quinta-feira, 22 de março de 2012

A Idade Média e as Notas musicais

De Adriano Nascimento da Schola Cantorum Bento XVI – Jacareí – SP
            Desde muito tempo, as diferentes civilizações não só vivenciam a experiência musical como também elaboram métodos e teorias capazes de padronizar um modo de se compor e pensar o universo musical. Na Grécia Antiga, já observamos formas de registro e concepção das peças musicais através de sistemas que empregavam as letras do alfabeto grego. Ao longo do tempo, várias foram as tentativas de sistematização interessadas em formular um modo de se representar e divulgar suas peças musicais.
Com o Canto Gregoriano não foi diferente, no período Medieval a Musica Sacra ganhou um grande destaque e foi amplamente difundida por toda a Igreja. Esta divulgação foi graças ao trabalho incansável de muitos Monges, principalmente os Beneditinos, os mosteiros possuíam grandes bibliotecas com acervos bastante diversificados facilitando o estudo dos monges.
Apesar de toda a divulgação e todos os estudos formar um coro gregoriano não era tarefa fácil, pois não havia uma escala musical um método para facilitar o aprendizado e reduzir os erros de interpretação das peças. Mas como poderia ser criado esse método?
No ano de 1030, o Monge Francês Guido d’Arezzo, mestre de coro da Catedral de Arezzo, na Toscana (Itália), criou um sistema para facilitar o aprendizado e a memorização da música pelos alunos. Na época os meninos do coro cantavam um Hino á São João Batista pedindo a proteção para a garganta, observando as características deste Hino, o monge observou que cada verso iniciava um grau acima do anterior, formando uma “escadinha” ascendente de sons.
   Tomando por base a primeira estrofe do Hino, as primeiras sílabas da primeira palavra de cada verso deram nome as notas musicais.

UT queant laxis    (Para que teus servos)
REssonare Fibris ( Possam das entranhas)
MIra Gestorum     ( flautas ressoar)
FAmuli tuorum     (teus feitos admiráveis)
SOlve Polluti       (absolve o pecado)
LAbii reatum       (desses lábios impuros)
                                                             Sancte Ioanes     ( Ó São João)
Como podemos observar, o UT futuramente foi substituído pelo Dó, por ser mais eufônico e a nota Sí foi criada utilizando-se das iniciais de Sancte Ioanes. Este sistema foi adotado em todas as peças sacras e aos poucos as notas foram sendo arredondadas e mais uma linha foi acrescentada à pauta dando origem á notação moderna no Século XVII.


O Canto gregoriano predominou durante roda a Idade Média, neste período teve suas fases de criação, crescimento e declínio. O Renascimento trouxe outras novidades musicais e o canto Gregoriano desapareceu do cenário litúrgico público mas permaneceu latente nos manuscritos e em alguns poucos mosteiros que sobreviveram neste período. A grande força da Tradição Litúrgica as Igreja manteve vivo esse legado cultural e Espiritual, conta-se que, ao terminar seu trabalho, o Papa São Gregório Magno realizou uma cerimônia onde acorrentou os livros de canto ao Altar de São Pedro, para simbolizar a solidez e a unidade da Igreja proporcionada por esse gênero musical.

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