quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O presépio, convite ao otimismo

Cardeal Comastri abre a exposição dos 100 presépios em Roma

ROMA, (ZENIT.org) -

A tradicional exposição natalina dos "100 presépios", organizada todos os anos em Roma desde 1975, foi inaugurada nesta sexta-feira pelo cardeal Angelo Comastri, vigário geral do papa para a Cidade do Vaticano, na Sala Bramante, Piazza del Popolo.
Aberta à visitação até 8 de janeiro, a exposição reúne cerca de 180 presépios feitos com diferentes técnicas e estilos, em diversas formas e materiais, destinados a "reafirmar uma tradição tipicamente italiana" e "promover a paz e a fraternidade" neste momento especial do ano, enfatizam os organizadores.
Durante a cerimônia, as crianças de uma creche de Roma formaram um presépio vivo, com o tema “Itália unida”, em homenagem aos 150 anos da unificação do país.
“Numa sociedade caracterizada pelo consumismo, como é a nossa, este apelo à tradição, ao mistério de Belém, é de uma atualidade impressionante", disse o cardeal Comastri em entrevista à Rádio Vaticano.
"Não há dúvida de que valorizar as tradições para enfrentar os problemas atuais, parar para pensar sobre o que é importante de verdade, pode ser um bom ponto de partida. Se Deus está conosco, podemos ter esperança. Se Deus não estivesse conosco, deveríamos realmente nos desesperar".
"O Natal nos dá motivo para ser otimistas", disse o cardeal, “porque ele anuncia que Deus se fez homem, fez história, e, portanto, que uma nova humanidade é possível, que podem existir pessoas corajosas como Francisco de Assis, a Madre Teresa de Calcutá ou João Paulo II".

"A música é uma linguagem universal que nos eleva à Deus"

O comentário do Papa no final do concerto realizado no Vaticano pelo Principado das Astúrias

CIDADE DO VATICANO, (ZENIT.org)

No sábado à tarde, 26 de novembro, a jornada do Santo Padre foi animada por um concerto em sua honra, oferecido pelo Governo do Principado das Astúrias e realizado na Sala Paulo VI.
A Orquestra Sinfônica do Principado das Astúrias, dirigida pelo maestro Maximiano Valdés interpretou músicas de Manuel de Falla (1876-1946), Isaac Albeniz (1860-1909), Jesús Rueda (1961), Richard Strauss (1864-1949), Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908).
A organizadora do evento foi a Fundação Maria Cristina Masaveu Peterson, cujo presidente, Fernando Masaveu, dirigiu as palavras de abertura em homenagem à Bento XVI.
Após a execução, o Papa agradeceu aos organizadores e músicos pelo “maravilhoso concerto” e pela possibilidade que teve, por meio dele, de fazer uma "viagem interior" através do "folclore, dos sentimentos e do mesmo coração da Espanha".
O Santo Padre - que, como é conhecido, toca o piano e é um grande apaixonado pela música clássica - sublinhou a "característica de fundo" das razões ouvidas na noite passada: "a capacidade de comunicar musicalmente sentimentos, emoções, e mais, eu diria quase o tecido da vida cotidiana".
O concerto oferecido pelo Principado das Astúrias, fundindo elementos da música popular e da música clássica, transmitiu, em muitos dos seus passos, uma verdadeira "alegria de viver, de clima de festa", disse o Papa.
Das composições ouvidas ontem, no entanto, de acordo com o Papa, emerge também um elemento "mais hispânico" que é "aquele religioso que está profundamente impregnado no povo Espanhol”.
Na passagem de Rimsky-Korstakov, por exemplo, aparecem "uma antiga invocação das Astúrias com a qual pede a proteção da Virgem Maria e de São Pedro" e "um hino cigano à Nossa Senhora ", disse Bento XVI.
"São as maravilhas que obram a música, esta linguagem universal que nos permite superar qualquer barreira e entrar no mundo do outro, de uma Nação, de uma cultura, e nos permite também dirigir a mente e o coração para o Outro com “O” maiúsculo,  de elevar-nos ao mundo de Deus", continuou o Santo Padre, antes dos agradecimentos e da bênção final.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Em Minas, obras de Aleijadinho ganham réplicas

Por PAULO PEIXOTO

Feitas para facilitar trabalhos de restauração e preservação, começam a sair da fôrma as réplicas dos Doze Profetas, conjunto de esculturas de Aleijadinho na cidade mineira de Congonhas (a 90 km de Belo Horizonte).

Confeccionados em silicone, os moldes serão utilizados para desvendar formas, técnicas e materiais empregados por Antônio Francisco Lisboa (1730-1814).
Patrimônio da humanidade, as esculturas de pedra-sabão estão expostas ao ar livre no santuário de Bom Jesus de Matosinhos desde 1800, quando começaram os trabalhos que terminariam cinco anos mais tarde.

No local, as peças estão sujeitas à ação de fungos e bactérias, além do vandalismo. Por essa razão, de tempos em tempos surgem propostas para substituir as obras originais por réplicas.
Por ora, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) afasta essa possibilidade. No entanto, o debate deve continuar.

O Iphan e a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) estão construindo nas proximidades do santuário o Memorial Congonhas, que abrigará o Centro de Estudos da Pedra. A um custo total de R$ 15 milhões, o projeto deve ser concluído em junho de 2012.

Segundo o instituto, se a remoção das esculturas for recomendada pelos órgãos responsáveis, o memorial será "a melhor alternativa" para expor as peças originais.
VEJA MODELO DOS PROFETAS JOEL E HABACUC, FEITOS PELO IMAGO (UFPR):

CÓPIAS FIÉIS
A criação das réplicas é essencial, de acordo com o Iphan, para a restauração das esculturas que forem eventualmente danificadas. Duas delas já foram moldadas.
As cópias físicas terão todos os detalhes das peças originais, até mesmo as inscrições feitas por vândalos.

A partir do molde, são feitas uma cópia de segurança em gesso e outra em resina e pó de pedra, que poderá integrar exposições itinerantes.
Também está em curso a digitalização em 3D das esculturas. Isso possibilitará aos pesquisadores se aprofundar em detalhes que o olho humano não é capaz de perceber ou a própria disposição dos profetas no pátio da igreja dificulta que sejam vistos.

Fonte: Folha.com

O Santo Advento

O Advento abre o novo ano litúrgico da Igreja e nos prepara para o Natal.
Este tempo é composto por quatro semanas. Neste período, a Igreja pode muito bem exprimir seus sentimentos com as palavras da esposa do Cântico dos Cânticos: «Eis a voz do meu Amado! Ele vem correndo pelos montes... Meu Amado é meu e eu sou dele!» (2,8s.16). Ele vem vindo, o Amado, «porque Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único» (Jo 3,16) para ser o Esposo da humanidade, o Salvador do mundo. O Autor da Epístola aos Hebreus exprimiu isso de modo muito profundo: «Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do seu Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e pelo qual fez os séculos» (1,1-2). Efetivamente, Deus já não nos manda um mensageiro, um intermediário, um presente... Ele vem pessoalmente no seu Filho, vem ele mesmo ser o Emanuel, o Deus-conosco! Por isso o homem pode ter a certeza que não mais está só, que não mais pode se sentir desamparado, esquecido, perdido... Apesar de tanta dor e sofrimento ainda existentes no nosso mundo!
Mas, aprofundemos um pouco mais. O Advento insiste e celebra e espera do Salvador. Sim, porque ele foi esperado. E esperado ansiosamente, de modo que não é somente o Enviado do Pai, mas também o Esperado por nós! Mais que o vigia pela aurora, mais que a terra pelo sol nascente, mais que a flor pelo orvalho, nós o esperamos.
Primeiramente, esperado por Israel, o Povo eleito. Esperado porque Deus o prometera a Abraão, aos Patriarcas, a Moisés, a Davi, aos Profetas. Deus prometera... e quando Deus promete, não falha jamais! Quantas e quantas páginas das Escrituras de Israel falam deste Esperado! Como esquecer as palavras do velho Jacó, no leito de morte, já cego? “Judá, teus irmãos te louvarão, tua mão está sobre a cerviz de teus inimigos e os filhos de teu pai se inclinarão diante de ti. O cetro não se afastará de Judá nem o bastão de chefe de entre seus pés até que venha aquele a quem pertencem e a quem obedecerão os povos” (Gn 49,8-10). E as palavras de Deus a Davi? “O Senhor te diz que ele te fará uma casa. E quando os teus dias estiverem completos, farei permanecer a tua linhagem após ti, gerada das tuas entranhas e estabelecerei para sempre o seu trono. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho” (2Sm 7,11ss). Sim, Deus prometeu, Deus jurou a Israel pela sua fidelidade: “A virgem vai conceber e dará à luz um filho e seu nome será Deus-conosco!” (Is 7,14). Promessa insistente, a de Deus! Até pela boca de um feiticeiro pagão, um tal de Balaão, Deus prometeu: “Eu vejo, mas não para já, eu contemplo, mas não para perto: uma Estrela sai de Jacó e um cetro se levanta de Israel” (Nm 24,17). Por isso mesmo, Israel esperou, acreditou, implorou: “Céus, deixai cair o orvalho das alturas, e que as nuvens façam chover a justiça; abra-se a terra e germine a salvação!” (Is 45,8); “Senhor, tu és o nosso redentor; Eterno é o teu nome! Ah! se rasgasses os céus e descesses! As montanhas se desmanchariam diante de ti!” (Is 63,19). Nos momentos de alegria, Israel esperou; e esperou também nos momentos de trevas e de dor! É esta espera comovente, insistente, teimosa, que a Igreja celebra e revive no Advento!
Mas o Salvador que Deus nos enviou foi também esperado pelos pagãos, por todos os povos! É uma idéia que nem sempre recordamos e, no entanto, é um aspecto importante do Advento: os pagãos desejaram o Salvador! Como pode ser isso? É verdade: eles não conheciam as promessas de Deus; eles não conheciam o Deus verdadeiro; eles não sabiam nada a respeito do Messias... Mas eles tinham e têm ainda no coração um desejo louco de paz, uma sede insaciável de verdade, devida, de amor... Sede que Deus mesmo colocou nos seus corações para que sem saberem, às apalpadelas, buscassem Aquele único que pode dar repouso ao coração humano. É isso que Mateus quer dizer quando nos conta a visita dos magos: eles vêm de longe, seguindo a estrela do Menino, eles esperavam e agora o procuram: “Vimos a sua estrela e viemos adorá-lo!” (Mt 2,2)! Esses Magos representam os pagãos todos, todos os povos, todos os homens e mulheres de boa vontade que, seguindo sua consciência, sem saber, procuravam o Salvador. Pensemos em tantos santos pagãos do Antigo Testamento: Noé, Melquisedec, Jó e tantos outros. Pensemos em tantos sábios das várias culturas: Buda, Confúcio, Maomé, Sócrates e tantos, tantos outros, tão numerosos que somente Deus pode contá-los... Todos esperam Aquele que é a verdade, a luz que ilumina todo homem que vem a este mundo! Também estes a Igreja recorda neste tempo do Advento.
Esperado por Israel, esperado pelas nações, o Salvador também foi esperado pela criação toda! É admirável e sublime! Se tudo foi criado através dele e para ele (cf. Cl 1,15), tudo traz em si sua marca, a saudade do encontro com ele! A Mãe católica, num êxtase emocionado, canta assim, nas vésperas do Natal: “Saúdam vossa vinda /o céu, a terra, o mar /e todo ser que vive /entoa o seu cantar!” É toda a criação que o espera! Tudo, desde o início, caminha para ele! Desde quando explodiu o universo, iniciando a festa, o baile da existência; desde quando as galáxias se formaram; desde quando nosso sistema solar, nosso planeta foram delineados... Tudo caminha para ele... Passo a passo, lentamente, aos olhos da eternidade de Deus: e a vida surgiu na terra, tímida, pequena, frágil... Depois, a vida animal; depois o homem... Tudo caminhando para ele, para noite de Belém e, um dia, que será o Dia, caminhando para o Cristo Ressuscitado, que virá em glória! É porque tudo caminha para ele que o botão se abre em flor, que a vida teima em brotar, que o universo se expande! Também esta espera cósmica é celebrada pela Igreja nestes dias de Advento! Que também nós entremos na festa, na espera, na esperança... E abramos o coração para Aquele que vem – o Enviado, o Esperado, o Rei que vai chegar!

Para celebrar um acontecimento tão maravilhoso e estupendo a Igreja quer preparar-se bem... Daí o tempo sagrado de Advento. Nós, como Igreja, não podemos deixar passar esse tempo favorável, não podemos receber em vão a graça de Deus que vem a nós em Jesus (cf. 2Cor 6,1-2). Os sentimentos que nos devem orientar nas quatro semanas do Advento são: (1) a vigilância na fé, na oração, na busca de reconhecer o Cristo que vem nos acontecimentos e nos irmãos; (2) a conversão, procurando consertar nossos caminhos e andar nos caminhos do Senhor, para seguir a Jesus para o Reino do Pai; (3) o testemunho da alegria que Jesus nos traz, através de uma caridade paciente e carinhosa para com os outros; (4) a pobreza interior, de um coração disponível para Deus, como Maria, José, João Batista, Zacarias, Isabel; (5) a alegria, na feliz expectativa do Cristo que vem e na invencível certeza de que ele não falhará.
Neste tempo de Advento a Igreja recomenda muito a leitura e meditação do Livro do Profeta Isaías.
Na celebração da Eucaristia têm-se os seguintes sinais: (1) a cor roxa, recordando a sobriedade de quem vigia e espera ansioso; (2) as flores na Igreja são usadas com moderação, também como sinal de expectativa; (3) não se canta o «Glória» na Missa, na expectativa feliz de cantá-lo na Noite Santa do Natal do Senhor; (4) na igreja, se pode colocar a Coroa do Advento, com quatro velas, significando a luz de Cristo, que vai se tornando mais intensa a cada um dos quatro domingos do Advento.

Católicos fazem vigília de oração para protestar contra teatro blasfemo

Da ACI Digital
O Arcebispo de Paris, Cardeal André Vingt-Trois, convocou uma vigília de oração em reparação pela estréia da peça de teatro blasfema “Gólgota Picnic” que faz um grotesco escárnio da crucificação com cenas sexuais explícitas e insultos diretos a Cristo.
A obra blasfema, escrita pelo argentino-espanhol Rodrigo García, causou polêmica durante sua estréia em Madrid (Espanha) onde foi financiada com recursos públicos do Centro Dramático Nacional da Espanha. Em Paris sua estréia está prevista para o dia 8 de dezembro,Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, uma das festas mais importantes da Igreja Católica.
Durante sua estréia em Madrid muitos dos espectadores da estréia abandonaram o teatro em plena encenação devido à exibição de nudez total, a crucificação de uma mulher “estigmatizada” e a masturbação de uma atriz.
Perante o anúncio da estréia da obra no Teatro Rond Point de Paris, o Cardeal Vingt-Trois, que é também Presidente da Conferência Episcopal Francesa, convocou para o dia 8 de dezembro a partir de 8:00 p.m. (hora local) “uma vigília de oração em Nossa Senhora de Paris (Notre Dame), no curso da qual serão propostas uma meditação da Paixão de Cristo e a veneração da Santa coroa de espinhos”.
Além disso, os bispos franceses, através de um comunicado assinado por seu porta-voz Dom Bernard Podvin, assinalaram que embora a liberdade de expressão deva ser respeitada como “algo sagrado” então “também deve-se respeitar o que é sagrado!”
O texto assinala que nenhuma instituição européia deveria financiar “uma produção que denigra uma religião” e acrescenta que “muitos cidadãos não-cristãos compartilham nossa cólera. Se você for dessa opinião, não devemos ficar impassíveis. Liguem para os funcionários eleitos”.
“Digam-lhes que isto é inaceitável e indigno de uma democracia. Em novembro de 2009, a União Européia reiterou seu firme compromisso para com a promoção e a proteção da liberdade religiosa. Os cristãos estão ativos na cidade e solidários com muitas causas. Que eles sejam respeitados também!”, conclui o texto
Um grupo de católicos através de blogs franceses animaram os fiéis em Paris a deixar durante todo o 8 de dezembro uma rosa branca diante do Teatro Rond Point até uma hora antes da estréia para que os encarregados da obra compreendam “a dor dos cristãos e façam um chamado ao respeito mútuo”.

domingo, 27 de novembro de 2011

Recital de Órgão de Tubos

Mosteiro de São Bento de São Paulo

 Recital de Órgão de Tubos


Lee Ward

[Londres]

30 de Novembro de 2011 (Quarta-Feira) 20h
Um programa de música popular de
J.S. Bach, A. Vivaldi, M. Duruflé, C. Saint Saens e C.M. Widor
Lee Ward recebeu o cargo de Organista Assistente da Catedral de Chester quando tinha apenas dezoito anos. Logo em seguida ganhou a Bolsa de estudos da Fundação e também a Bolsa de Estudos R J Pitcher da Escola de Organistas  para o Royal College of Music. Durante seus estudos no Royal College of Music, Lee Ward recebeu todos os prêmios como organista e tambem ganhou outras bolsas para estudar orgão em Temple Church, St Paul’s Cathedral a St Alban’s Abbey. Lee deu recitais  de órgão em várias  catedrais e salas de concerto e teatros na Inglaterra. Também participou de transmissões radiofônicas  e gravou discos como acompanhante. Recentemente, foi o organista para a cerimônia de Beatificação do Cardeal Newman pelo Papa em Birmingham, quando tocou para uma audiência de milhares de pessoas.Atualmente encontra-se em São Paulo para uma temporada de estudos, dividindo seu tempo entre atividades na St. Paul’s British School e o Mosteiro de São Bento.

Entrada Franca

 Fonte: http://culturageralsaibamais.wordpress.com/2011/11/27/organista-britanico-lee-ward-fara-recital-de-orgao-no-mosteiro/

O PRESÉPIO HOJE

 

São Francisco e a história de uma tradição natalina
Por Antonio Gaspari
ROMA, (ZENIT.org)

 Entrevista com Pe. Pietro Messa, diretor da Escola Superior de Estudos Medievais e Franciscanos da Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma.

Qual a relação entre São Francisco e o presépio?
Em 1223, exatamente no dia 29 de novembro, o Papa Honório III com a Bula Solet annuere aprovou definitivamente  a Regra dos Frades Menores. Nas semanas seguintes Francisco de Assis dirigiu-se para o eremitério de Greccio, onde expressou seu desejo de celebrar o Natal naquele lugar.
Para uma pessoa do local ele disse que queria ver com os "olhos do corpo" como o menino Jesus, na sua escolha de humilhação, foi deitado numa manjedoura. Portanto, determinou que fossem levados para um lugar estabelecido um burro e um boi – que de acordo com a tradição dos Evangelhos apócrifos estavam junto do Menino - e sobre um altar portátil colocado na manjedoura foi celebrada a Eucaristia. Para Francisco, como os apóstolos viram com os olhos corporais a humanidade de Jesus e acreditaram com os olhos do espírito na sua divindade, assim a cada dia quando vemos o pão e o vinho consagrados sobre o altar, acreditamos na presenção do Senhor no meio de nós.
Na véspera de Natal em Greccio não haviam nem estátuas e nem pinturas, mas apenas uma celebração Eucaristica numa manjedoura, entre o boi e o jumento. Só mais tarde é que este evento inspirou a representação do Natal através de imagens, ou seja, por meio do presépio, no sentido moderno.

Por que fez isso?
Francisco era um homem muito concreto e para ele era muito importante a encarnação, ou seja, o fato de que o Senhor fosse tangível por meio de sinais e de gestos, antes de mais nada, pelos sacramentos. A celebração de Greccio se coloca justamente neste contexto.

Como você explica a popularidade e a disseminação dos presépios?
Francisco morreu em 1226 e em 1228 foi canonizado pelo Papa Gregório IX; desde aquele momento a sua história foi contada, evidenciando a novidade e, graças também à obra dos Frades Menores, a devoção à São Francisco de Assis se espalhou sempre mais em um modo capilar. Como conseqüência também o acontecimento de Greccio foi conhecido por muitas pessoas que desejavam retratá-lo e replicá-lo, passando a apresentar e promover o presépio. Desta forma se tornou patrimônio da cultura e da fé popular.

Qual é o significado e por que a Igreja convida os fiéis a representar, construir, ter presépios em casa e em lugares públicos? A Igreja sempre deu importância aos sinais, especialmente litúrgico sacramentais, tendo sempre o cuidado de que não terminassem numa espécie de superstição. Alguns gestos foram encorajados porque eram considerados adequados para a propagação do Evangelho e entre esses está justamente o presépio que sua simplicidade dirige toda a atenção à Jesus.

Qual é a relação entre o presépio e a arte? Por que tantos artistas o têm pintado, esculpido, narrado, ....?Devido à sua plasticidade o presépio presta-se às representações na qual o particular pode se tornar o sinal da realidade quotidiana da vida. E justo esses detalhes da vida humana - os vestidos dos pastores, as ovelhas pastando, o menino preso à saia da mãe, etc - foram representados também como indícios ulteriores do realismo cristão que emana da Encarnação.

O que você acha da devoção popular pelo presépio ainda muito difundida entre o povo? Deve ser estimulada ou limitada?
Como São Francisco cada homem e mulher precisa de sinais; alguns já são incompreensíveis enquanto que outros pela sua simplicidade e imediatismo têm ainda uma eficácia. Entre estes podemos colocar o presépio e, portanto seja sempre bem vinda a sua propagação.
Tendo em conta este debate, sexta-feira, 18 novembro, foi realizada uma reunião na Pontifícia Universidade Antonianum (Hall Jacopone da Todi), com Fortunato lozzelli e Alessandra Bartolomei Romagnoli justamente sobre os lugares de Francisco de Assis na região do Lácio, com particular atenção para o santuário franciscano de Greccio.

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