
Aliás, nos EUA eles não
 chamam de “Dia das Bruxas”. Essa tradução portuguesa é mal feita e 
desconexa com a realidade. Lá é Halloween, pura e simplesmente. Se aqui 
querem traduzir, que traduzam direito: “Vigília de Todos os Santos”. Ou 
deixem em inglês mesmo: “Halloween”. Aqui no Brasil é que se inventou 
uma tradução ridícula e sem sentido como “Dia das bruxas”.
Um artigo da Quadrante confirma o que eu digo! 
Algumas linhas, enfim, do conhecido apologista católico, Prof. Carlos Ramalhete, sobre o tema: 
“As fantasias de seres malignos postas em crianças é uma forma de mostrar como eles são fracos e ridículos (como as crianças, que na Europa são tradicionalmente vistas como adultos que ainda não estão “prontos”). As fantasias de Halloween têm, assim, um sentido simbólico mais ou menos parecido com o uso de fantasias de políticos no Carnaval brasileiro.Como, contudo, com a descristianização da sociedade americana houve um ressurgimento dos medos pagãos, atribuindo aos demônios poderes maiores que a realidade, criando-se novas formas de culto demoníco (Wicca, etc.), no que a visão calvinista de mundo não ajudou pouco (basta lembrar-se do episódio das Bruxas de Salém para ver este medo em ação), esta festa derivou até ter par alguns o significado presente de celebração da bruxaria. O que era ridículo tornou-se “mágico”, o que era uma demonstração de fraqueza tornou-se demonstração de força.Podemos assim dizer que o Halloween atualmente adicionou conotações não-cristãs a uma festa cristã (a festa celta foi completamente perdida e submergida no cristianismo, como a nossa festa de S. João – originalmente data magna da comemoração celta do solstício de verão -, o uso de alianças de casamento, etc.). Estas conotações, porém, dentro do “mainstream” americano, não tem em absoluto um sentido de protesto aberto contra a Igreja, sendo apenas uma festa algo farsesca (logo ainda preservando algo do espírito cristão original). Apenas alguns amalucados (Wiccans e outros) a vêem como celebração da bruxaria e não como uma espécie de Carnaval.”
Evidentemente, não estamos, com isso, de modo algum, legitimando o abuso que hoje se faz em relação à data. 
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Comentário litúrgico:
Mesmo
 entre os que usam o Missal e o breviário de 1962 (forma extraordinária,
 portanto), não existe mais a “Vigília de Todos os Santos”. 
Liturgicamente, então, não há como comemorar “Halloween” nem na forma 
ordinária, nem na extraordinária.
Todavia, 
embora não haja Missa ou Ofício próprios no dia 31 de outubro (ou no 
sábado anterior ao Domingo para o qual a Solenidade de Todos os Santos é
 transferida, onde ela o é, como no Brasil), pode-se aproveitar para 
reunir os fiéis na recitação pública das I Vésperas de Todos os Santos. 
Não é A Vigília de Todos os Santos, como um dia assinalado no calendário, mas não deixa de ser UMA
 vigília (não em preparação, mas a própria festa, como já é I Vésperas).
 Não há Missa específica da vigília, contudo se pode celebrar 
publicamente as I Vésperas, com grande solenidade, paramentos brancos, e
 mesmo Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento. Um Ofício público 
das Vésperas diante do Santíssimo exposto seria uma grande oportunidade 
para, na Igreja, celebrar bem o “Halloween”.
Após
 as Vésperas, pode-se, ainda diante do Santíssimo e antes de dar a 
bênção, no tempo previsto para a adoração, recitar a Ladainha de Todos 
os Santos, prevista no Ritual Romano.
Uma 
atividade “para-litúrgica”, outrossim, pode ser feita em sua igreja, 
família ou comunidade religiosa, com textos da antiga Liturgia das Horas
 pré-1962, retirando toda e qualquer idéia que vincule tal atividade à 
liturgia. Os textos de antigas liturgias não são mais litúrgicos, porém 
podem ser usados como devoção pessoal.
E, depois
 da liturgia ou para-liturgia, se quiserem as crianças se fantasiar e 
pedir doces, que o façam, sendo-lhes explicado o sentido de tudo isso 
que acabamos de expor.
Fonte: Salvem a Liturgia! 
 
 
 
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