sábado, 31 de março de 2012

Procissão dos Passos leva tradição à Olinda

Cortejo relembrou a caminhada de Jesus Cristo até o Calvário
JULIANA ARETAKIS

Paullo Allmeida
CENTENAS de fiéis acompanharam a caminhada religiosa pelo Sítio Histórico

Um dia depois da procissão do Encerro, o Sítio Histórico de Olinda recebeu, na tarde de ontem, o cortejo que relembra a caminhada de Jesus Cristo até o Calvário. A emoção na face dos fiéis guiou a procissão dos Passos (Via Sacra), que saiu da Catedral da Sé até a rua 27 de janeiro, dando seguimento ao ciclo pascoal do município, que deve ser encerrado no Domingo da Ressurreição. Durante a caminhada, centenas de pessoas acompanharam a imagem de Jesus Cristo carregando a cruz. Os que estavam em suas residências, também observavam a passagem. O caminho percorrido pelo cortejo teve sete paradas em nichos da cidade que se transformaram em estações, como o Museu de Arte Sacra, no Alto da Sé, e o Largo do Amparo. A caminhada foi acompanhada pela banda da Polícia Militar. “A procissão completa 239 anos de existência e lembra todo o sofrimento que Jesus passou, inclusive o açoitamento para chegar até a Cruz e nos salvar”, disse o provedor da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos de Olinda, Elísio Paes Barreto.

O sofrimento de Jesus Cristo transformou-se em motivo de prece e penitência para os fiéis. Entre eles, estava o aposentado Gilberto Monteiro da Silva, de 71 anos. “Ele sofreu por nós. E hoje temos que agradecer e reviver esse sofrimento. É um momento muito bonito da história de Jesus e de Maria, que deve ser acompanhado por todos”, afirmou.


A olindense e professora aposentada Temilda Lopes, de 65 anos de idade, pôde participar da procissão pela primeira vez na tarde de ontem. “Eu sempre tive vontade de participar, mas sempre surgia um imprevisto. Hoje eu consegui acompanhar o cortejo e vejo essa caminhada como um momento de reflexão que a gente pode fazer sobre a mor­te de Jesus Cristo”, explicou.


Já para a aposentada Maria Célia Muniz de Albuquerque, de 72 anos, a procissão faz parte de sua rotina. “Eu moro aqui e sempre acompanhei a caminhada. É um momento de penitência e de vivermos o sofrimento de Cristo”, frisou.


Neste domingo, às 7h, Olinda sedia mais um cortejo. Desta vez é a procissão de Ramos, que sairá da Academia Santa Gertrudes em direção à Catedral da Sé, onde, às 8h, será celebrada uma missa pelo arcebispo de Olinda e Re­cife, dom Fernando Saburido. Além da catedral, missas e cortejos serão realizados na Igreja do Carmo e de São Pedro Mártir.


No mesmo dia, o Santuário de São Severino dos Ramos, no município de Paudalho, rea­lizará a Procissão do Domingo de Ramos.


Fonte: Folha PE

Limpeza interna da Igreja de São Miguel em Taquari passará por análise

O prefeito em exercício, Laudelino Antonio Filipus, e Julio Cesar Dias, representando a Secretaria Municipal de Patrimônio Histórico, Turismo, Cultura, Lazer e Desportos, visitaram na comunidade de Taquari, a Igreja de São Sebastião, na terça-feira (20/03).
Filipus ressalta a importância da preservação de locais históricos no município. “Temos aqui um marco histórico de Irati e da comunidade de Taquari. Entendemos que é preciso ser feita uma limpeza nas paredes, mas esse serviço precisa de um aval de que nada será deteriorado”, afirma Filipus.
A visita teve o objetivo de fazer um apanhado fotográfico das condições da pintura da igreja, que foi realizada no ano de 1956 e nunca recebeu restauração. A arte do local é assinada pelo pintor de Rio Azul, Antonio Petrek, que tem seu trabalho artístico religioso reconhecido em nível nacional. As fotos serão enviadas para o setor de Patrimônio Histórico da Secretaria de Estado de Cultura. “Foi nos confirmado que será feita uma visita técnica pela equipe da Secretaria, para analisar a viabilidade da limpeza interna do local”, destaca Dias.
Texto e foto: Assessoria
Publicado na edição 612, 28 de março de 2012.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Campanha Brasil, Terra de Santa Cruz. "Ao menos deixem os pregos!"

No dia 06 de abril de 2012, Sexta feira Santa, será lançada oficialmente a Campanha Brasil, Terra de Santa Cruz. 
do Blog: Una Voce Brasil

De Percival Puggina – para o site http://www.midiasemmascara.org
O mesmo argumento que pretende a remoção do crucifixo (o mesmíssimo argumento!) quer silenciar os cristãos sempre que se debatem aspectos morais de propostas legislativas ou decisões judiciais.
Reafirmo meu pessimismo: mais cedo ou mais tarde, como vem ocorrendo com todas as teses provenientes desses segmentos ideológicos e políticos, os crucifixos serão arrancados das paredes. E o resíduo cultural cristão ainda persistente continuará cedendo lugar a um humanismo desumano, destituído de alma e avesso a Deus. Avesso ao Deus cuja proteção é invocada na Constituição. Não guardo ilusões. Quando se encontra com a omissão de muitos e a ingênua tolice de outros tantos, a malícia passa por cima e impõe o que pretende com quase nenhuma resistência.
Aparentemente é uma questão simples. Afinal, se o Estado é laico, os espaços públicos ou sob responsabilidade do Estado não deveriam ser isentos de qualquer religiosidade, como banheiros de estação? O crucifixo, na parede de uma repartição, seria, nessa perspectiva, um atropelo à equidade, um agravo à Constituição e à Justiça. Remova-se, então. Mas tenha-se a coragem de assumir perante a história o registro do que foi feito: preserve-se o prego! Preserve-se o prego para que todos reconheçam o extraordinário serviço prestado. Para que todos saibam que ali havia um crucifixo, e que ele foi removido por abusivo, ofensivo, intolerável às almas sensíveis que, em nome da Justiça, se mobilizaram contra ele.
Observe de onde procedem os ataques aos crucifixos. Nem todos os que tocam nessas bandas são contra os crucifixos e nem todos o são por malícia. Mas todos os que se opõem aos crucifixos tocam nessas bandas. Tocam numa certa esquerda e numa certa direita. Ajudam-se mutuamente no processo de destruição dos valores. A cara da utopia da igualdade é o focinho da utopia da liberdade sem limites. Quando discorrem sobre seus motivos em relação aos crucifixos, transmitem a ideia de estarem jungidas a um imperativo constitucional – o Estado, mesmo não sendo ateu, é laico. Não tem religião própria. E os ingênuos abanam a cabeça em concordância: afinal, se há lugar para um crucifixo, por que não revestir as paredes com os símbolos de todas as outras religiões e crenças existentes? Ou tem para todos, ou não tem para ninguém. Com tanta coisa contra que lutar, escalam como adversário Jesus de Nazaré…
O crucifixo na parede da repartição não é peça publicitária. Não é elemento de proselitismo religioso. Não transforma o espaço em local de culto. É referência a um patrimônio de valores universais sem similar na iconografia humana: amor a Deus e ao próximo mesmo se inimigo, solidariedade, justiça, misericórdia, paz. Se tirar o crucifixo, fica o prego.
Por outro lado, percebam todos ou não, a mobilização pela remoção é apenas mais um ato da longa empreitada do relativismo, do hedonismo e do materialismo visando à deliberada destruição das bases da civilização ocidental. Apenas mais um gesto. Querem a prova? O mesmo argumento que pretende a remoção do crucifixo (o mesmíssimo argumento!) quer silenciar os cristãos sempre que se debatem aspectos morais de propostas legislativas ou decisões judiciais. “O estado é laico e os argumentos baseados numa moral de origem religiosa não podem ser admitidos!”, proclamam com enfatuada sabedoria. Ou seja, admitem-se nos debates as opiniões de ateus, de movimentos sociais, de sindicatos, de homossexuais, de partidos políticos, de endinheiradas ONGs, do que for. Admite-se opiniões do Além, psicografadas. Vale, até, opinião de quem não tem moral alguma. Mas não se toleram opiniões coincidentes ou fundadas na moral cristã. Pasmem os leitores: com esses argumentos de almanaque, com essa lógica de gibi, se consideram gênios da retórica, porta-estandartes da equidade. E não faltam ingênuos para aderir a essa conversa mole!
No entanto, saibam quantos lerem este artigo: o comunismo, ao refletir sobre suas dificuldades para expandir-se na Europa Ocidental, concluiu que seus maiores obstáculos estavam propostos pelas bases cristãs da cultura vigente. Desde então tem sido o que se viu. E só não percebe quem não se importa em servir de pomba para a refeição dos gaviões.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Igreja da Arquidiocese de Belém do Pará receberá um dos maiores ostensórios do Brasil.

Por Alan de JesusBELÉM,  (ZENIT.org) - Igreja da Arquidiocese de Belém receberá um dos maiores ostensórios do Brasil. 

Confeccionado pelo artesão paraense Afonso Falcão, o novo ostensório da Arquidiocese de Belém é feito em Cedro, revestido com folhas de ouro e possui 1,80 de altura. Idealizado pelo Reitor da Igreja das Mercês, padre Sebastião Fialho, a peça litúrgica ficará em um lugar reservado no Altar-mor desse templo religioso. Além disso, a hóstia consagrada que ficará exposta na peça litúrgica tem formato diferenciado, 40 centímetros de largura, e foi encomendada às religiosas do Carmelo de Santa Teresinha, no município de Benevides. Exaltando o desejo de em 2016 o templo religioso receber a anúncio, transformando-o em Santuário de Adoração Perpétua, os fiéis acolherão no próximo domingo, 1 , às 10h30, a entronização do novo ostensório da Reitoria, feita pelo Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, após a tradicional Procissão de Ramos.

Para o Reitor da Igreja das Mercês, padre Sebastião Fialho, o novo ostensório possibilitará que os fiéis adorem a Deus independente do horário. “O Santíssimo Sacramento ficará sempre exposto para atender as demandas espirituais dos que almejam um encontro pessoal com Cristo”, explica. Segundo ele, o objeto será coberto nos horários de missa. “Nós colocaremos uma cortina em frente a ele para que, durante as celebrações eucarísticas, possamos fechá-la, impossibilitando sua visualização”, relata.

A Reitoria, localizada no Bairro do Comércio, já realiza constantes adorações e vigílias semanalmente para louvar a presença real de Cristo, por meio do Sacramento da Eucaristia. Joelhos no chão, mãos unidas, olhos cheios de lágrimas e orações direcionadas a Deus. Esta é uma das cenas comuns dos que, motivados pela fé, procuram a tricentenária Igreja. Um dos fiéis que nunca falta esse momento religioso é o professor de língua portuguesa Fabrício Quaresma. Segundo ele, o momento é de alegria. “Estou com muita expectativa. É emocionante saber que a qualquer momento do dia posso vir aqui para adorar ao Senhor”, revela.

A secretária Viviane do Socorro Moraes, namorada de Fabrício, sempre o acompanha em adorações e revela os frutos do encontro pessoal com Deus. “Estamos participando da preparação para fazer parte do Grupo de Adoradores da Igreja. O objetivo é nos formarmos sobre a presença real de Deus em nosso meio”, explica. “Após esse primeiro momento, faremos uma escala semanal para ajudar as pessoas que desejam adorar a Deus”, completa.

terça-feira, 27 de março de 2012

Imagem rara de santa está exposta na Catedral Santa Terezinha de Uberlândia

Pe. Olimar Rodrigues diz que aparatos de segurança como a redoma de vidro são importantes


A imagem de Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Uberlândia, pode ser vista na Catedral Santa Terezinha, no Centro da cidade. Por 60 anos, a imagem, uma das mais antigas da cidade, datada do século 19, foi protegida, restaurada e passou por quatro igrejas. Uma estrutura especial de segurança foi montada para que a arte sacra fique em exposição. A santa está protegida por uma redoma de vidro, uma grade de ferro e um sistema de alarme que guarda todo o sacrário da catedral.

Tanto cuidado é devido ao furto da tiara de ouro que a santa tinha cabeça, quando foi feita a transferência da imagem da igreja de Nossa Senhora do Carmo de São Pedro de Uberabinha, em Uberlândia, até o distrito de Miraporanga, antes de 1943.

Entre aquele ano e o início dos anos 2000, a santa ficou guardada na antiga Capela de Nossa Senhora do Rosário, em Miraporanga, sendo exposta apenas em eventos festivos da Igreja. No início da década passada, a capela passou por reforma e obra de arte foi trazida de volta para Uberlândia. Por falta de um lugar adequado para sua exposição, foi deixada guardada por cerca de 7 anos, passando pela Igreja do Divino Espírito Santo, no bairro Jaraguá, e pela Cúria Paroquial, no bairro Aparecida. Até que em 2007, voltou a ser exposta ao público na Catedral Santa Terezinha.

A imagem feita em resina com técnicas de modelagem em pasta de madeira é historicamente valiosa, com data de criação estimada em 1846, segundo estudiosos da própria Arquidiocese de Uberlândia, sendo tombada como Patrimônio Histórico Municipal. O pároco da Catedral, padre Olimar Rodrigues, diz que a obra de arte não tem valor financeiro estimado, mas afirma que tratá-la como qualquer outra imagem poderia haver o risco de ser furtada. “É importante que ela seja exposta, mas com segurança. A catedral é o lugar mais adequado por ser a continuidade por matriz de Nossa Senhora do Carmo e oferecer aparatos de segurança”, afirmou.

1ª restauração foi em 2001

A imagem de Nossa Senhora do Carmo foi fabricada em Portugal e trazida para Uberlândia a pedido do fazendeiro Francisco Pereira da Rocha. Essa é a história contada pelos pesquisadores da Catedral Santa Terezinha, os quais ainda dão conta de que a imagem é originária de Portugal, ainda que a Secretaria de Cultura informe que a peça pode ter origem espanhola.

Apesar de centenária, a imagem passou pela primeira restauração em 2001. No ano seguinte, ela recebeu outra intervenção, desta vez por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG), que levou em consideração a técnica de fabricação original, a qual usava resina de cartilagem de peixe com breu.

Fonte: Correio de Uberlândia

Ladrões de anjos

Por Marcos de Moura e Souza | De Belo Horizonte

Eugenio%20Savio%2FValor  Anjo adorador do século XVIII de igreja em Belo Horizonte, uma das peças recuperadas; são 697 itens desaparecidos
Bastam duas ou três pessoas. Uma delas se disfarça de turista e entra na igreja com uma câmera fotográfica. Mostra-se encantada com a decoração barroca e com as antigas imagens de santos. Fotografa tudo e sai sem deixar nome, RG ou telefone. Não há livro de registros na entrada. As fotos vão formar um catálogo que logo estará nas mãos do dono de um antiquário em São Paulo ou no Rio. 

O comerciante escolhe as peças que julga mais vendáveis. O "turista", então, volta com os comparsas à igrejinha, arromba-a sem dificuldade ou entra de novo como visitante, ludibria o zelador e adeus. Mais uma igreja de Minas Gerais é furtada para abastecer o comércio ilegal de arte sacra no país.

A cena se repete em igrejas e capelas pelo interior de Minas - muitas delas na zona rural e em lugarejos afastados de tudo. Minas já tem um triste histórico de furtos de imagens sacras. São ao todo 697 desaparecidas oficialmente - o número real pode ser dez vezes maior, já que ainda há muita sub-notificação, segundo autoridades. É o Estado recordista em casos de roubo em igrejas no país.

O Ministério Público em Belo Horizonte tem registros de furtos dos anos 1960 e 1970 - de peças que até hoje não foram encontradas. Um caso clássico nunca desvendado é o sumiço em 1973 de 15 peças da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto. Imagens, documentos esquecidos do Vaticano, missais, objetos antigos de celebração: tudo que tenha valor histórico e agrade a colecionadores entra no alvo dos ladrões. Há alguns anos, um grupo chegou ao cúmulo de surrupiar as portas de uma igreja na cidade de Prados.
Muitas das gangues atualmente têm operado com um mesmo sistema. "Eles estão vindo para Minas, fingem-se de turistas, fotografam as peças para depois fazer um 'book' que vão levar para os antiquários", diz o promotor público Marcos Paulo de Souza Miranda. Segundo Miranda, que é coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, os furtos são seletivos e encomendados por especialistas que conhecem o valor das peças.

Nos bandos há em geral um integrante que além de roubar tem noções de arte sacra. Uma quadrilha desbaratada recentemente em Minas contava com um médico amante de arte entre os criminosos. Os ladrões sabem para onde apontar. Nunca levam peças de gesso, por exemplo. Em geral, seus alvos são peças eruditas e de culto coletivo, de 60 cm, 70 cm ou até 1 metro de altura.

Se uma imagem desse tipo estiver em bom estado de conservação, com a pintura original, se for do século XVIII, de um autor renomado - como Aleijadinho, Francisco Vieira Sevas, Francisco Xavier de Brito ou Valentin Corrêa Paes -, se for rica em detalhes e beleza, seu preço no mercado de arte pode variar de R$ 100 mil ou a R$ 200 mil. E não se trata da quantidade de ouro ou prata incrustados na peça.

Em fevereiro, foram ladrões camuflados de turistas que aparentemente levaram cinco imagens sacras da igreja matriz de Santo Antônio, em Itacambira, município de 5 mil habitantes no norte de Minas. A polícia apurou que, às vésperas do furto, algumas pessoas que pareciam turistas fotografavam o interior da igreja durante um velório.

"Há um acervo significativo de peças sacras valiosas em igrejas da zona rural. Com a expansão do turismo, elas acabam entrando no circuito. A notícia do que há dentro das igrejas se espalha e muitas vezes isso acaba chegando a pessoas mal-intencionadas", diz Mônica Eustáquio Fonseca, professora de história da arte e arquitetura da Escola de Arquitetura e Urbanismo da PUC-MG. Ela também é a coordenadora do inventário do patrimônio cultural da Arquidiocese de Belo Horizonte. Em todo o Estado, são cerca de 15 mil peças sacras só em igrejas tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O Ministério Público aperta o cerco aos criminosos. A equipe de Miranda tem trabalhado constantemente em operações em parceria com polícia e autoridades em São Paulo, Rio e também Salvador. O resultado até agora foi o resgate de cerca de 550 peças que haviam sido subtraídas de igrejas de Minas. Os itens encontrados estão em Belo Horizonte; parte no Museu Mineiro, parte no Memorial da Arquidiocese. 

Miranda diz que pretende organizar uma exposição com essas imagens recuperadas. Ainda falta patrocínio.
Rastrear peças roubadas em Minas é um trabalho que exige conhecimento de arte, tecnologia e investigação. A partir de uma denúncia, autoridades seguem o fio da meada e muitas vezes vão parar na porta de um antiquário num bairro elegante paulistano ou carioca. Miranda viaja com um notebook equipado com um software que reúne informações de todas as imagens que tiveram seu roubo em Minas registrado. Se a peça bate com o acervo policial, o flagrante é feito. Quando não há registros oficiais de que aquela peça pertencia a tal igreja, párocos entram em cena para reforçar o argumento dos promotores diante da Justiça; às vezes, os processos incluem fotos de casamento ou procissões nas quais se vê a imagem furtada.

Mas como quem entra no ramo do comércio ilegal de arte não gosta de perder dinheiro, o que não faltam são subterfúgios. Aliciados por grupos de criminosos, restauradores têm adulterado imagens roubadas para dificultar sua identificação. Foi o que ocorreu há alguns anos com uma imagem de Nossa Senhora encontrada num antiquário. O artista que a entalhou colocou anjinhos sorridentes a seu pés. Quando a peça foi encontrada, eles estavam tristonhos. Detalhe suficiente para atrapalhar o trabalho de comprovação de que a santa era a mesma que tinha sido furtada. Outro caso recente: os dedos de uma Nossa Senhora foram quebrados e refeitos numa posição diferente. O Ministério Público em Minas só consegue comprovar que a peça foi adulterada quando a submete a um exame de raio-x. O remendo então fica evidente.

Mas às vezes mesmo parecendo evidente aos promotores que aquela peça pertence à igreja, a briga com o colecionador vai para a Justiça e ali se alonga ad eternum. Devotos de Nossa Senhora do Rosário que freqüentam a capela dedicada a ela em Pedro Leopoldo conhecem bem uma história assim. Na década de 1980, a imagem da santa - que tem cerca de um metro - desapareceu. Anos depois, as autoridades de Minas chegaram até seu novo dono. "A imagem está com um empresário de São Paulo. Já houve uma determinação judicial para que devolvesse a peça, mas ele tem advogados e vem conseguindo adiar a decisão. A peça é da igreja. Eu mesma fiz um parecer mostrando isso", diz a professora Mônica Eustáquio.

"Só existe roubo em igreja porque tem intermediários e colecionadores inescrupulosos", diz Olinto Rodrigues dos Santos, pesquisador do Iphan baseado na unidade de Tiradentes. A frustração para as autoridades é que no Brasil a pena para quem rouba patrimônio cultural é branda. "O Brasil é um dos poucos países onde não há pena diferenciada para roubo de patrimônio cultural. Se alguém entra numa igreja e rouba uma imagem antiga da padroeira ou a enceradeira está sujeito à mesma pena", diz Miranda. A pena é de dois a oito anos. Mas - nos casos em que o ladrão é mesmo condenado - em dois anos deixa a prisão.

de Valor Econômico

segunda-feira, 26 de março de 2012

Imagem de gesso escondia relíquia do século 17

Uma imagem de gesso de Nossa Senhora dos Prazeres encontrada na semana passada com um colecionador de São Paulo escondia parte de uma relíquia. O busto da santa e a imagem do Menino Jesus em seus braços podem ser partes de uma escultura feita há 370 anos pelo frei Agostinho de Jesus, um dos precursores da arte sacra colonial no Brasil.

De acordo com o pesquisador de arte barroca Marcelo Galvão Coimbra, além da semelhança no estilo, as partes originais são de terracota (barro cozido), matéria prima igual à usada pelo artista. "Provavelmente a imagem original foi quebrada e alguém a refez em gesso, um material barato, séculos depois", acredita o pesquisador.

Coimbra procurava elementos decorativos para uma exposição de arte barroca quando se deparou com a imagem. "Embora o conjunto todo aparentasse ser de gesso, os traços do rosto chamavam a atenção", contou. Quando começou a retirar as camadas de tinta sobrepostas, percebeu que uma parte era de terracota. Os traços característicos de Frei Agostinho foram identificados com a ajuda de outros pesquisadores. "O estilo é idêntico à de outras imagens do artista", disse Coimbra. Ele acredita que a imagem foi esculpida por volta de 1640, auge da produção do escultor, falecido em 1661.

O pesquisador retirou as partes originais da escultura de gesso e as encaixou numa moldura de acrílico. A peça fará parte da exposição Relíquias Sacras da Arte Barroca Brasileira que vai mostrar 120 esculturas dos séculos 16 a 19, no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Exército, em São Paulo, a partir de 14 de abril.

Frei Agostinho de Jesus foi um dos primeiros escultores sacros a trabalhar no Brasil. A maior parte de suas obras foi criada para congregações beneditinas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Nascido no Rio, ele viveu em Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Sua obra mais famosa é a imagem de Nossa Senhora da Conceição, em terracota, encontrada no Rio Paraíba do Sul, em 1717, dando origem à devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Exposição: Quem é o Homem do Sudário?

Coral Santa Cecília na Procissão dos Passos - Limeira - SP

Procissão vai terminar na Igreja da Boa MorteProcissão vai terminar na Igreja da Boa Morte Arquivo JL
O Projeto Memória e Resgate da Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte e Assunção e o Coral Santa Cecília vão resgatar um movimento religioso, que foi realizado em Limeira, pela última vez, há 60 anos. Trata-se da Procissão de Passos, uma cerimônia realizada no final da Quaresma ou durante a Semana Santa.

A Procissão de Passos ocorreu em Limeira entre os séculos XIX e XX, quando deixou de ser realizada na década de 50. A cerimônia é uma herança portuguesa, trazida ao Brasil no século XVII.

Em Limeira, a procissão ocorrerá no próximo domingo, dia 25/03, e contará os sete passos de Jesus até o calvário, metade do caminho da Via-Sacra (14 passos). "Serão feitas sete paradas, onde o padre fará a celebração acompanhado do Coral Santa Cecília. Vamos reviver uma cerimônia, que deixou de existir em Limeira há 60 anos", declarou Alexandre Seregati, regente do coral.

A procissão - que pode ser acompanhada por qualquer pessoa - começa às 19h30 em frente a Catedral Nossa Senhora das Dores. O trajeto é composto pelas ruas: Alferes Franco, Visconde do Rio Branco, Presidente Roosevelt e termina na Igreja da Boa Morte. Serão feitas duas paradas na rua Alferes Franco, uma na Visconde do Rio Branco, duas na Presidente Roosevelt e a última dentro da Igreja da Boa Morte.

PARADAS COM MÚSICA
Segundo Seregati, cada parada será feita em frente uma residência, que terá um altar de madeira. "Nesse altar, o padre da Catedral, José Angelo Brian, coloca a relíquia da cruz de Jesus, conhecida como 'santo-lenho' e se ajoelha. Enquanto isso, o coral vai cantar os 'motetos dos passos'", falou. De acordo com ele, no Estado de São Paulo, somente Itu mantém essa tradição.

O trajeto ainda será acompanhado pela Corporação Musical Arthur Giambelli, que executará a "Marcha dos Passos". Todas as músicas e melodias são de autoria do compositor mineiro Martiniano Ribeiro Bastos (1835-1912), da cidade de São João Del Rey (MG). "Resgatei essa procissão lá em São João Del Rey. Nas cidades de Minas é comum ter a Procissão de Passos. Em Limeira, vamos fazer uma procissão mais simples, mas para o próximo ano, pretendemos fazer duas procissões de depósito e o encontro de Nosso Senhor de Passos com Nossa Senhora das Dores", disse.

Fonte: JL+ Jornal de Limeira

A ARTE SACRA E A SUA MAIS ÍNTIMA ESSÊNCIA

Rodolfo Papa, Discursos sobre arte sacra,Cantagalli, Siena, 2012

ROMA, (ZENIT.org) Apresentamos a seguir a Introdução do S. Ex. Card. Antonio Cañizares Llovera, Cardeal Prefeito da Congregação para o Culto Divino sobre a obra de Rodolfo Papa.
Esta é uma obra que esperávamos, porque dela necessitamos: a obra de Rodolfo Papa, que estuda com profundidade a arte sacra e a sua mais íntima essência e identidade. Trata-se da essência e da identidade que nascem da verdade da arte sacra, e também da verdade da arte enquanto tal, na qual verdade e beleza são inseparáveis; e onde fé e arte, fé e beleza se abraçam em uma perfeita reciprocidade, que é unidade inseparável entre elas, semelhante ao que acontece entre fé e razão.
Assim reconhecia o papa Bento XVI que, na sua esplêndida entrevista deixada aos jornalistas no avião, em novembro de 2010, durante a viagem à Espanha para uma visita a Santiago de Compostela e, sucessivamente, para a consagração da Basílica da Sagrada Família do arquiteto Antonio Gaudì em Barcelona, afirmou o que segue: “Vós sabeis que eu insisto muito sobre a relação entre fé e razão; que a fé, e a fé cristã, tem a sua identidade somente na abertura à razão, e que a razão se torna ela mesma se se transcende para a fé. Mas igualmente importante é a relação entre fé e arte; porque a verdade, objetivo, meta da razão, se exprime na beleza e se torna ela mesma na beleza, se prova como verdade. Portanto, onde há a verdade deve nascer a beleza, onde o ser humano se realiza de modo correto, bom, expressa-se na beleza. 
A relação entre verdade e beleza é inseparável e por isso precisamos da beleza. Na Igreja, desde o início, também na grande modéstia e pobreza da época das perseguições, a arte, a pintura, o expressar-se da salvação de Deus nas imagens do mundo, o canto e depois também o edifício, tudo isto é constitutivo para a Igreja e permanece constitutivo para sempre.
Assim a Igreja foi mãe das artes por séculos e séculos: o grande tesouro da arte ocidental — seja música, arquitetura ou pintura — nasceu da fé no interior da Igreja. Hoje há uma certa 'divergência', mas isto prejudica tanto a arte, como a fé. A arte que perdesse a raiz da transcendência, não se orientaria mais para Deus, seria uma arte dividida em dois, perderia a raiz viva; e uma fé que tivesse a arte só no passado, não seria mais fé no presente; e hoje deve expressar-se de novo como verdade, que é sempre presente. Por isso o diálogo ou o encontro, diria o conjunto, entre arte e fé inscrito na mais profunda essência da fé; devemos fazer de tudo para que também hoje a fé se exprima numa arte autêntica, como Gaudí, na continuidade e na novidade, e que a arte não perca o contato com a fé” (Bento XVI, entrevista concedida a jornalistas, 6 de novembro de 2010).
Quando foi pensado o presente livro essas palavras ainda não haviam sido pronunciadas, todavia, o conjunto desta obra de Rodolfo Papa – homem de fé, artista e pensador agudo e penetrante, pesquisador apaixonado pela verdade e pela beleza – constitui um aprofundamento, uma explicação e um comentário fiel das palavras e do pensamento de Bento XVI, para o qual o binômio fé-arte, a beleza da arte sacra, a unidade fundamental entre arte e Liturgia, são temas muito importantes do seu pontificado.
Entende-se perfeitamente a amizade entre a Igreja e os artistas no decorrer dos tempos, também nos nossos dias. Compreende-se a afirmação reiterada dos últimos papas – desde Paulo VI a Bento XVI – sobre a necessidade desta amizade, que é unidade e absoluta reciprocidade, e o apelo de expressar na obra artística o binômio fé-arte, fé-beleza, inseparáveis do outro binômio fé-razão, fé-verdade, fé-bondade, como realiza tão esplendidamente o autor deste livro. Desta visão da arte em geral e da arte sacra em particular, compreende-se o caráter de perenidade da arte, a sua natureza não efêmera, o seu valor universal além da circunstância da época ou do gosto do momento, ou dos afãs consumistas, compreende-se a sua dimensão religiosa e a mesma implicação do artista e da totalidade de sua pessoa na obra de sua arte, sobretudo quando se trata de arte sacra ou de arte para a Liturgia, seja música, pintura, escultura ou arquitetura, que não podem isentar-se de exprimir a iniciativa de Deus, a ação divina que sempre precede a obra artística, na mesma liturgia assim como na realidade do criado.
Enquanto escrevo esta apresentação, penso em tantos e tantos homens da arte que são fieis reflexos e testemunhas da verdade desta relação entre fé e arte, que tão magnificamente expressa o autor deste livro, e aos mesmos artistas e obras de arte, às quais, no decorrer do livro, ele mesmo se refere. Penso, por exemplo, no genial pintor universal do “Século de Ouro” espanhol, El Greco, no aproximar-se da celebração do seu quarto centenário. Nem a pessoa, nem por consequência a obra de El Greco podem se separar da sua dimensão religiosa, da fé cristã. Nele tudo reflete a grandeza de um homem de espírito com um especial “toque divino”, capaz de perceber e plasmar, nos grandes traços ou na impressão das cores de sua pintura singular, a Suprema Beleza, abismo infinito de perfeição, inigualável e soberana. Em toda a sua obra, grande e única, reflete-se o mais profundo dessa alma, imagem do seu Criador que a plasmou com o delicado toque de seus "pincéis divinos". Em toda a obra de El Greco aparece sempre o espírito sublime que contemplou e penetrou o “Mistério”, foi conduzido à sua densidade e o expressou com toda elevação da arte que emerge do fundo do ser iluminado por esta experiência, que transcende o olhar superficial incapaz de elevar-se em direção aos cumes altos do espírito. El Greco mergulhou na profundidade do Evangelho, no Mistério da Encarnação – de Deus feito homem para os homens e por eles entregue à Cruz – na vitória sobre a morte, tão inimiga do homem, que com tanta beleza e drama soube expressar sua obra.
Assim, com uma fé cristã com profundas raízes, bem formada e capaz de dar razão de sua verdade, El Greco, em toda a sua obra pitórica, mostra as realidades fundamentais desta fé, ensina, fala dos mistérios mais profundos aos rudes e aos simples, catequiza, eleva, conduz à contemplação, à maravilha, à veneração, à oração e ao louvor; dá razão à fé e mostra a sinfonia e a harmonia de sua beleza e a sua irradiação e expressão no mais vivo e genuíno do humano. Fê-la na peculiar circunstância do seu momento histórico, porém, a sua arte continua a falar hoje, como ontem, com vivíssima atualidade, porque não é a circunstância ou o momento efêmero que súbito passa que contam; mas porque expressa realidades que não perecem e o faz com uma linguagem de "ponta de alma", como diriam os místicos; fala com os pinceis e as cores deste "profundo centro da alma", onde cada homem se conhece e se sente compreendido, de qualquer geração que seja.
Como homem de radical "cristandade" e inseparavelmente filho do seu tempo, El Greco reflete o homem, pelo qual manifesta uma viva e singular paixão. Quem não vê esta paixão no "Enterro de Duca de Orgaz", o no "Expolio", ou no "Apostolado" da Sacristia da Catedral de Toledo, ou São José da mesma Catedral. As mãos, os olhos, os rostos, os movimentos dos corpos de seus personagens, tudo, toda a sua obra é uma expressão de como vê o homem e o seu drama: o homem que sofre e que ama, que vive este drama da existência e o seu desejo de felicidade, amado por Deus, o homem por ele amado e elevado, o homem salvo e chamado a participar da Sua glória: é a verdade do homem assim como é diante de Deus. Bem se reflete na sua arte que “a glória de Deus é o homem vivente” (S. Irineu de Lyon). Toda a sua obra manifesta o homem, exprime como é penetrado na profundidade do humano, mas não como o veria o pagão ou um mero humanista; há uma diferença notável: aquela que permite a visão de fé e que o leva a olhar com um olhar peculiar, o olhar da verdade que é inseparável da beleza. Atrás dos rostos ou dos corpos, das mãos ou dos olhos, das cores e das pregas das roupas ou dos movimentos dos corpos, há a verdade que professa sua fé sobre o homem.
Esta fé, decididamente cristã e cristocêntrica, é, igualmente, profundamente antropológica, humana, é a chave fundamental para adentrar e mergulhar na riqueza e grandeza de El Greco, como na mais autêntica arte ocidental. As suas obras, como outras nascidas da fé cristã, são obras que não são desnudas – nem podem se desnudar – de sua aura, da aura da beleza. Ainda não se tornaram – nem queremos e não permitamos que se tornem – puros e simples objetos de prazer pelas suas qualidades estéticas formais, puros e simples objetos de erudição para os peritos, puros e simples objetos da curiosidade distraída dos visitantes nas mostras e museus. Lá onde se encontram o santo e o crente, a beleza é o fulgor da graça. Aqui, a beleza nos faz voltar em direção a um "outro", do qual não podemos dispor, e que, todavia, nos atrai, nos acalma e nos pacifica. Aqui, através da beleza, emana uma força que não esmaga nem submete, mas que sustenta. Aqui, se exala uma liberdade que do profundo emana incessantemente e que do centro do nosso ser nos faz livres: a liberdade jorra da verdade e da beleza. Aqui, sobretudo, nos é aberta a comunicação do dom divino e do seu amor que nele nos é comunicado; aqui se abre a esperança e aqui se pinta o futuro de uma humanidade nova e de uma humanidade com o futuro.
Concluindo, as minhas felicitações e o meu apreço a Rodolfo Papa, por esta obra que não só no introduz na identidade e na essência da arte e em particular da arte sacra, mas que constitui uma grande ajuda para que a inseparabilidade da Liturgia e beleza não seja distorcida de alguma forma, mas ao contrário, engrandecida, potencializada e reforçada. Não me resta outra coisa senão convidar a adentrar-se neste livro e enriquecer assim, o ânimo e o olhar com a sua leitura.
Antonio Cañizares Llovera
Cardeal Prefeito da Congregação para o Culto Divino
(Tradução: Ir Patricia Souza, pmmi)

quinta-feira, 22 de março de 2012

Reinauguração do Centro Cultural comemora os 25 anos da UFSJ com exposição "Vestes Sagradas"


Mostra vinda de São Paulo apresenta paralelos entre o vestuário sacro de São João del-Rei e do mundo.

 A partir das 20h do dia 29 de março (quinta-feira), o Centro Cultural da UFSJ abre a exposição Vestes Sagradas, como parte das comemorações dos 25 anos da universidade. A mostra itinerante, inaugurada no Museu de Arte Sacra de São Paulo em 2011, é uma coletânea de vestimentas religiosas através dos tempos em várias partes do mundo, e conta com a curadoria de Percival Tirapeli, professor titular em Artes Visuais da Unesp, em São Paulo. Durante o mês de abril, serão realizadas também três palestras com temáticas ligadas à arte sacra.  


Segundo Suely Franco, produtora cultural da UFSJ, a escolha desta exposição para abrir as comemorações dos 25 anos da universidade justifica-se pela importância da arte sacra e do destaque dos objetos litúrgicos e artísticos na história cultural da região. “Além disso, a exposição proporcionará uma atividade em perfeita consonância com a atmosfera religiosa vivida pela cidade neste período de Quaresma e Semana Santa, proporcionando um maior conhecimento do significado da inserção dos ornamentos artísticos nas vestes litúrgicas dos ofícios religiosos”, explica a produtora.

A exposição consiste em vestimentas que foram usadas nas celebrações litúrgicas da Igreja Católica desde os seus primórdios e que evoluíram de acordo com o aumento da riqueza e brilho conferido aos cultos. As peças têxteis apresentam-se contextualizadas e ambientadas, ao lado de importantes obras de arte como pinturas, esculturas e oratórios. A mostra inclui ainda uma linha do tempo, na qual se apresentam os mais importantes momentos da arte sacra em vestimentas e tecelagem e também o desenvolvimento do tecido utilizado nas peças que, com o tempo, se tornaram mais sofisticadas através do uso de sedas, brocados e veludos, enquanto na ornamentação passaram a ser utilizados bordados e aplicações em ouro e prata.

Trinidad Sanjose Mitjans, sócia-gerente da D&A - Decorações e Artesanato Litúrgico , de São Paulo( SP), empresa responsável pela exposição, explica que esta é uma evidência da interação entre arte, história, liturgia e teologia. “É uma exposição inédita por reunir culturas e influências, colônias que com sua arte e sua espiritualidade foram muito além do legado dos colonizadores. Esta história merece ser contada e admirada para fortalecer o pioneirismo e a criatividade do nosso povo”, ilustra Trinidad.

A  indumentária
Na exposição, encontram-se instrumentos de bordar e tecer, modelos diferenciados, casulas e capas pluviais, entre elas uma de um bispo peruano do século XVII. Tal peça, muito preciosa e bela, utiliza plaquetas de ouro - material abundante na região andina à época colonial. Destacam-se também roupas de João Paulo II, de Bento XVI, alfaias utilizadas pelo Papa na missa de Aparecida, um toalha de altar com renda dourada do séc. XVIII e um Compêndio da Sagrada Escritura (em latim), datado do ano de 1706. Quanto à importância da exposição para a cidade, Suely explica que, ao exibir esses trajes, o Centro Cultural da UFSJ apresenta a evolução de uma tradição universal, mas também de um patrimônio artístico e histórico local. “São João del-Rei é marcada por um contexto de forte religiosidade e agora terá a oportunidade de refletir sobre os sentidos da arte têxtil como patrimônio sacro. Será interessante notar a sintonia da exposição com o rico patrimônio de vestes sagradas da cidade, utilizadas nas cerimônias solenes das diversas festas religiosas que acontecem durante o ano”.
As palestras
Além da restauração total do prédio - que valoriza um importante patrimônio arquitetônico -, da instalação de um elevador, que atenderá à política de inclusão da UFSJ, e da exposição, a reinauguração do Centro Cultural contará também com três palestras a ser realizadas durante o mês de abril na Sala de Multimídia: no dia 12, 19h, acontecerá a palestra “O encantamento do belo em Aristóteles”, com Maria Cecília Migliaccio, pedagoga e mestre em Filosofia, pela Universidade de Brasília e pela Pontifícia Universidade de Santa Cruz, de Roma; no dia 19, 19h, é a vez de “A Casula como documento histórico”, com Fernanda Camargo Giannini, historiadora pela Universidade Federal de São Paulo e pesquisadora da exposição Vestes Sagradas; e, no dia 26, 19h, “Arqueologia e simbolismo cristãos”, com Mônica Perin Diez, formada pela Fundação Armando Alvares Penteado, mestre em antropologia pela Universidade Anhembi Morumbi e especialista em Ciências Humanísticas pela Pontifícia Universidade de Santa Cruz, de Roma, fecha o ciclo de palestras.
Vestes Sagradas continuará em exposição até o dia 1° de maio. Para quaisquer informações sobre a exposição, as palestras ou o Centro Cultural, o telefone (32) 3379-2500 se encontra disponível. 
Fonte: Universidade Federal de São João Del-Rei - UFSJ

A Idade Média e as Notas musicais

De Adriano Nascimento da Schola Cantorum Bento XVI – Jacareí – SP
            Desde muito tempo, as diferentes civilizações não só vivenciam a experiência musical como também elaboram métodos e teorias capazes de padronizar um modo de se compor e pensar o universo musical. Na Grécia Antiga, já observamos formas de registro e concepção das peças musicais através de sistemas que empregavam as letras do alfabeto grego. Ao longo do tempo, várias foram as tentativas de sistematização interessadas em formular um modo de se representar e divulgar suas peças musicais.
Com o Canto Gregoriano não foi diferente, no período Medieval a Musica Sacra ganhou um grande destaque e foi amplamente difundida por toda a Igreja. Esta divulgação foi graças ao trabalho incansável de muitos Monges, principalmente os Beneditinos, os mosteiros possuíam grandes bibliotecas com acervos bastante diversificados facilitando o estudo dos monges.
Apesar de toda a divulgação e todos os estudos formar um coro gregoriano não era tarefa fácil, pois não havia uma escala musical um método para facilitar o aprendizado e reduzir os erros de interpretação das peças. Mas como poderia ser criado esse método?
No ano de 1030, o Monge Francês Guido d’Arezzo, mestre de coro da Catedral de Arezzo, na Toscana (Itália), criou um sistema para facilitar o aprendizado e a memorização da música pelos alunos. Na época os meninos do coro cantavam um Hino á São João Batista pedindo a proteção para a garganta, observando as características deste Hino, o monge observou que cada verso iniciava um grau acima do anterior, formando uma “escadinha” ascendente de sons.
   Tomando por base a primeira estrofe do Hino, as primeiras sílabas da primeira palavra de cada verso deram nome as notas musicais.

UT queant laxis    (Para que teus servos)
REssonare Fibris ( Possam das entranhas)
MIra Gestorum     ( flautas ressoar)
FAmuli tuorum     (teus feitos admiráveis)
SOlve Polluti       (absolve o pecado)
LAbii reatum       (desses lábios impuros)
                                                             Sancte Ioanes     ( Ó São João)
Como podemos observar, o UT futuramente foi substituído pelo Dó, por ser mais eufônico e a nota Sí foi criada utilizando-se das iniciais de Sancte Ioanes. Este sistema foi adotado em todas as peças sacras e aos poucos as notas foram sendo arredondadas e mais uma linha foi acrescentada à pauta dando origem á notação moderna no Século XVII.


O Canto gregoriano predominou durante roda a Idade Média, neste período teve suas fases de criação, crescimento e declínio. O Renascimento trouxe outras novidades musicais e o canto Gregoriano desapareceu do cenário litúrgico público mas permaneceu latente nos manuscritos e em alguns poucos mosteiros que sobreviveram neste período. A grande força da Tradição Litúrgica as Igreja manteve vivo esse legado cultural e Espiritual, conta-se que, ao terminar seu trabalho, o Papa São Gregório Magno realizou uma cerimônia onde acorrentou os livros de canto ao Altar de São Pedro, para simbolizar a solidez e a unidade da Igreja proporcionada por esse gênero musical.

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