segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Pintura mural única no país descoberta na capela de Santo Cristo (Portugal)




Painel do século XVI deve ser classificado como património de interesse público

Na capela de Santo Cristo, em Picote, na Diocese de Bragança-Miranda, foi descoberto um painel de frescos considerado como único no país, alusivo à vida de S. João Batista e datado da primeira metade do século XVI.

De acordo com a diretora do Centro de Conservação e Restauro de Arte Sacra da diocese de Bragança-Miranda, este mural viu a luz do dia graças a uma intervenção de conservação e restauro no altar-mor do referido templo.

“Quando chegamos à capela para o diagnóstico do retábulo, observamos que havia uma pintura mural por detrás, apesar de não ser muito visível”, contou Lília Pereira da Silva, em declarações à Renascença.

Com quatro metros de comprimento e cinco de altura, este fresco ilustra episódios da vida de S. João Batista, narrados pelos Evangelhos, como “a visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel, o batismo de Jesus e a própria morte do profeta, que acabou decapitado.

A capela de Santo Cristo fica situada na localidade de Picote, concelho de Miranda do Douro.

Perante a importância desta descoberta, decidiu-se “desmontar o altar para saber qual a extensão do núcleo do mural”.

Joaquim Caetano, especialista nesta área, destaca um painel “cheio de cor, de vermelhos e ocres intensos e zonas decorativas com imitação do tecido da época, como brocados, de um lado e do outro, criando um certo ambiente de maior conforto, quase deslumbramento”.

A paróquia local, bem como a Diocese de Bragança-Miranda e a autarquia de Miranda do Douro já saudaram esta descoberta, que “enriquece todo o património” da região, salientou a vereadora Anabela Torrão.

O importante agora é que o trabalho de conservação e restauro permita preservar o espírito e a autenticidade desta obra.

“As coisas têm um tempo, têm uma vida. Hoje não podemos ter uma pintura com 400 anos com aspeto de ter sido feita ontem. Isto é quase um ato de iconoclasta. É desvirtuar aquilo que é a autenticidade daquela peça”, frisou Joaquim Caetano, conservador e historiador de arte.

No horizonte está já a classificação do painel e da capela de Santo Cristo “como património de interesse público”.

Algo que, de acordo com Lília Pereira da Silva, já foi manifestado por técnicos da Direção-Regional de Cultura do Norte, que visitaram o local.

Além do referido painel de frescos, os trabalhos na capela de Santo Cristo permitiram encontrar uma pedra de ara, ou seja, uma pedra benzida que se coloca no altar e sobre a qual o sacerdote faz a consagração; e uma estela funerária, objeto no qual eram efetuadas esculturas em relevo ou textos, dedicados a um ente querido já falecido.

JCP

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