terça-feira, 13 de março de 2012

Igrejas históricas do Centro do Rio são alvo de pichações.

Igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge, erguida no século XVIII, com a lateral pichada
Foto: Foto da leitora Bluna Teixeira / Eu-Repórter
Igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge, erguida no século XVIII, com a lateral pichada Foto da leitora Bluna Teixeira / Eu-Repórter
RIO - Lembranças concretas da história do Rio e lugares de cultivo da fé para muitos cariocas, igrejas do Centro têm sido alvo de atos de desrespeito que não fazem jus à sua importância. Durante a última semana, a leitora Bluna Teixeira registrou pichações nas igrejas de Nossa Senhora da Candelária, da Ordem Terceira do Carmo, de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos - estas três tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Iphan) - e de São Gonçalo Garcia e São Jorge.
Nenhuma dessas quatro igrejas está de pé há menos de 200 anos. Segundo o Iphan, a da Candelária começou a ser erguida em 1775, e foi concluída só no século XIX. Teve sua primeira missa celebrada em 1811. As obras de construção da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Primeiro de Março, são anteriores, tendo início em 1755. Os campanários das torres só foram terminados quase cem anos depois, em 1850. A da Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, na Rua da Uruguaiana, é ainda mais antiga: já estava praticamente pronta em 1737. E a igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge foi construída e concluída durante a segunda metade do século XVIII.

Talvez por terem sido erguidas há tanto tempo, as igrejas não estavam preparadas para lidar com os vândalos do século XXI. A tinta disparada pelos pichadores já danifica, por si só, as pedras usadas nas construções. E a limpeza das pichações, caso feita de forma incorreta, pode causar uma deterioração ainda maior:
- Pode parecer contraditório, mas quanto mais as pedras são limpas, mais elas se desgastam. A limpeza pode ser muito agressiva por causa dos produtos químicos que são usados. Às vezes, é melhor não limpar que fazê-lo de qualquer jeito - explica a arquiteta Catherine Gallois, especialista em elementos pétreos aqui do Iphan.

O ideal, segundo Catherine, é limpar as pichações o mais rapidamente possível, pois assim fica mais fácil de removê-las; ou seja, menos produtos químicos precisam ser utilizados. Se usados sem o devido cuidado, eles podem desgastar ainda mais as antigas superfícies, já afetadas pelo tempo e pela poluição deixada no ar pelos veículos. Por isso, é preciso usar mão de obra especializada:

- Há alternativas melhores, como a aplicação de ceras para proteger as pedras de eventuais pichações. Caso a pedra seja pichada, é possível remover a tinta usando jatos de vapor d’água sobre a camada protetora. Mas essas tecnologias são importadas, ainda são muito caras - conta a arquiteta.

A responsabilidade pela manutenção de bens tombados fica a cargo de seus donos ou mantenedores; no caso das igrejas, as irmandades. A da Ordem Terceira do Carmo foi a única a responder à reportagem:

- Está prevista para agosto uma reforma da igreja. Então, devemos resolver o problema das pichações - disse Luiz Roberto Melo, supervisor da igreja.

O GLOBO não conseguiu contato com as igrejas de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos e com a de São Gonçalo Garcia e São Jorge. A igreja de Nossa Senhora da Candelária foi contatada, mas seus responsáveis não foram localizados para comentar o problema das pichações.

Fonte: O GLOBO

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