Ajudar a formação de quem, nas várias dioceses, cuida do inventário das igrejas é a aposta do projecto “Thesaurus”. Trata-se de uma iniciativa do Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, que começou este mês de Janeiro, em Fátima (Portugal), na Domus Carmeli, e que se prolonga durante o ano de 2016.
Estão previstos 21 módulos, distribuídos por nove sessões. Depois de uma primeira formação, dedicada às “noções básicas de inventário”, segue-se já esta segunda-feira uma dedicada à “pintura e iconografia”.
O projecto “Thesaurus” foi desenvolvido pelo Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, cujo objectivo é promover o inventário destes bens nas diversas dioceses. D. Pio Alves, presidente da comissão episcopal que tutela esta área, explica à Renascença que “está em marcha um projecto de pôr à disposição das dioceses, a custos mais acessíveis, todo um conjunto de materiais informáticos que facilitem este trabalho, mas nada disso seria viável – ou pelo menos seria muito difícil de construir – se as pessoas que vão trabalhar, diocese a diocese, e instituição a instituição não tivessem um conjunto de recursos de linguagem mais ou menos homologados”.
Deste modo, o que se tenta ao longo deste ano nestes encontros mensais, diz o bispo, “é proporcionar às pessoas todo um conjunto de informações muito básicas, mas ao mesmo tempo estruturadas de tal como que, quando os resultados da inventariação começarem a aparecer, sejamos todos a falar a mesma linguagem”.
A falta de formação especializada dos recursos humanos de que as dioceses dispõem é a principal dificuldade que muitas vezes atrasa o processo de inventário. Embora neste processo umas dioceses estejam mais avançadas do que outras, todas precisam de pessoal com conhecimentos na área.
"Os técnicos que nas dioceses fazem os inventários lidam com todo o tipo de património – sobretudo o património móvel tem sido a prioridade – e aí com muitas especificidades”, diz Sandra Costa Saldanha.
Para a directora do secretariado, “um passo importante é precisamente dar esta formação específica dentro das várias áreas e matérias susceptíveis de inventário nas nossas igrejas”.
E são precisamente conhecimentos que os participantes buscam nesta acção de formação. Joana Rosário, que participou na primeira sessão, admite também que falta muitas vezes tempo para tratar tantos objectos. A responsável pelo núcleo de inventário e conservação de bens culturais da diocese de Setúbal veio à procura de conhecimentos “sobretudo sobre história da arte”. É que “tem de se saber das várias áreas e às vezes precisamos de apoio de especialistas“.
O inventário é um processo longo mas necessário para se poder assegurar a correcta conservação do património da Igreja. Por isso esta acção de formação é importante. Na opinião de Artur Goulart, um dos convidados da primeira sessão, embora “já não se coloquem os restauros nas mãos de qualquer pessoa”, “infelizmente, ainda há muita coisa em mau estado e que precisa sobretudo de ser bem conservada”.
Para isso, diz o arqueólogo há muito ligado à inventariação na arquidiocese de Évora, o inventário é uma grande ajuda, porque “vai indicando a cada um dos responsáveis aquilo que necessita urgentemente de restauro”.
Decorrendo ao longo do ano, a formação está dividida em sessões que se realizam na primeira segunda-feira de cada mês. 

Fonte: Sapo24