quinta-feira, 31 de março de 2016

‘Crucificado’ de 1777 do Mosteiro de São Bento é restaurado


Recuperação da histórica obra marca fim de mais uma fase das obras da centenária igreja do Largo de São Bento


Foto: Gabriela Biló/ Estadão

Na tarde da última segunda, a imagem barroca de Cristo crucificado voltou ao seu lugar, na imponente parede do transepto, à esquerda do altar-mor da Basílica Nossa Senhora da Assunção, mais conhecida como igreja do Mosteiro de São Bento. Auxiliado por quatro homens, o restaurador João Rossi colocou a preciosidade de volta. Simbolicamente, o maior restauro da centenária igreja, marco histórico-religioso do centro paulistano, completou mais uma etapa.

Agora, as três imagens sacras mais importantes do acervo do Mosteiro de São Bento, estão novinhos em folha. Primeiro, foram recuperadas as estátuas de São Bento e de Santa Escolástica (fotos abaixo), ambas de barro, feitas pelo monge beneditino Agostinho de Jesus no século 17, pioneiro da escultura no Brasil. Agora, foi a vez do Crucificado, obra em cedro de autoria de José Pereira Mutas, esculpida em 1777 sob encomenda para os beneditinos.



Foto: Gabriela Biló/ Estadão


Foto: Gabriela Biló/ Estadão

“E ninguém que está vivo a conheceu como era de fato”, conta o restaurador, que dedicou-se à imagem nos últimos cinco meses. Isto porque a cruz onde ele está preso era totalmente coberta por uma tinta preta. No trabalho de recuperação, Rossi descobriu que na verdade, originalmente havia um friso folheado a ouro 22 quilates. “Pelo que pude verificar, deve ter sido recoberto por tinta preta nos anos 1920”, afirma ele.

Antes do atual restauro, a peça estava danificada pela poluição e também pela gordura das mãos das pessoas. “É comum que os fiéis toquem nos pés dessa imagem, em sinal de veneração”, afirma o monge beneditino João Baptista. “Apesar de ser uma obra de arte, preferimos não interferir na devoção.”

Rossi confirma: os pés do Cristo estavam bastante deformados e ele precisou corrigir, com uma camada de gesso. Até hoje, os monges preservam um trato firmado pela instituição com o escultor em 1777. “Pelo termo, ele pedia que duas lamparinas ficassem acesas de modo perpétuo ao lado da imagem”, conta Baptista. “Claro que hoje usamos iluminação elétrica, por segurança: mas oCrucificado tem luz 24h por dia.”

A parede onde fica o santo também foi totalmente recuperada nesta fase. Descobriu-se a cor original, por baixo do marrom que havia ali. “Era vermelha, e vermelha tornou a ficar”, celebra Rossi. “Também encontramos detalhes em folha de ouro, e os recuperamos.” Essa parede continha uma rachadura grande, que também foi corrigida.

A basílica dos beneditinos integra o conjunto arquitetônico – projetado pelo alemão Richard Berndl (1875-1955) – erguido de 1910 a 1914 no Largo de São Bento, centro de São Paulo. Tombada desde 1992 pelo órgão municipal de proteção ao patrimônio (Conpresp), a igreja havia passado apenas por uma restauração, de menores proporções, em 1978 – para recuperar danos causados pela construção da Estação São Bento do Metrô.

O valor investido na obra não é informado pelos beneditinos, que mantêm em sigilo também o nome do patrocinador. “Mas o pagamento está garantido até a conclusão de toda a obra”, diz Baptista. Pelas contas de Rossi, até julho a outra parede do transepto será concluída. Depois, com mais um ano de obra, ele e sua equipe terminam toda a nave da igreja. O órgão de 6 mil tubos também está sendo restaurado: uma vez a cada seis meses, um especialista argentino vem a São Paulo e realiza uma etapa do trabalho.

Isso tudo respeitando a rotina dos monges. Em ocasiões especiais, como a Páscoa, não podem haver andaimes dentro do templo – é por isso que os cronogramas são organizados de modo a prever que cada etapa seja encerrada nas proximidades de tais datas. As obras são executadas de segunda a sexta, das 8h às 17h – mas Rossi precisa interromper a labuta por 15 minutos às 11h30 – para oração dos monges – e por uma hora às 13h – para a missa. “Os restauradores aproveitam para fazer o horário de almoço”, afirma Baptista. “Enfim, eles precisam se adaptar à nossa rotina.”

Rotina de tradição ímpar. O Mosteiro de São Bento ocupa, desde 1598, o mesmo terreno no centro de São Paulo. Ao longo dos séculos, vários edifícios foram reformados, demolidos e construídos. Este último conjunto, que completa cem anos, foi decorado entre 1912 e 1922.


Foto: Gabriela Biló/ Estadão

Texto de Edison Veiga
Fonte:Jornal Estadão

Património: Portalegre recebe exposição «Imagens de Fé» (Portugal)


Património: Portalegre recebe exposição «Imagens de Fé»
Agência Ecclesia 28 de Março de 2016, às 17:01

Exposição dá a conhecer ex-votos provenientes das diversas paróquias

A Diocese de Portalegre-Castelo Branco, em parceria com a Câmara Municipal de Portalegre, inaugura, esta sexta-feira, pelas 11h30 a exposição «Imagens de Fé – Ex-votos da Diocese e Portalegre-Castelo Branco».

Esta exposição, no Museu Municipal de Portalegre, apresenta um “conjunto significativo de ex-votos” provenientes das diversas paróquias da diocese.

“O conjunto singular que se apresenta, constitui um invulgar e raro acervo do repositório patrimonial a nível regional e nacional e manifesta as inúmeras experiências humanas vividas nos séculos XIX –XX, onde a fé se cruza com a existência quotidiana”, refere um comunicado enviado à Agência ECCLESIA pela Comissão dos Bens Culturais da Diocese de Portalegre-Castelo Branco.

O organismo diocesano assinala que esta é “primeira grande ação de divulgação” do património, numa iniciativa a que a mesma “comissão deseja dar continuidade num modo contínuo e regular”.

O ex-voto é um quadro, imagem, objeto de cera ou outra expressão da arte ou artesanato popular, com que os fiéis agradecem a Deus, a Nossa Senhora ou ao santo da sua devoção, por um milagre que lhe atribuem, cumprindo uma promessa feita durante um período de aflição.

LFS/OC

quarta-feira, 30 de março de 2016

Restauro de Arte Sacra em Ilhéus-BA




Será concluída até junho a restauração de 18 obras de arte do Convento da Piedade, em Ilhéus. Entre as peças que passam pelo processo estão as imagens das santas Joana D’Arc, Ângela, Teresinha de Lisieux e de N. S. da Piedade.

O restauro das peças de arte sacra começou em novembro. O acervo faz parte da igreja, inspirada no estilo neogótico francês. A maior parte é composta por peças jesuíticas, vindas de São Paulo e Ribeirão Preto em meados do século 20.

A restauração das peças é coordenada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia e conta com apoio da comunidade de Ilhéus. A restauração integra as comemorações do centenário da igreja Nossa Senhora da Piedade.

terça-feira, 29 de março de 2016

Sala Angelita Stefani recebe mostra de objetos usados em cultos católicos


Mostra contará com peças do acervo do Museu Histórico e Cultural das Irmãs FranciscanasFoto: Claudio Vaz / Agencia RBS


Abre nesta terça-feira, na Sala de Exposições Angelita Stefani, do Centro Universitário Franciscano, a exposição Objetos Sacros – Arte e Memória Franciscana. A partir das 16h, o público poderá conferir peças que compõem os altares das celebrações religiosas católicas como ostensórios, relicários, sacrários e crucifixos.

Com curadoria de Círia Moro e Franciele Roveda Maffi, a mostra – que exibe itens do acervo do Museu Histórico e Cultural das Irmãs Franciscanas – pretende fazer o visitante compreender o uso e a importância de cada objeto nos atos litúrgicos.

A exposição vai até 27 de abril e pode ser conferida de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h, e nas terças e quartas-feiras, das 9h ao meio-dia. A Sala de Exposições Angelita Stefani fica no Conjunto 3 do Centro Universitário Franciscano (Rua Silva Jardim, 1.175) - Santa Maria - RS. A entrada é franca.


DIÁRIO DE SANTA MARIA

MOSTRA DE ARTE SACRA NA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO (VASSOURAS-RJ)

No ano de 2015, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição fez um trabalho de catalogação de suas peças de arte sacra e as organizou em uma sala para apresentar seu acervo, um trabalho desenvolvido por voluntários e que contou com a orientação técnica do INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural).

Esse trabalho minucioso, por parte da equipe voluntária, foi realizado com apoio total da Paróquia através do Pároco Pe. José Antonio da Silva e supervisão do INEPAC com limpeza, restauro, catalogação e registro fotográfico das peças sacras que pertencem à Paróquia e que são parte integrante do acervo da Diocese de Valença-RJ.

O resgate desse patrimônio não foi somente das obras em si, mas também da história cultural e artística da cidade de Vassouras.

O acervo contendo aproximadamente 200 peças mostra um pouco da riqueza e da arte de uma época gloriosa.

Fica aqui o convite a todos que passem pela cidade, de conhecerem um pouco mais de sua história, que é também a de cada um de nós, brasileiros. Aproveitamos a oportunidade para informar que estamos recebendo doação de imagens antigas e demais objetos para enriquecer nosso acervo, interessados, fale conosco: janthonius@uol.com.br

Situado no Consistório da Igreja da Igreja Matriz, a Mostra encontra-se aberta ao público aos sábados, domingos e feriados, das 09h30min às 13h; o ingresso custa R$ 5,00 (cinco reais), sendo que estudantes pagam meia entrada, conforme a Lei Federal 12.933-13, mediante apresentação de carteirinha. Existe também a possibilidade de agendamento especial para grupos, através de contatos com Andrea Jordão – 024 – 9-99-69-5749 ou Maria Aparecida – 024 – 9-9297-3858.

IGREJA DAS DORES VAI ABRIGAR O PRIMEIRO MUSEU DE ARTE SACRA DE PORTO ALEGRE





A Igreja Nossa Senhora das Dores, a mais antiga de Porto Alegre, se prepara para um novo marco em sua história: abrigar o primeiro museu de arte sacra da capital gaúcha. A inauguração do espaço deve acontecer somente a partir de 2019, mas os trabalhos para torná-lo real já estão sendo realizados.

Depois que for aberto ao público, o espaço será um memorial da cultura e do patrimônio histórico dentro da própria igreja. A ideia é criar um percurso museológico, apresentando aos visitantes materiais que contem tanto a história do local, quanto a da cidade.

O projeto prevê duas salas: uma localizada na Capela da Pompéia (que hoje permanece fechada) para exposição permanente e interativa, e outra, no subsolo, para mostras temporárias e projeções de vídeo. Além das programações elaboradas, serão expostos mais de dois mil itens que já fazem parte do acervo da igreja, mas que não ficam ao acesso da população.



Entre esses artigos que serão revelados com o memorial estão peças litúrgicas, flâmulas, estandartes, estatuária em gesso e madeira do século XIX. Também haverá telas, medalhas, livros, partituras, fotos e papéis.

Atualmente, o projeto – que foi aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura do estado e pela Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, no final do ano passado – está em fase de captação de recursos e deve começar a sair do papel em 2017, quando a execução da obra terá início. A partir de então, estão previstos mais dois anos de ações até que tudo esteja pronto.

Para já apresentar a proposta aos porto-alegrenses, ocorre na próxima semana, no dia 31 de março, um piquenique noturno nas escadarias da Igreja Nossa Senhora das Dores (Riachuelo, 630). A atividade, que integra a programação do aniversário de 244 anos da Capital, começa às 19h e terá a presença da banda Isla Quintana e do grupo Acapoeira-RS. O público está convidado a levar cangas, comidas, bebidas e participar dessa celebração à cultura local.

domingo, 20 de março de 2016

sábado, 19 de março de 2016

São José




Consagração a São José

Oh! Glorioso Patriarca São José, eis-me aqui, prostrado de joelhos ante vossa presença, para pedir-vos vossa proteção.

Desde já vos elejo como meu pai, protetor e guia.

Sob vosso amparo ponho meu corpo e minha alma, propriedade, vida e saúde.

Aceitai-me como filho vosso.

Preservai-me de todos os perigos, ataques e laços do inimigo.

Assisti-me em todo momento e sobre tudo na hora de minha morte. Amém.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Exposição: Visões do Sagrado


Exposição de Artes Sacras na Diocese de Limeira




“Visões do Sagrado” terá imagem de Nossa Senhora das Dores do século XIX

As visitas são gratuitas até 2 de julho, no Espaço Cultural Engep


A exposição “Visões do Sagrado – Arte Sacra na Diocese de Limeira”, que apresenta ao público uma pequena parte do rico acervo de obras de arte sacra dispersa pelo território da Diocese de Limeira, será aberta ao público no dia 19 de março, no Espaço Cultural Engep, em Limeira.

Quem visitar a exposição terá a oportunidade de ver imagens, alfaias e paramentos dos acervos de algumas igrejas e capelas da diocese, datados de meados do século XVIII aos dias atuais. Entre as peças expostas, estarão as imagens de Nossa Senhora da Dores e um crucifixo de banqueta, do início do século XIX e em madeira entalhada, que teriam pertencido à primitiva capela que deu origem à cidade de Limeira em 1826. Além do conjunto de esculturas em barro, madeira e gesso, serão também apresentadas aos visitantes obras em prataria e diversos tipos de metais que serviam ao culto, como cálices, turíbulos, ostensórios e relicários, e antigas vestes utilizadas pelos sacerdotes católicos até antes do Concílio Vaticano II.

Segundo João Paulo Berto – curador da exposição, o estudo que deu origem à mostra é fruto de um amplo trabalho de inventário dos bens culturais diocesanos iniciado este ano. “No campo das artes, aquela produzida no âmbito religioso é uma das mais importantes, em especial pela sua diversidade. Assim, a partir das peças expostas, procuramos mostrar que, além do culto, estes itens nos ajudam a entender melhor a história, a arte e a cultura das comunidades”, afirma Berto. Desta forma, ressalta que a mostra é voltada ao público em geral e não apenas àqueles de formação religiosa.

Em quatro décadas de história, a Diocese de Limeira conta atualmente com 86 paróquias e quase 400 comunidades que guardam um rico acervo de imagens e paramentos.

“Visões do Sagrado” integra a programação dedicada ao ano jubilar de aniversário da diocese, que em 26 de junho próximo, completará 40 anos de criação e instalação, com uma grande Concentração Diocesana de fieis no Estádio Municipal Major José Sobrinho, na cidade de Limeira.

Para Dom Vilson Dias de Oliveira, DC bispo diocesano de Limeira, a exposição “é um marco na história da diocese”, sendo um ponto de partida para a criação do Museu de Arte Sacra da Diocese de Limeira, projeto que está em andamento e deve se concretizar em breve.

Dom Vilson destaca, também, que só foi possível a realização da exposição graças a parceria com o Instituto Sociocultural “Cássio de Freitas Levy” e com o Espaço Cultural Engep, que acreditaram e abraçaram o projeto. Para o presidente do Instituto, Paulo Masuti Levy, esta é uma oportunidade única para o público apreciar obras de grande valor cultural, muitas vezes não colocadas à visão dos fiéis nos templos.

Com direção executiva de Ivo Marreiro, curadoria de João Paulo Berto e curadoria associada de Ana Cláudia Cermaria e Marco Antônio Erbeta, a exposição tem realização do Instituto Sociocultural “Cássio de Freitas Levy” e da Diocese de Limeira, com apoio cultural do Centro de Documentação e Memória “Bento Manoel de Barros”, Espaço Cultural ENGEP e Grupo ENGEP.

A mostra ficará aberta até o dia 02 de julho, de segunda a sexta, das 9h às 18h, e aos sábados e domingos, das 9h às 13h, com entrada gratuita.

Para mais informações e agendamentos de visitas, entrar em contato pelo telefone (19) 99458-8104, em horário comercial.



Serviço:

O que: Exposição “Visões do Sagrado – Arte Sacra na Diocese de Limeira”

Onde: Espaço Cultural Engep – Largo Boa Morte, 118 – Centro, Limeira-SP

Quando: de 19 de março a 02 de julho

Pra quem: público em geral

Informações: (19) 99458-8104 (horário comercial)



Marco Antônio Erbeta

Assessor de Imprensa

Diocese de Limeira



João Paulo Berto

Curador do Espaço Cultural ENGEP

Curso de Douramento


Fonte: Bethania Villalba

terça-feira, 15 de março de 2016

Passaram a mão no nosso Cristo, Jesus! Estava num cofre de Lula

Cofre do Banco do Brasil em nome de Marisa Letícia e Lulinha guardava crucifixo do século XVI que pertence ao Brasil

Por: Reinaldo Azevedo




O Cristo surrupiado: pô, gente, foi parar no cofre sem querer

Ai, ai… Parece piada, mas não é. Parece bufonaria de quinta categoria, mas é tudo verdade. A coisa é, sob muitos aspectos, inédita. O modelo petista de gestão do estado surpreende pelo tamanho do descalabro, mas também pelos detalhes que exibe, ora patéticos, ora sórdidos, ora gratuitamente abusivos.

Reportagem da revista Época informa que a força-tarefa chegou a um cofre do Banco do Brasil, em São Paulo, que abriga 23 caixas lacradas, com data de 19 de março de 2012. Ali está parte do acervo que Lula levou consigo da Presidência. Muita coisa é presente de chefes de estado em suas viagens mundo afora.

Ocorre que havia um pouco mais do que isso. Eis que, entre os pertences, sob a guarda de Marisa Letícia e Lulinha, também estava um crucifixo entalhado em madeira, datado do século XVI, que pertence ao estado brasileiro. O valor é inestimável.

É uma coisa impressionante mesmo. Lula levou consigo dez contêineres quando deixou a Presidência. Esse material está num depósito em Barueri, e quem pagou a hospedagem foi a OAS: R$ 1,3 milhão. O que realmente tem valor, como joias, adagas e moedas, foi parar no banco. Já tinham dado conta do sumiço do Cristo desde que Lula deixou o poder. Mas ninguém ousava perguntar.

Notem: nas suas viagens quando presidente, certamente Lula ganhou um presente pessoal ou outro. Mas a maioria dos mimos pertence ao estado brasileiro. Os regalos não foram dados ao indivíduo, mas ao chefe de estado. O caso do Cristo é diferente. A obra pertencia ao acervo do país.

Dizer mais o quê? Evidentemente, isso foi tirado do Palácio do Planalto sem que Lula soubesse, né? E sequestraram o Cristo sem querer. É que o Apedeuta já não sabe distinguir o que lhe pertence do que pertence ao Brasil.

Nunca soube!

Fonte: Revista Veja

Se achadas, obras sumidas poderiam formar maior museu de arte do Brasil

Na edição de domingo passado, o Programa Fantástico exibiu uma matéria sobre o roubo de peças, principalmente sacras. veja abaixo:

Reportagem revela quadrilhas especializadas no roubo de obras sacras que atendem a mercado negro. Assalto a museu, em 2006, permanece mistério.


Veja o vídeo aqui.


Sejam bem-vindos ao maior museu do Brasil! Uma coleção que reúne obras de mestres das artes plásticas, Dalí, Picasso, Monet, Aleijadinho, não só do Brasil, mas de toda o mundo. Infelizmente ninguém pode ver essa coleção, porque todas essas obras estão desaparecidas.

No dia 26 de fevereiro, o maior roubo de obras de arte do Brasil completou 10 anos. O assalto ao Museu Chácara do Céu, no Rio, aconteceu durante o carnaval de 2006. Na ocasião, bandidos aproveitaram um bloco de carnaval que desfilava ali, entraram no museu armados e levaram quadros de Dali, Matisse, Monet e Picasso, avaliados, na época, em US$ 50 milhões.

De acordo com especialistas em segurança, a fragilidade do patrimônio artístico e histórico nacional é enorme. Prova disso são os roubos de arte sacra, um problema muito mais grave que os roubos a museus. A lista oficial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, registra 1.644 peças sacras sumidas no Brasil. O destino dessas obras quase sempre é desconhecido; muitas vão parar em antiquários.

O Fantástico descobriu o paradeiro de obras retiradas de igrejas, todas hoje em mãos de colecionadores. Em trabalho independente, a equipe que cuida do patrimônio histórico no Ministério Público de Minas Gerais já recuperou quase 700 obras. As peças foram redistribuídas a museus de Minas Gerais. A maioria estava no Rio ou em São Paulo.

Fonte: G1

segunda-feira, 14 de março de 2016

Sé Primacial do Brasil



O antigo templo da Sé Primacial do Brasil, situado na Praça da Sé, Centro Histórico de Salvador, foi demolido em 1933 num ato infeliz de impulso modernista.

Atualmente, a Catedral Basílica Primacial de São Salvador é a antiga Igreja dos Jesuítas, do século 17.

A primeira Catedral do Brasil foi criada em 1552, e funcionou provisoriamente na antiga Igreja da Ajuda até 1553, quando uma nova igreja começou a ser construída para receber o primeiro bispo do Brasil.

O novo templo, construído com vista para o mar, passou por diversas reformas e ampliações. Em meados do século 18, atingiu seu estágio mais suntuoso (veja reconstituição ao lado), época em que foi considerada o mais grandioso templo da América do Sul.

Infelizmente não resistiu ao tempo e ao descaso de políticos com o patrimônio histórico. No final do século 18, já não possuía as duas torres. Em 1933, a Catedral foi totalmente demolida para dar espaço à circulação de bondes de uma empresa inglesa, apesar de muitos protestos de parte da população. O local é hoje parte da Praça da Sé.

Acima, reconstituição da fachada da Sé por Vilhena em seu apogeu, no século 18, publicada em 1802. Embaixo, uma reconstituição de computação gráfica feita por Iuri Peixoto, em 2011.





O Instituto Feminino da Bahia abriga partes de uma das capelas barrocas da Sé.

Veja também o estudo do arqueólogo Carlos Alberto Santos Costa, professor da Universidade Federal do Recôncavo: A Sé Primacial do Brasil: uma Perspectiva Histórico-Arqueológica.



***

Ilustração da Sé em 1756, em seu apogeu, representado no Prospecto do engenheiro baiano José Antônio Caldas.



As duas fotos a seguir, a secular Catedral como estava em 1928, em péssimo estado de conservação, já sem as torres e com a fachada irreconhecível (foto de Eduardo Braga). Embaixo, a Catedral vista da Baía de Todos os Santos, entre 1909 e 1912.








O monumento da Cruz Caída, do escultor baiano Mário Cravo Júnior, está no Belvedere da Sé, próximo ao local onde estava o frontispício da Catedral demolida em 1933. Foi encomendado pela Prefeitura de Salvador e inaugurado em 29 de março de 1999, em comemoração aos 450 anos de fundação da Cidade.

A construção, em aço inox, com três elementos acoplados, possui 12 metros de altura.

Fonte: Bahia-turismo

domingo, 13 de março de 2016

Bragança (Portugal). Centro de restauro de arte sacra quer evitar intervenção de “curiosos” ou “santeiros"

Texto de  Olímpia Mairos

O centro de restauro de arte sacra da diocese de Bragança-Miranda completa um ano de existência e assinalou o aniversário com uma formação em conservação preventiva.
Centro de Arte e Restauro em Sendim, Miranda do Douro. Foto: DR


Nasceu da vontade de assegurar uma resposta “transversal e pluridisciplinar”, para conservação e inventariação do património religioso, e neste primeiro ano de actividade, o centro de restauro de arte sacra da diocese de Bragança-Miranda já restaurou cerca de três dezenas de peças de arte sacra.

“O destaque vai para recuperação de altares e a escultura. No entanto, já foram feitas intervenções em pintura ou tectos policromados, sendo que as intervenções são sempre efectuadas por técnicos especializados”, refere a directora do centro, Lília Pereira da Silva.

Não foram apenas as unidades pastorais da diocese a recorrer aos serviços do Centro de Arte e Restauro sediado em Sendim, no concelho de Miranda do Douro. Também particulares aproveitaram para restaurar e conservar diversas peças.

A unidade está dotada um colégio científico que, segundo os seus impulsionadores, é “pioneiro” a nível nacional.

Lília Pereira da Silva nota que “cada vez mais, os responsáveis pela arte sacra estão sensibilizados para a intervenção especializada, o que faz com que a peça dure mais tempo”, garantindo que no centro “todas as intervenções seguem os preceitos enumerados pela ética da conservação e restauro, evitando a intervenção de curiosos ou santeiros”.

A unidade de restauro e conservação diocesana serve também de apoio e aconselhamento aos sacerdotes e comissão fabriqueiras, sempre que seja necessário, no âmbito de intervenções nas igrejas ou na estatuária.

“Pretendemos que as comunidades tenham confiança em quem entregam as peças para restaurar”, afirma o presidente da Comissão de Arte Sacra da diocese de Bragança-Miranda, padre António Pires, realçando que “sobram avisos de intervenções que não foram bem executadas num passado recente”.

Para assinalar o primeiro aniversário do centro, teve lugar na quinta-feira uma acção de formação em conservação preventiva que conta com diversos especialistas, que explicarão “técnicas básicas de conservação de acervos históricos e artísticos”. A iniciativa contou com mais de uma centena de pessoas inscritas.

Fonte: Sapo PT

sábado, 12 de março de 2016

Restauro da Nossa Senhora do Ó está quase concluído

Por  

Depois de passar alguns anos enfrentando sérios problemas estruturais e até risco de desabamento, a igreja Nossa Senhora do Ó está com seu restauro 95% concluído, restando apenas detalhes para sua conclusão total.

A segunda fase de restauro da igreja ocorre alguns anos após o restauro da parte exterior do templo, realizado pela Prefeitura de São Paulo, através da Subprefeitura Freguesia/Brasilândia, que na época gastou R$350 mil para a pintura externa e da cúpula, aplicação de textura e troca das grades no entorno da Igreja. Além disso foi colocado no interior da igreja um forro provisório para permitir o futuro restauro das pinturas sacras, na fase posterior da recuperação.
A previsão de restauro rápido da igreja não ocorreu, o que acabou por trazer inúmeros transtornos aos frequentadores da paróquia. Com a ameaça de desabamento do forro, a paróquia precisou instalar andaimes para evitar riscos aos frequentadores. A situação também acabou por afastar noivos interessados em fazer seu casamento por lá. Toda a estrutura interna da Nossa Senhora do Ó oferecia riscos.
A sequência de imagens abaixo mostra a situação e o início do restauro das pinturas:

Com o início da campanha de arrecadação entre os fiéis foi possível iniciar o caro processo de restauração da igreja. A comunidade e a paróquia até criaram uma página no Facebook para incentivar a doação de dinheiro para o trabalho. Esta campanha vem sendo muito bem sucedida e isso permitiu que o restauro avançasse para os patamares de hoje, com cerca de 95% concluído. Todo o processo é divulgado periodicamente na fan page, para estimular novos doadores.
O São Paulo Antiga visitou a Paróquia Nossa Senhora da Expectação da Freguesia do Ó (nome oficial) para acompanhar o processo e mostra a beleza da igreja com seu restauro quase concluído, vejam as fotos:




É muito gratificante ver este trabalho de restauração tão bem feito praticamente concluído, trazendo de volta todo o esplendor de uma das mais importantes igrejas da Cidade de São Paulo. Apesar de toda esta boa notícia, ainda há trabalhos pela frente e a paróquia continua necessitando de doações. Caso você tenha interesse, o link abaixo oferece as informações necessárias para a sua colaboração:
CURIOSIDADE:
Quem entra por uma das duas laterais desta igreja nem sempre repara que no piso destas pequenas entradas há inscrições feitas com caquinhos de azulejos. Segundo apuramos, quando ocorreu uma pequena manutenção na igreja em 1954 foram colocados inscrições nas duas laterais.
A primeira, do lado esquerdo, tem o ano de 1796 que é da construção da igreja original, destruída após um incêndio em 1896. A outra, com o ano de 1954, não há um consenso. Alguns frequentadores dizem ser uma homenagem ao IV Centenário de São Paulo, enquanto outros dizem ser apenas uma coincidência com o ano da reforma (o mesmo dos 400 anos da cidade).

Fonte: São Paulo Antiga (Mais fotos no link)

Catacumbas atestam: Jesus está realmente presente na Eucaristia


Quem quer que faça uma incursão pelas catacumbas dos primeiros cristãos, vai se deparar com uma verdade sublime e, ao mesmo tempo, inconveniente: desde o começo, os seguidores de Jesus Cristo reconheciam a Sua presença real na celebração da Santa Missa.
Graças à pregação dos Apóstolos, os cristãos começaram a multiplicar-se em todas as cidades, a ponto de o historiador Tácito dizer, no ano 66, que já era grande o seu número na capital do Império [1].
Por isso, não era nada surpreendente que Satanás, antevendo o fim de seu principado, procurasse, através dos mais diversos artifícios, apagar a religião cristã da face da Terra. Os pagãos, para quem a pregação da Cruz era loucura, tanto serviam de instrumentos ao demônio quanto mais a retidão dos cristãos condenava a perversidade do seu modo de vida. "Sereis odiados por todos, por causa do Meu nome" (Mt 10, 22): desde muito cedo a profecia de Cristo começava a cumprir-se.
O misto de simplicidade e mistério que rondava o discreto grupo dos cristãos inquietava cada vez mais os seus inimigos, que não tinham nenhum fato ou testemunho com os quais acusá-los. Por conta disso, todo tipo imaginável de maldade começou a ser atribuída a eles. Pela boca dos judeus, chegava aos seus ouvidos a misteriosa tradição de que, durante as suas festas, os cristãos faziam um sacrifício e, depois, bebiam a carne e o sangue de suas vítimas. Como os cristãos guardavam "a sete chaves" a doutrina da Sagrada Eucaristia e celebravam a Santa Missa sempre em segredo, começaram a circular acusações as mais absurdas, como a de que os cristãos sacrificavam e canibalizavam crianças inocentes.
Eram de tal modo discretas as circunstâncias em que se davam a celebração desse sacramento, que ninguém que não fosse batizado estava autorizado a aprender sobre ela, e os próprios catecúmenos deixavam as igrejas quando a parte mais solene da liturgia começava. Falar dessas coisas aos de fora era um crime tão grave que apenas hereges e apóstatas ousavam fazê-lo.
Não obstante todo o cuidado com que os primeiros cristãos preservavam os seus ensinamentos, eles ainda deixaram atrás de si as mais claras provas de sua fé na presença real do Senhor na Eucaristia, bem como da adoração que eles davam ao Corpo e Sangue do Senhor.
Se, durante as suas assembleias, eles oferecessem e consumissem simplesmente pão e vinho comuns, não haveria nenhum problema de fazê-lo diante de todo o mundo, sem perigo ou medo de perseguição.
O mistério se estendia não só a palavras e escritos, mas até aos lugares onde os nossos primeiros pais na fé se reuniam para o culto divino, em tempos de perigo e perseguição. Nesses lugares, estão conservados memoriais extraordinários, que dão testemunho de sua fé em Tão Sublime Sacramento.

Dentro das catacumbas de Roma

Fora dos muros da cidade de Roma, existe uma cidade subterrânea onde foram sepultados os cristãos dos primeiros séculos da Era Cristã. Antigamente, esses lugares eram chamados simplesmente de "cemitérios" ou "dormitórios", mas, nos tempos modernos, eles são designados pelo nome de "catacumbas". Sob esse título, são entendidos todos os lugares sagrados onde, em tempos de perseguição, os primeiros cristãos enterravam os seus mortos. 
As catacumbas consistem em longos labirintos, divididos por passagens, que variam em altura e largura de acordo com a natureza do solo em que foram escavadas. Nelas, existem câmaras, de todos os tipos e tamanhos, ornadas com afrescos. As passagens se encontram próximas umas às outras, em distâncias que variam de três a dez quilômetros dos muros da antiga Roma, ao longo das rodovias. Calcula-se que, unidos, o comprimento desses corredores subterrâneos exceda 560 quilômetros de extensão. Contam-se cerca de 43 catacumbas, 26 maiores e 17 de menor tamanho, de acordo com a extensão dos leitos de tufo calcário, uma rocha vulcânica macia na qual elas foram escavadas pelos cristãos. Tendo em mente que o corpo do Senhor foi deixado em um sepulcro novo escavado na rocha, eles estavam ansiosos por proverem para os seus entes queridos uma tumba parecida, a fim de que também na morte eles seguissem a imitação de Cristo.
Esse modelo de sepultamento era praticado pelos judeus em Roma no primeiro século e algumas famílias romanas antigas ainda mantinham a prática de seus ancestrais etruscos, recusando-se a soterrar os seus mortos. Mas uma característica completamente nova é encontrada nos cemitérios cristãos: a caridade cristã impulsionava muitos da nobreza patrícia que tinham abraçado a fé a enterrar em seus cemitérios privados também os seus irmãos mais humildes, de modo que, já no terceiro século da Era Cristã, cada uma das igrejas paroquiais de Roma tinha o seu próprio cemitério do lado de fora dos muros. Até meados do mesmo século, os cemitérios cristãos continuarão sob a proteção da lei romana, que resguardava todos os túmulos como sagrados e invioláveis.
A história deixou-nos os nomes de muitas nobres mulheres, como Domitila, Lucina, Priscila e Ciríaca, que fizeram as suas propriedades de cemitérios e receberam em suas próprias casas as urnas com os corpos dos Santos Mártires. São Sebastião, São Lourenço, São Nereu e Santo Aquiles são exemplos dos nomes de algumas das catacumbas em que seus respectivos corpos foram sepultados.
O trabalho de escavar esses corredores dos mortos – com os túmulos e as capelas mortuárias que eles continham – foi confiado à confraria dos fossores (escavadores, em latim). Esses homens devotos, que pertenciam em sua maior parte às classes operárias, podiam ser comparados ao venerável Tobias, que escondia os mortos de dia para dar-lhes uma sepultura à noite (cf. Tb 1, 18; 2, 7). O ofício deles, além de extremamente árduo, era cheio de perigos. Com que coragem eles não penetravam nos canais da terra e, com a luz opaca de suas lamparinas, talhavam aqueles corredores na tufa sólida! Nas paredes das passagens, os túmulos eram escavados um em cima do outro, em número de seis ou mais, de acordo com a altura da passagem. Quando um corredor ficava cheio de defuntos, ele era aprofundado e dava espaço para mais corpos. Se isso não pudesse ser feito com segurança, um novo conjunto de passagens era escavado embaixo do primeiro e, dessa forma, os corredores iam sendo formados um sobre o outro, com vários cruzamentos em diferentes direções.
Nos túmulos, eram enterrados um e às vezes dois corpos. Os cristãos não poupavam esforços para tirar as relíquias dos mártires das mãos de seus executores. Muitos chegavam a tomá-los dos magistrados e levá-los para longe da vista dos guardas, às catacumbas, onde eles finalmente banhavam, embalsamavam e davam a eles uma sepultura. O túmulo era cuidadosamente fechado com ladrilhos ou uma laje de mármore e revestido com uma inscrição rudimentar do ano, da idade e do dia do enterro, acompanhada de algumas breves palavras de consolo, como: In paceVivas in DeoVivas in aeternum. A família e a posição social dos falecidos são raramente mencionadas. O importante mesmo era ser concidadão dos santos e pertencer à família de Deus (cf. Ef 2, 19).
Além desses túmulos nas paredes dos corredores, os fossores escavaram valas separadas para algumas famílias cristãs particulares. Para esse propósito, eram abertas câmaras espaçosas e abobadadas, com tetos ricamente adornados, como se pode ver nas Catacumbas de São Calisto.
Em muitos desses cubículos ficava reservado um lugar especial, sobre o terreno plano, para um caixão de pedra ou uma tampa de mármore. Aí, um, dois ou até mais corpos dos Santos Mártires eram colocados e a parte de cima do caixão era usada como altar. Esse tipo de memorial dos mortos era chamado de arcosolium e as câmaras em que eles se encontravam eram às vezes usadas como capelas. Alguns compartimentos tinham uma abertura para a superfície de cima, permitindo a passagem de luz e de ar, e eram chamados de cubicula clara.

A fé dos primeiros cristãos no sacramento da Eucaristia

Afresco na cripta de Santa Lucina. Especialistas avaliam que a arte seja do século II.
Como já se disse, as terríveis calúnias contra os cristãos – aliadas às blasfêmias com que os gnósticos parodiavam os ritos sagrados –, fizeram os fiéis guardar com a mais estrita discrição tudo o que dizia respeito ao Augustíssimo Sacramento do Altar. Durante os anos de perseguição, a própria Divina Liturgia parecia ser transmitida mais por memória do que por escrito. Com exceção das explanações de Tertuliano e de São Justino Mártir, em suas Apologias, não era permitido ao mundo profano nenhum acesso aos "Sagrados Mistérios". Teria sido, na verdade, totalmente espúrio ao espírito do cristianismo primitivo que eles representassem em pinturas ou esculturas uma ação tão sagrada quanto a do Santo Sacrifício da Missa.
Por isso, não é difícil que os protestantes façam a sua própria ideia da ausência dessas imagens nos afrescos das catacumbas, argumentando que, por não se verem representações de padres paramentados, altares com luzes e incenso, essas cerimônias eram desconhecidas dos cristãos primitivos. Uma explicação desse tipo, no entanto, só satisfaz quem quer ficar satisfeito com ela. Qualquer pesquisador sério procurará descobrir o significado das figuras encontradas nas paredes das capelas subterrâneas, interpretando-as à luz, não da imaginação agitada dos polemistas, mas das expressões comumente usadas pelos escritores cristãos do mesmo período.
Em uma das câmaras da cripta de Santa Lucina, próxima à tumba de São Cornélio, por exemplo, é possível ver um peixe, pintado mais de duas vezes, que traz em seu dorso uma cesta cheia de pães, através da qual é possível ver, em uma passagem aberta na cesta, um cálice pintado de vermelho, como se contivesse um líquido dessa cor. Os especialistas avaliam que a câmara e os seus afrescos sejam do século II. 
A pergunta é: o que o artista queria dizer com essa estranha combinação? Os mais imaginativos podem sugerir inúmeras interpretações, mas o mais apropriado é procurar a explicação entre os autores cristãos dessa época.
Santo Abércio de Hierápolis, que foi bispo na Frígia até o fim do século II, descreve em seu epitáfioas suas viagens pela Síria e a Roma, e conclui:
"Por toda parte a fé me levou adiante, e me proveu como alimento um Peixe, grande e perfeito, que uma virgem santa pescou com suas mãos de uma fonte e sempre dá aos seus amigos para comer, acompanhado de um vinho misturado com água, e servindo-o juntamente com pão. (...) Aquele que for capaz de entender essas coisas, reze por Abércio."
Aqui constam, evidentemente, os mesmos símbolos – o peixe, o pão e o vinho. Está bem claro o significado do peixe, mas qualquer ambiguidade é removida por Tertuliano, que, por volta do ano 200, escreveu que "nós, pequenos peixes, segundo nosso Peixe (ΙΧΘΥΝ) Jesus Cristo, de nenhum outro modo somos salvos senão permanecendo na água, da qual nascemos" [2].
Jesus Cristo é, portanto, o grande peixe, sempre servido em "vinho misturado com água" e "juntamente com pão". Esses símbolos aparentemente estranhos são, na verdade, a expressão pictórica dos primeiros cristãos para expressar a sua fé na presença real de Jesus na Eucaristia. Também para eles, assim como para nós, sempre foi certo que – como ensina o Concílio de Trento –, "no sublime sacramento da santa Eucaristia, depois da consagração do pão e do vinho, nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, está contido verdadeira, real e substancialmente sob a aparência das coisas sensíveis" [3].
São Justino Mártir expressa a mesma verdade quando escreve que:
"Depois da ação de graças do presidente e da resposta do povo, os diáconos, como se chamam entre nós, distribuem o pão e o vinho entre os que pronunciaram a ação de graças e não os tomamos como alimento e bebida comuns; do mesmo modo como nos foi ensinado que, pela palavra de Deus, Jesus Cristo Nosso Senhor se encarnou, assim também estes alimentos, para os que tenham pronunciado as palavras de petição e ação de graças, são a verdadeira carne e sangue daquele Jesus que se fez homem e que entra na nossa carne quando o recebemos." [4]
Não se sabe ao certo quando e como o peixe se tornou o símbolo universalmente reconhecido por Cristo, mas é digno de nota que, na passagem há pouco citada de Tertuliano, o escritor latino usa a palavra grega para peixe (ΙΧΘΥΣ), sublinhando que essa expressão é composta das letras iniciais para as palavras JesusCristoDeusFilho e Salvador. O peixe, portanto, sugeria aos cristãos um compêndio da sua fé, enquanto permanecia completamente ininteligível para os de fora. Os oficiais pagãos, que inspecionavam as catacumbas que estavam sob a lei romana, não viam nada de ofensivo em um símbolo tão inócuo. Mas a sua multiplicação das mais variadas formas mostra quão precioso ele era para os cristãos.
Alguém poderia nos acusar de estarmos tentando conectar o símbolo do peixe com a doutrina da transubstanciação. Defendemo-nos dizendo que... é isso mesmo. Embora a terminologia que hoje usamos para falar da Eucaristia só tenha surgido séculos mais tarde, está provado, por abundantes testemunhos, que, quando o peixe e o pão eram representados juntos nos antigos monumentos cristãos, estava sempre implícita uma referência à Sagrada Eucaristia, da qual o pão denota a realidade aparente e visível, enquanto o peixe mostra a realidade invisível e escondida, que é "a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, carne que padeceu por nossos pecados e que o Pai, em Sua bondade, ressuscitou" [5].
"Por isso – cabe perguntar, com São Cirilo de Jerusalém –, quando Ele mesmo pronunciou as palavras, dizendo do pão: 'Isto é o meu corpo', quem ousará ainda duvidar? Quando Ele mesmo asseverou e disse: 'Este é o meu sangue', quem poderá ainda pôr em dúvida que esse é o Seu sangue?" Ainda que o gosto sensível do que comungamos seja de pão, a hóstia consagrada não é pão, mas o Corpo de Cristo; ainda que se perceba o gosto de vinho, o que se bebe do cálice sagrado não é vinho, mas o sangue de Cristo. Mesmo hoje essas palavras podem parecer muito duras aos ouvidos dos mais céticos (cf. Jo 6, 60). Isso, todavia, não pode minimizar a grandeza do "mistério da fé": "Minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida" (Jo 6, 55). Negar a presença real de Jesus na Eucaristia é negar o próprio Evangelho.
Por Equipe CNP | Com informações da obra "Legends of the Blessed Sacrament"

Referências

  1. Tácito, Anais, XV, 44.
  2. Tertuliano, De Baptismo, I (PL 1, 1198-1199).
  3. Concílio de Trento, Decreto sobre o sacramento da Eucaristia (XIII) (11 de outubro de 1551), 1: DH 1636.
  4. São Justino Mártir, Apologias, I, 65-66 (PG 6, 427-430).
  5. Santo Inácio de Antioquia, Epístola aos Esmirnenses, 7 (PG 5, 713-714).
  6. São Cirilo de Jerusalém, Catequeses Mistagógicas, IV (PG 33, 1097-1106).
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