quarta-feira, 4 de junho de 2014

Exposição reúne 150 peças sacras apreendidas em 11 anos

Imagem de Nossa Senhora do Rosário é uma das atrações da mostra

Integrantes do Iepha, MP e da secretaria estadual de cultura montam exposição, que vai até 20 de julho no Museu Mineiro, em BH



De um lado, a reprodução do altar, em cores fortes, com a imagem de Nossa Senhora e o Menino. Do outro, a parede coberta de tinta preta, símbolo do patrimônio cultural dilapidado e de objetos degradados pelo tempo ou alterados de forma inadequada. Nesse espaço, estarão 150 peças sacras apreendidas, nos últimos 11 anos, pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e Polícia Federal. De amanhã a 20 de julho, moradores e visitantes poderão ver no Museu Mineiro, em Belo Horizonte, a exposição Patrimônio Recuperado, fruto da parceria entre o MPMG, Secretaria Estadual de Cultura e Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha). “O objetivo é que a mostra seja itinerante, para que pessoas de todas as regiões mineiras possam admirar o acervo e ajudar na identificação”, afirma o titular da Coordenadoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC), Marcos Paulo de Souza Miranda.
São Francisco de Paula (53 cm) Autoria desconhecida, do século 18 ou 19, em madeira e vidro (policromia e douramento), sem referência de local de origem. Obra apreendida pela Polícia Federal, em 2003, em São Paulo


Na tarde ontem, a equipe concluía o trabalho de disposição das peças, que terão, hoje, a companhia de uma das maiores atrações da mostra, a imagem de Nossa Senhora do Rosário, do distrito de Quinta do Sumidouro, em Pedro Leopoldo, na Grande BH. Além de imagens dos séculos 17, 18 e 19, em terracota e madeira, há prataria (turíbulos e coroas, por exemplo) e fragmentos de elementos artísticos de capelas e igrejas. Dividida em cinco módulos, a sala apresentará os temas O objeto como expressão de fé e devoção, representado pelo altar e colunas decoradas; A perda, explicando os furtos, que tiveram o auge no século passado; O descaminho ou o não-lugar, sobre as peças fora de sua origem; Apreensão, contando as operações desencadeadas em mais de 10 anos; e O retorno ou a Volta. A mostra faz parte da programação dos 200 anos de morte de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814), natural de Ouro Preto e patrono das artes no Brasil, e das comemorações do Ano do Barroco Mineiro.

“Minas já perdeu mais de 60% do seu patrimônio e, nesses últimos anos, já recuperarmos mais de 600 peças. Muitas voltaram aos locais de origem, mas precisamos identificar esse acervo e devolvê-lo. Há peças mineiras, de outros estados como São Paulo e Bahia e também da América espanhola”, explica Marcos Paulo. Ele lembra que, em 2003, marco no resgate do patrimônio mineiro desaparecido ao longo dos tempos, houve uma exposição, mas a de agora tem maior amplitude: “Esta mostra gera a socialização do conhecimento e poderá levar à mudança de comportamento quanto à preservação dos acervos. Trata-se, portanto, de um serviço de educação patrimonial e de interesse das comunidades, do poder público, enfim, de todos”, afirma o coordenador do CPPC.

Conservação
A superintendente de Museus e Artes Visuais/Secretaria de Estado da Cultura, Mária Renó Macedo, conta que as peças expostas não foram restauradas, mas higienizadas, tendo ficado, desde a apreensão, por determinação judicial, nas reservas técnicas do Museu Mineiro e do Iepha. Perto da parede pintada de preto, ela mostrou, ontem, as imagens degradadas (São Roque, São João Batista e Santo Antônio), e outras que tiveram, não se sabe exatamente o motivo, mãos adicionadas de forma grosseira.

“Ao abrigar a exposição Patrimônio Recuperado, o Museu Mineiro cumpre seu papel de apresentar ao público a produção artística de Minas, propondo uma reflexão sobre a importância de se resgatar obras de relevância intelectual e histórica, além de preservar e difundir a memória cultural de nosso estado”, afirmou a superintendente. Cada objeto exposto tem o nome, material usado, local da apreensão e, em alguns casos, possível procedência.
O certo mesmo é que a sala do Museu Mineiro se transforma num espaço de beleza e descobertas. Estão lá, de autoria e procedência desconhecida, as esculturas de São Francisco de Paula, em policromia e douramentos, São Miguel Arcanjo, com 1,23 metro de altura, Nossa Senhora da Piedade, de terracota, apreendida pelo MPMG, em 2003, na Operação Pau Oco, par de fragmentos com douramentos e outros. A historiadora Paula Novais, do CPPC/MG, esteve no local ontem e ajudou a conferir as medidas das peças da exposição.

Denuncie
Quem tiver informações sobre peças roubadas e quiser fazer denúncias, ENTRE EM CONTATO:
» Ministério Público de Minas Gerais
e-mail: cppc@mp.mg.gov.br e telefone
(31) 3250-4620

» Iphan
Para obter ou dar informações, basta acessar o www.iphan.gov.br e verificar o banco de dados de peças desaparecidas. Denúncias anônimas podem ser feitas pelo telefone (21) 2262-1971, fax (21) 2524-0482, pelo e-mail bcp-emov@iphan.gov.br, ou no próprio banco online

» Iepha-MG
www.iepha.mg.gov.br ou pelo telefone
(31) 3235-2812 ou 2813

SERVIÇO

Exposição Patrimônio Recuperado – aberta ao público de amanhã a 20 de julho, de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; quinta, das 12h às 21h; e sábado e domingo, das 12h às 19h.

Local: Museu Mineiro – Sala de Exposições Temporárias, na Avenida João Pinheiro, 342, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Entrada gratuita.

Fonte: EM.com.br

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