sábado, 23 de maio de 2015

Festa do Divino Espírito Santo

Conheça um pouco dessa tradição, com esse texto retirado do site Festa do Divino da cidade de Mogi das Cruzes - SP, onde se tem umas das mais belas e tradicionais festas do Divino!

História


O culto do Espírito Santo, de acordo com o historiador português Moisés do Espírito Santo, tem origem na Antigüidade. Entre os israelitas, a Festa de Pentecostes era celebrada cinqüenta dias (sete semanas) depois da Páscoa, sendo uma das quatro festas importantes do calendário judaico: Páscoa, Omar, Pentecostes e Colheitas.

Ela era conhecida, ainda, com nomes diferentes: das Ceifas, das Semanas, do Dom da Lei, e outros, tendo sido, primitivamente, uma festa agrária dos cananeus (1).

Entre os hebreus, o termo shabüoth faz referência à festa que começa cinqüenta dias depois da Páscoa e marca o fim da colheita do trigo. “A Festa do Divino é um eco das remotas festividades das colheitas” (2).

Já o culto ao Espírito Santo, sob a forma de festividade, no sentido que iria adquirir mais tarde, se cristaliza no início da Baixa Idade Média, na Itália, com um contemporâneo de São Francisco de Assis, o abade Joachim de Fiori (morto em 1202), que ensinava que a última fase da história seria a do Espírito Santo. Suas idéias chegaram a Alemanha e espalharam-se pela Europa.

Em Portugal, no séc. XIV, a festa do Divino já se encontrava incorporada à Igreja, como festividade religiosa. A responsável por essa institucionalização da festa em solo português foi a rainha D. Isabel, esposa do Rei D. Diniz (1.279 – 1.325), canonizada como Santa Isabel de Portugal, que mandou construir a Igreja do Espírito Santo, em Alenquer (3). Em solo português, ela seria fortemente marcada por influências de tradições judaicas, muitas das quais chegaram até nós.

Com o início da colonização, ela foi introduzida no Brasil, provavelmente desde o século XVII. A figura do Imperador do Divino – criança ou adulto – era o escolhido para presidir a festa. Aqui ela sempre foi uma festa de caráter popular, não figurando entre as quatro festas oficiais celebradas por ordem da Coroa, no período colonial. Mas seu prestígio no início do século XIX era tanto, que em 1822, segundo Luís da Câmara Cascudo, o ministro José Bonifácio escolheu para Pedro I o título de Imperador, em vez de Rei, porque era muito grande a popularidade do Imperador do Divino (4). Em certas cidades ou vilas do interior, o Imperador do Divino, com sua corte solene, dava audiência no Império, com as reverências privativas de um soberano (5).

Notas:
1 (Rodrigues Filho, 1990) – voltar
2 (Etzel, 1995) – voltar
3 (Campos, 1996) – voltar
4 (Frota, 1984) – voltar
5 (Campos, 1989) – voltar



Símbolos




Pomba


Representação do Divino Espírito Santo, manifesto no batismo de Jesus Cristo.


Bandeiras

Símbolo sagrado que representa o Espírito Santo para seus devotos. Sempre de cor vermelha e com um desenho de pomba branca no centro. Umas trazem desenhos mais simples, outras trazem o Divino sobre raios, geralmente em número de sete, que simbolizam os Dons. Espalhados ao redor do centro e nos cantos, são dispostas flores de diversos tipos e cores, ou mesmo rostos de anjos. Esse trabalho manual é realizado geralmente pelo próprio devoto, e pode ser bordado, pintado ou aplicado. Os mastros das bandeiras ostentam em seus topos, uma imagem do Divino pousado sobre uma esfera armilar (o equivalente celeste a um globo terrestre), esculpida em madeira, metal ou gesso. Aqui, mais uma diferença; no mastro dos festeiros, o Divino apresenta-se sem ornatos, enquanto, na dos devotos, ele é todo enfeitado com flores em arcos. Na sua base, são atadas fitas coloridas de tamanhos diferentes, como ex-votos de graças recebidas. Há o costume, também, de os devotos darem nós nas fitas, a cada promessa que é feita.

Mastro

Responsabilidade do capitão da festa, que providencia também a nova bandeira retangular que o mastro ostenta. No entardecer do Sábado que antecede a Pentecostes, os alferes com suas bandeiras começam a chegar à casa do Capitão, de onde parte o cortejo em direção ao largo da Catedral, local onde o mastro é levantado. É costume, no momento em que o grupo se concentra, o Capitão recepcionar os presentes com chá, bolos e biscoitos.

Há um cerimonial para o cortejo. O capitão vai na frente, carregando a bandeira do mastro, ladeado pela esposa e pelo casal de festeiros, e seguidos pelos ex-festeiros, devotos, ou por grupos folclóricos.

Assim que o cortejo chega ao Largo da Catedral, normalmente às l8h, ao pé do mastro, como manda a tradição antiga, é servido aos devotos um licor chamado rosa-sol, que deve ser bebido após um pedido feito ao Divino.

Cores

A bandeira tem a cor vermelha, que simboliza o fogo, alusivo à forma pela qual o Espírito Santo se manifestou aos apóstolos e à Virgem Maria no cenáculo, como diz a passagem bíblica (At 2, 1-4).

Cada um dos SETE DONS do Divino tem sua cor característica:

azul – SABEDORIA
prata – ENTENDIMENTO
verde – CONSELHO
vermelho – FORTALEZA
amarelo – CIÊNCIA
azul escuro – PIEDADE
roxo – TEMOR DE DEUS


Coroa

A Coroa é símbolo da importância e responsabilidade carregadas pelo festeiro, que antigamente ostentava o título de Imperador do Divino.


Império

É outro símbolo que permaneceu daquela época, significando o altar do Divino que era montado, ou na casa do Imperador, ou numa tenda armada na praça da Matriz, de onde chegou até nós o nome de Império. Em Mogi, o altar é montado e ornamentado em uma cabana especialmente levantada para esse fim, na Praça da Catedral. Esse altar é renovado a cada ano, sob a orientação do respectivo festeiro e com execução de artistas locais. Sua abertura acontece na Quinta-feira da Ascensão, dia que marca o início das festividades.

Subimpério

Antigamente, eram os altares montados pelos devotos em casas mais afastadas do centro. Nos últimos anos, eles são montados principalmente nas escolas. A sua inauguração é uma festa em particular, e conta com a presença dos festeiros, ex-festeiros e membros da comunidade do bairro.

Personagens

Festeiros


O festeiro -também chamado de imperador do Divino-, é a figura central nos rituais e organização da festa. O casal de festeiros é formado por devotos indicados por ex-festeiros que são submetidos ao crivo final do bispo diocesano. Além das tarefas de angariar recursos e de fazer o controle administrativo, os festeiros devem percorrer os subimpérios fazendo um trabalho de divulgação da festa. Era na casa dos festeiros que antigamente ficava o Império, principal altar em louvor do Espírito Santo onde são expostos a coroa, o cetro e as bandeiras dos devotos. Atualmente o Império fica na praça da matriz da cidade. A boa disposição dos festeiros e seu bom relacionamento com a comunidade são alguns dos principais fatores para o êxito da festa.

Capitães-do-Mastro

O casal de capitães-do-mastro é o principal colaborador dos festeiros. Eles são indicados pelos novos festeiros, escolhidos dentro de seu círculo de amizades ou dentre seus familiares e posteriormente aprovados e proclamados pelo bispo da Paróquia da Diocese de Mogi das Cruzes. Estão sempre ao lado dos festeiros contribuindo em eventos e rituais da festa. Sua função ritualística mais importante é a de guardar e preparar um mastro para ser erguido à frente da matriz na véspera do Domingo de Pentecostes.

Imperador

A figura do Menino Imperador do Divino relembra o culto popular da Festa de Coroação do Imperador do Divino Espírito Santo, iniciado em Portugal pelo rei D. Diniz e pela rainha Isabel no século XIV.

Rezadeiras

A partir do início do ano, as equipes de rezadeiras começam a sua peregrinação pelas casas de centenas de devotos, onde acontecem as rezas comunitárias.

Doceiras

Duas a três semanas antes da festa, tem início o trabalho das chamadas “abelhinhas do Divino”. São dezenas e dezenas de devotas que, diariamente, se dedicam ao preparo dos doces tradicionais da festa, que podem ser feitos com antecedência, sem perigo de estragar. São os tradicionais doces de abóbora, laranja, mamão, cidra e batata-doce, vendidos na quermesse e distribuídos nas creches e orfanatos.

Lanterneiros

São devotos do Divino que mantêm a secular tradição de transportar as rústicas lanternas nas alvoradas e passeatas noturnas, relembrando um costume dos tempos em que não havia luz elétrica na cidade.

Bandeireiro

O bandeireiro é um elegante cavaleiro que carrega a bandeira do Divino bem enfeitado dentro das tradições da festa, com flores e fitas nas cores branca e vermelha. Antigamente, ele era quem comandava as folias pelas roças afora, na coleta de esmolas. Hoje, sua função é abrir o cortejo da entrada.

Um comentário:

  1. Meu amigo , está um excelente artigo .Sou Devoto do Santo Espírito e admiradôr do prof.Moisés do Espírito Santo , com o qualç concordo em muitos dos seus Estudos e Investigações , principalmente na defêsa acirrada dos Nosso Bravos Ancestrais , Os Lusitânos .Quanto á questão da origem do Culto ao Espírito Santo , a ligação hebreia é prácticamente inesxistente .Esta é uma Celbração eminentement Cristã que tem origem na Tradição Franciscana Joaquimita ou do Abade Joaquim de Fiori e foi instituída em Portugal(mas já com uma Tradição espiritual do Pôvo , ancestral e anteriôr...) )pelo Casal Real Iluminado de Portugal , Diniz e Isabel ,o criadôr da Poesia Medieval e a Santa Rainha .
    Abraço

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